sexta-feira, 8 de junho de 2012

Vietnamita eternizada em foto homenageia seus salvadores

Agencias

Uma fotografia arrepiante e mundialmente famosa ajudou a simbolizar os horrores da Guerra do Vietnã e, no fim das contas, a acabar com o conflito. Além de ter salvo a vida de Kim Phuc, vietnamita que tinha apenas 9 anos quando, em 8 de junho de 1972, um avião do exército sul-vietnamita bombardeou o pequeno povoado de Trang Bang, próximo de Ho Chi Minh (então Saigon), em um ataque coordenado com o comando americano que controlava a estrada entre Camboja e Vietnã. Para celebrar o 40º aniversário da icônica imagem, nesta sexta-feira, Kim Phuc homenageou com um jantar em Toronto, no Canadá, todas pessoas que a salvaram, incluindo o fotógrafo da Associated Press Nick Ut, assim como outros jornalistas, médicos e enfermeiros que cuidaram de seus ferimentos.

Depois de tirar a foto, Ut, também vietnamita e com 21 anos na época, levou Kim a um pequeno hospital, onde lhe disseram que mais nada mais poderia ser feito. Ele mostrou sua credencial americana de jornalista e implorou para que os médicos não esquecessem da menina.

"Chorei quando vi ela correndo. Fui ajudá-la porque sua pele estava se desprendendo do braço e das costas. Não queria que ela morresse. Deixei a câmara e comecei jogar água nela. Depois, a coloquei no meu carro e fomos para o hospital, mas sabia que ela poderia morrer a qualquer momento", disse Ut, que teve o irmão mais velho morto no delta do rio Mekong. "Se eu não ajudasse, se algo acontecesse e ela morresse, acho que me mataria".

Ao voltar ao escritório em Saigon, o fotógrafo contou o que tinha acontecido. A foto, que a princípio havia sido vetada pela política da agência contra a nudez, acabou sendo publicada. Alguns dias depois, outro jornalista encontrou a menina. Christopher Wain, correspondente de uma emissora britânica independente, deu a Kim água e lutou para que ela fosse transferida a uma unidade médica operada por americanos. Era a única instalação em Saigon equipada para atender suas lesões.

"Acordei e estava no hospital com muita dor e com enfermeiras ao meu redor. Não tinha ideia de onde estava e do que tinha acontecido. Todos os dias, as enfermeiras retiravam a pele morta. Eu apenas chorava e, quando não suportava mais de dor, desmaiava", lembra Kim.

Um terço do corpo da menina teve queimaduras de terceiro grau, mas seu rosto ficou intacto. Depois de muitos enxertos de pele e cirurgias, ela teve alta, 13 meses depois do bombardeio. Soube que a foto de Ut havia ganhado o prêmio Pulitzer, mas ainda não tinha ideia do alcance da imagem pelo mundo. "A foto foi um presente poderoso e acho que o mundo é melhor graças à ela. A imagem fez com que o povo adquirisse mais consciência do que é uma guerra", diz Kim.

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