segunda-feira, 27 de maio de 2013

Estados Unidos: O perigo mora ao lado

Helena Celestino
O Globo

Na noite de 19 de março, o diretor do sistema penitenciário do Colorado, Tom Clements, foi assassinado ao abrir a porta de casa. A caçada policial para prender o assassino terminou alguns dias depois, quando um homem de 28 anos também foi morto: ele fazia parte de um grupo de supremacistas de extrema-direita, uma gangue a qual se ligou nos oito anos passados na prisão. Clements foi só mais uma vítima da cada vez mais ativa e violenta extrema-direita. Políticos — americanos e britânicos — focam na ameaça de extremistas estrangeiros e dedicam pouca atenção à violência doméstica na Europa e nos Estados Unidos. Mas ela está crescendo.

Flores e atos violentos marcaram o day after do brutal assassinato de um jovem militar em Londres, no meio da tarde ensolarada de quarta-feira. Mascarados, militantes da extrema-direita apedrejaram mesquitas, destruíram carros estacionados por perto, atacaram muçulmanos nas ruas, defenderam a forca para os assassinos. Na televisão, políticos britânicos exageravam os perigos do que rotularam de incidente terrorista, em cenas de histeria em massa.

Dá mesmo para chamar de terroristas dois malucos que destroçam um pobre soldado e depois pedem às pessoas em volta que os fotografem na cena da barbárie? Tudo é possível, mas parece pouco provável os dois terem ligações com grupos do tipo al-Qaeda. Não por acaso, o serviço secreto considerou-os figuras periféricas nos movimentos liderados por clérigos com discursos radicais. Ou, na nova narrativa dos órgãos de segurança, são lobos solitários, usando armas pouco sofisticadas, com retórica de solidariedade aos irmãos muçulmanos, perpetrando ataques aleatórios, com táticas aprendidas pela internet.

O perigo mora ao lado. As motivações desses dois britânicos — um deles nascido na Nigéria — não parecem muito diferentes dos outros dois malucos de origem chechena que atacaram maratonistas em Boston. Rejeição social reforça o mal-estar existencial destes outsiders e os empurra para uma radicalização misturada ao desejo de vingança, um caldo de cultura que fermenta extremismos com ou sem ideologia. São terroristas ou malucos parecidos com aqueles que invadem escolas ou cinemas e saem atirando? Para chefes de Estado com problemas de liderança e/ou popularidade é mais proveitoso invocar ameaças ã segurança nacional.

Esta foi a escolha do primeiro-ministro David Cameron. Ele viveu uma semana miserável, com uma rebelião de deputados do Partido Conservador contra a sua posição em cima do muro em relação ao plebiscito para decidir pela saída ou não do Reino Unido da União Europeia. O problema foi agravado pela rejeição de 40% da sua base parlamentar à lei do casamento gay, proposta saída diretamente de Downing Street. O atentado foi a oportunidade para Cameron mostrar-se de novo no comando da nação, botando o país em estado de alerta e iniciando uma discussão sobre medidas mais rigorosas para proteger o Reino Unido. “Temos de esperar a tormenta passar”, disse um senhor muçulmano que acompanhou sexta-feira o filho à escola para protegê-lo de possíveis ataques de radicais.

Do outro lado do Atlântico, o presidente Barack Obama também recorreu à guerra ao terror para tentar escapar da maldição do segundo mandato. Sob acusação de pressionar repórteres investigativos, de usar o aparato do Estado contra adversários políticos e de esquecer as promessas de campanha, Obama usou o maior dos seus talentos para reconquistar o país. Com a mesma oratória que inflamou militantes no já distante ano de 2008, trouxe de volta à cena o presidente idealista: decretou o fim da guerra ao terror e renovou seu compromisso de fechar Guantánamo. Reconheceu os dilemas morais dos ataques americanos com drones em países estrangeiros, mas avisou que não poderia abrir mão do direito de matar terroristas com potencial de ameaçar os Estados Unidos.

Até prova em contrário, o presidente troca seis por meia dúzia. Desde que assumiu não mandou mais suspeitos de terrorismo para Guantánamo, mas passou a eliminá-los em ataques com drones. Os aviões assassinos mataram 1.600 paquistaneses, o dobro dos prisioneiros que George W. Bush trancou em Guantánamo.

Enquanto isso, em território americano, foi a extrema-direita, e não jihadistas inspirados por bin Laden, a maior ameaça à segurança dos americanos. Entre 2008 e 2012, 52 extremistas americanos foram presos e processados por assassinatos e planejamento de ações violentas por razões políticas. Neste mesmo período, apenas seis militantes inspirados por al-Qaeda e assemelhados foram acusados de planejar atos terroristas. “Militares retornados do Afeganistão e Iraque engrossam esses grupos de extremistas domésticos”", alertou recentemente o departamento de Segurança Interna. Nem sempre a ameaça vem do outro lado do mundo e fala inglês com sotaque.

domingo, 26 de maio de 2013

Siria: nada que Occidente gane

Immanuel Wallerstein
La Jornada

Nada ilustra más las limitaciones del poder occidental que la controversia interna que sus élites sostienen en público acerca de lo que deberían hacer los estados europeos occidentales y Estados Unidos en particular respecto de la guerra civil en Siria. Llamaré a estas dos posiciones la de los intervencionistas y la de los prudentes. Cada una acusa a la otra, y con alguna vehemencia, de urgir a que se instauren políticas que tendrían como resultado terribles consecuencias negativas para el poderío geopolítico de Estados Unidos y de los europeos occidentales. La cuestión es que ambas tienen la razón. Cualquier cosa que hagan Estados Unidos y los estados europeos occidentales tendrá, de hecho, terribles consecuencias negativas para ellos. Ésta es una perfecta situación en la que pierden de cualquier modo las fuerzas dominantes en el mundo.

Examinemos los argumentos proferidos por cada grupo. La revista Time de hecho pidió a dos figuras importantes –Zbigniew Brzezinski y John McCain– que expresaran sus argumentos opuestos en dos artículos de opinión aparecidos en el número del 9 de mayo. El título de texto de Brzezinski fue: Siria: la intervención sólo empeorará la situación. El título del texto de McCain era: Siria: la intervención es en aras de nuestros intereses.

Brzezinski argumenta de este modo: El conflicto sirio es una guerra sectaria en una región volátil y una intervención estadunidense lo único que logrará es aumentar el potencial de éste para expandirse y directamente amenazar los intereses estadunidenses. Entonces, qué. “La única solución es buscar el respaldo de China y Rusia para unas elecciones impulsadas por Naciones Unidas en las que, con buena suerte, Assad pueda ser ‘persuadido’ de no participar”.

Tal argumento no convence a McCain en lo absoluto. Al contrario, él dice: Todas las terribles consecuencias que quienes están contra la intervención predijeron que pasarían si interveníamos ocurrieron porque no lo hicimos. Entonces, qué. Para Estados Unidos, nuestros intereses son nuestros valores y nuestros valores son nuestros intereses.

Otra figura importante del establishment que llamó a la prudencia fue Fareed Zakaria en su artículo de opinión en el Washington Post, también el 9 de mayo. Como sabemos, el presidente Obama habló de una línea roja relativa al uso de armas químicas, que si se cruzaba requeriría la intervención activa de Estados Unidos. Ha habido gran debate acerca de si se han usado o no armas químicas, y si se utilizaron quiénes fueron los que las emplearon. Obama ha tomado la postura de que la historia no es todavía clara y fue atacado por McCain y otros de minar la credibilidad estadunidense.

Zakaria no compra el argumento. Dice que los comentarios de Obama pueden haber sido demasiado sueltos, pero uno no corrige un lenguaje descuidado mediante acciones militares descuidadas. Él también llama a un acuerdo político entre los partidos. Por otro lado, la salida de Assad (al que él le dice la primera fase) será seguida de una segunda fase que “podría ser aún más sangrienta –con Estados Unidos enmedio”. Entonces, qué. La intervención militar no terminará con la pesadilla humanitaria de Siria. Sólo alterará su composición.

Esto no es para nada plausible para los editorialistas de Le Monde. Consideran que la visita del secretario de Estado estadunidense John Kerry a Moscú es una traición. Le llaman la renuncia occidental a la demanda hecha en agosto pasado por Estados Unidos, Gran Bretaña, Francia y Alemania de que la renuncia de Assad debía ser el pre requisito para las discusiones políticas al interior de Siria.

De los poderes occidentales, ha sido Francia la que ha asumido la línea más intervencionista. Pero cuando el ministro de Exteriores de Francia, Laurent Fabius, concedió una entrevista a Le Monde el 9 de mayo, se le preguntó si Francia no estaba ahora asumiendo una postura de esperar a ver qué ocurre. Y se le sintió muy poco confortable en su respuesta, al apuntar el hecho de que Francia no resolvería la situación por sí sola. Cuando delineó cuatro orientaciones, la primera fue que había que continuar empujando en aras de una solución política, lo que apoyaba, en alguna medida, el viaje de Kerry a Moscú.

El primer ministro David Cameron, de Gran Bretaña, ha sido otro de los críticos que con voz más fuerte ha hablado de Assad. Pero es notablemente tímido acerca de cualquier compromiso militar. Él profirió la ahora famosa frase de que no propone que haya botas británicas que pisen el suelo en Siria. Parece ser que ningún gobierno occidental está listo a que haya botas que pisen ese suelo. Aun McCain no promueve esto. Simplemente dice que no será necesario, porque Estados Unidos puede lograr sus objetivos mediante una combinación de una zona sin vuelos, el uso de aviones no tripulados (conocidos como drones) y con asistencia militar a los rebeldes. Sin embargo, los militares estadunidenses han dicho en repetidas ocasiones que una zona sin vuelos es en sí una operación bastante importante, una que a final de cuentas podría necesitar que haya botas que pisen el suelo.

Mientras, el gobierno de Assad y las fuerzas rebeldes han reaccionado fríamente, si no es que con hostilidad, ante las propuestas de que haya pláticas bajo el auspicio conjunto de Estados Unidos y Rusia. Para empeorar la situación, desde el punto de vista Occidente-EU, el líder del grupo rebelde que ellos favorecen, Moaz al Khatib, de la Coalición Nacional para las Fuerzas de la Oposición y la Revolución Siria (Cnfors), renunció frustrado por los propios rebeldes y los gobiernos occidentales.

Parece que una de las consecuencias es que algunos de los rebeldes afiliados antes con el ejército del Cnfors se pasaron al grupo de Al Qaeda, Jabhat al Nusra. Este grupo es la némesis de los gobiernos occidentales y es etiquetado oficialmente por ellos como grupo terrorista. Este hecho refuerza, por supuesto, al bando de los prudentes.

Así que todos en Siria van cada quien por su lado, fulminándose unos a otros y a las potencias occidentales por no respaldarlos. Estados Unidos (y Europa occidental) no tienen buenas opciones, y sus élites por tanto continuarán gritándose unas a otras, sugiriendo políticas que de hecho serán ineficaces.

La guerra civil continúa. El saldo de muertes dentro de Siria es muy grande y lo será aún más. Los refugiados están inundando los países vecinos, en especial Jordania. La guerra ya se esparce y podría salirse de control totalmente. No es del todo imposible que los intervencionistas prevalezcan y que todo Medio Oriente se encuentre en una gigante incontrolable guerra sin fin.

La frase clave es fuera de control. Lo que Estados Unidos y Europa occidental quieren es controlar la situación. No serán capaces de hacerlo. Y es por eso que hay los gritos de los intervencionistas y los pies pesantes de los prudentes. Es una situación en la que ambos lados de Occidente pierden mientras que al mismo tiempo tampoco es una situación en la que gane algo la gente de Medio Oriente.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

La literatura del "precariado"

Enric Llopis
Socialismo y Democracia

La postmodernidad literaria incurre muchas veces en la subjetividad narcisista. Los libros se convierten a menudo en pretexto para que el autor vierta caprichosamente sus “neuras”, sensaciones episódicas y opiniones efímeras. Como un tertuliano. O narre historias intrascendentes, puede que leyendas de personajes históricos, sin ningún anclaje en la realidad social. A veces, todavía peor. Los “éxitos de ventas”, en la literatura y en el cine, se antojan una mezcolanza de tórridos amores, violencia, intriga mal llevada, países exóticos y personajes sin ninguna hondura psicológica. Eso sí, a ritmo trepidante, para no aburrir a la audiencia/lectores. Los contextos sociopolíticos y económicos, ni por asomo.

También desde la subjetividad, Javier López Menacho rompe con estas tendencias en su libro “Yo Precario” (Ed. Los libros del lince), que ha presentado esta semana en la librería Primado de Valencia. La obra de 170 páginas, con prólogo de Manuel Rivas, es la crónica de los precarizados empleos que encadena durante 3 meses en Barcelona un joven de 30 años (Mascota-promotor de chocolatinas; auditor de máquinas de tabaco; promoción de telefonía mediante el sorteo de una bicicleta; y animador de la selección española en un centro comercial durante la Eurocopa). A caballo entre el “nuevo periodismo”, la crónica y el ensayo, el libro recopila los textos que redactaba el autor (a modo de “diario”) cuando regresaba por las noches del trabajo a casa.

“Esporádicamente he trabajado, sí, pero a eso no se le puede llamar trabajo: son servicios que prestas para que te exploten y para que tengan trabajo de verdad otros, con el fin de que sus empresas funcionen y ellos puedan llegar a casa con el pan bajo el brazo. Ninguno de esos servicios me ha reportado dinero inmediato ni me ha servido para pagar el piso a fin de mes. Son pequeños fondos de inversión con los que ingresas tu paciencia y pierdes tu dignidad. A todos sus responsables les he tenido que enviar correos electrónicos para reclamar mi miserable sueldo”.

“Yo precario” no es un libro anecdótico, ni una narración de peripecias sin más, con las que puede o no identificarse el lector. Tampoco es una colección de aventuras en primera persona, ni el relato de los primeros empleos de alguien que –según marca el “modo americano de vida”- acabará por ascender en la pirámide social. No. El libro es más bien una crónica vital y cruda –pero con muchas gotas de humor- de los inframundos laborales en los que habita el “lumpen”. Es un ensayo autobiográfico sobre la precariedad. El relato de un personaje, Javier López Menacho, anclado en la realidad social de la actual crisis y de la globalización neoliberal, en la que el empleo se ha reducido a banal mercancía.

Sin la necesidad de hacer literatura crítica, ni menos aún militante, con las vivencias narradas en el libro puede identificarse la legión de precarios que opera como “ejército de reserva” en el estado español. Porque se trata de una biografía que, al compartirse, trasciende a su autor y el “yo” del título se convierte en personaje colectivo. Pero lo consigue, y ahí reside el mérito, a partir del relato en primera persona, la vivencia subjetiva y la emoción singular, a los que nunca renuncia. Una experiencia particular pero impregnada de barro social y colectivo. El que determina la brutal precariedad laboral. Y esto va más allá de pedantescas y panfletarias similitudes que pudieran buscarse con el “nuevo periodismo” de Truman Capote, las andanzas de Henry Miller en los “trópicos” o los pliegues existencialistas de las novelas de Juan José Millás.

“Tengo casi treinta años y siento que me han robado la esencia. Tiene que ver con el trabajo. En algún momento interioricé que sólo es hombre quien trabaja y puede hacerse cargo de sí mismo. Yo no tengo trabajo estable y ni siquiera he aprendido a cuidar de mí. Mi único activo es no poseer nada. No tengo hipoteca, no tengo familiares a mi cargo, no tengo coche, no tengo piso, no tengo trabajo”.

En el libro abundan las reflexiones de calado existencial, pero sin que el autor pierda el sentido de la ironía. Por ejemplo, trabajando como mascota en la promoción de chocolatinas, al acercarse unos “guiris” pensando que se les ofrece un producto gratuito: “Y así, los nos persiguen, todos los demás persiguen a los y nosotros perseguimos a todos los demás, y al final es una cadena que sólo persigue la misma cosa de siempre: el dinero”. Otras veces, el texto destila sinceridad y asume las contradicciones vitales, quién sabe si también el autoengaño: “Me dije que nunca más me iba a avergonzar, y que lo que estaba haciendo (mercadotecnia con chocolatinas) era motivo de orgullo. No sólo hago lo que considero necesario para subsistir, sino que de verdad le veo a mi trabajo muchos aspectos positivos. Estoy aprendiendo los límites del mercado laboral, la degradación de la dignidad humana alrededor de la idea de que para vivir hay que trabajar (…), aprendiendo mis propias limitaciones como persona”.

En otros pasajes el texto transmite sensibilidad y ternura (los encuentros con los niños); hay veces que también amistad y emociones compartidas. Cuando conoce a Luis, un compañero de trabajo adolescente, futbolista, y “con la voz rota de fumar que recuerda a Joaquín Sabina”. La relación con Luis, cuenta el autor, le hace rejuvenecer diez años. Lo contrario que le pasa con el coordinador de su último trabajo, de quien dice que es “tan serio que sólo provoca risa (…); es de esos a quienes un puesto de responsabilidad les convierte en seres altaneros e inaccesibles; es de esos para los que las personas no son personas sino vehículos de intereses, gente de la cual pueden sacar provecho (…). Es, en efecto, un auténtico gilipollas”. Tampoco oculta López Menacho la crítica política. Mientras trabaja como “animador” de la roja y tras toparse en la calle con un joven “indignado”, reflexiona: “siento que el fútbol ya no es ocio ni deporte ni una pasión inexplicable, sino una tapadera para que los Rajoy de este mundo tengan algo con lo que ocultar lo verdaderamente importante”.

En literatura importa el contenido y la forma. El escritor Alfons Cervera ha reivindicado en más de una conferencia el hecho de escribir bien como un acto revolucionario. Y ha recordado, de paso, que algunos de los escritores nacionales más afamados no saben escribir. Javier López Menacho arma, en su primer libro, una literatura fluida, ágil, vívida y con hallazgos expresivos. Domina la técnica narrativa y, sobre todo, exhibe las ganas y la frescura de los noveles. Le ayuda también que escribe desde la necesidad, como ha subrayado durante la presentación del libro: “empecé a escribir este diario como una especie de terapia para no volverme loco; al llegar a casa, o sacaba lo que llevaba dentro o estallaba”. Tampoco su obra es fruto del oportunismo: “No tenía contactos ni pensaba que me fueran a publicar el libro; es un trabajo honesto y creado al día, que no se hace por encargo sino por una necesidad personal; otra cosa es que, por el contexto que vivimos, sea mediáticamente muy potente”.

“Yo, precario”, además, rellena una ausencia. Los números del paro, la eventualidad en el trabajo y la exclusión se han convertido en gélida estadística en manos de economistas y tecnócratas. En el extremo contrario, reportajes a medio camino entre la sensiblería y el costumbrismo muestran las miserias del sistema, pero sin contextualizarlas y sin ánimo de denuncia. Más bien, neutralizan el potencial transformador que pudieran tener injusticias como la precariedad laboral. Por eso la crónica de Javier López Menacho acierta. Pues desnuda la subjetividad del que cuenta la historia “en caliente”, de quien la vive como afectado, y en un contexto descarnado al que nunca se le quita hierro. Pero afortunadamente hoy, con el libro terminado, la borrasca se ha alejado en parte. El autor ha encontrado ya la estabilidad laboral como redactor “freelance”, afirma. Toda la estabilidad laboral que se le pueda suponer a un “freelance”…

terça-feira, 21 de maio de 2013

Francois Hollande y el fracaso del socialismo francés

Rafael Luis Gumucio
Clarín

Hollande fue elegido candidato presidencial en unas primarias, que lograron movilizar a la militancia, muy pasiva y decepcionada ante la derrota de Sigolene Royale frente a Nicolas Zarkozy, ocurrida en la segunda vuelta de 2007. El Presidente Sarkozy, aliado estratégico de Ángela Merkel, quería poner fin a la V República, pretendiendo fundar la VI, con poderes presidenciales casi imperiales - una especie de Napoleón III, el Pequeño - logrando un amplio rechazo de gran parte de los ciudadanos franceses. Hollande es la otra cara de la medalla: un funcionario del Partido Socialista, carente de carisma, pero que prometía poner fin a la política de austeridad anunciando profundas reformas que permitieran el crecimiento de economía.

El triunfo de Hollande, con el 51% en la segunda vuelta, representó una esperanza para los países dependientes de la troika, en especial España e Italia. Durante el presente año, el “funcionario” Hollande ha demostrado ser una persona dubitativa, incapaz de tomar decisiones, inacción que ha conducido a Francia, la segunda potencia de Europa, a un recesión prolongada – actualmente, tiene un 2% de crecimiento negativo y un alto desempleo. La reciente aprobación del matrimonio igualitario, una medida progresista, no logra equilibrar a pérdida de prestigio del gobierno socialista que, en la actualidad llega a un 20% de aprobación.

En varios artículos anteriores, he sostenido -y reitero ahora- que la socialdemocracia y, más ampliamente, todos los partidos políticos surgidos de la segunda guerra mundial están sufriendo una crisis terminal: el fracaso de Hollande, sumado al del PSOE (España) y a los socialistas portugueses y, anteriormente, los griegos, confirman este aserto; la socialdemocracia puede ser eficaz y popular en la oposición, pero una vez estos partidos llegados al gobierno, son dominados por la troika y terminan decepcionando a sus militantes y electores. Sin ser adivino, algo similar podría pasar con Michelle Bachelet si llegara a triunfar.

El semipresidencialismo es el régimen de gobierno que ha tenido menos crisis en la historia, si exceptuamos la República de Weimar y la II República española. La definición de este régimen político es la de un gobierno dual – Presidente y Primer Ministro – con un correctivo presidencial (Nogueira), el problema reside en la característica de la personalidad del Presidente de la República; en el caso francés podemos visualizar dos formas de gobernar: la del Presidente, con una personalidad absorbente y conflictiva – el caso de Charles De Gaulle – y la del Presidente árbitro en los conflictos – caso ejemplar, la concepción de Alain Poher, antiguo MRP, antiguo partido predecesor de la Democracia Cristiana.

En el caso de De Gaulle, después del referéndum de 1962, que plantea la elección popular del Presidente de la República, el semipresidencialismo se convirtió en una verdadera dictadura presidencial, en que el Jefe de Estado contaba con el poder referendario, arma muy poderosa para someter a la Asamblea Nacional. De Gaulle nunca tuvo problema para hacer renunciar a Primeros ministros, sin mucho consideración por esta Institución, como el caso de Michel Debré.

Las cohabitaciones – la mayoría de la Asamblea Nacional logra exigir al Presidente de la República el nombramiento de un Primer ministro que cuente con la aprobación del legislativo, y es de signo contrario al del Presidente - llevan al semipresidencialismo a una especie de parlamentarismo. Tanto Francois Mitterrand como Jacques Chirac pudieron sortear exitosamente la convivencia.

La clave electoral del sistema político francés está en la segunda vuelta, que permite, en la primera vuelta, la presentación de todas las fuerzas políticas y, en la segunda, se escoge a las fuerzas mayoritarias. Este sistema permite la representación parlamentaria de cinco o seis Partidos, pero con el predominio de dos grandes fuerzas.

Tanto en Francia, como en España, con sistemas electorales distintos el bipartidismo demuestra un claro agotamiento, y la alternancia en el poder entre derechas e izquierdas tiene poco sentido hoy, pues practican las mismas políticas y todas ellas digitadas por la Troika, lo cual significa la muerte de la democracia parlamentaria y el triunfo de la bancaria.

domingo, 19 de maio de 2013

Zygmunt Bauman: "¿Qué futuro estamos construyendo?"

Carlos Fresneda
El Mundo

Todo se diluye a nuestro alrededor. Cualquiera diría que la “modernidad líquida” que vislumbró Zygmunt Bauman se ha convertido en un torrente que todo lo arrastra. No va quedando nada sólido a lo que agarrarse. Y lo que es peor: cualquiera diría que hemos pasado de la fase “ultralíquida” a la gaseosa. Todo se está haciendo cada vez más etéreo.

“Lo que ocurre es que no tenemos un destino claro hacia el que movernos“, certifica el sociólogo y pensador polaco, que sigue trotando infatigablemente por el mundo a sus 87 años. “Deberíamos tener un modelo de sociedad global, de economía global, de política global… En vez de eso, lo único que hacemos es reaccionar ante la última tormenta de los mercados, buscar soluciones a corto plazo, dar manotazos en la oscuridad”.

Acudimos al reclamo del maestro en su terruño adoptivo de Leeds, donde lleva media vida afincado y desde donde observa el mundo con sus ojillos ávidos, entregado al ritual diario de la escritura y del tabaco en pipa. Aspira Bauman el humo por la boquilla, y ya pueden fluir sus largos y ponderados pensamientos sobre la vida líquida.

“Cuando usé la metáfora de la “modernidad líquida”, me refería en concreto al período que arrancó hace algo más de tres décadas. Líquido significa, literalmente, “aquello que no puede mantener su forma”. Y en esa etapa seguimos: todas las instituciones de la etapa “sólida” anterior están haciendo aguas, de los Estados a las familias, pasando por los partidos políticos, las empresas, los puestos de trabajo que antes nos daban seguridad y que ahora no sabemos si durarán hasta mañana. Es cierto, hay una sensación de liquidez total. Pero esto no es nuevo, en todo caso se ha acelerado”.

Sostiene Bauman que el mundo sólido surgido de los rescoldos de la Segunda Guerra Mundial ya no es viable. Admite que a él nunca le gustó el término de “estado del bienestar”, que se ha acabado convirtiendo en un caballo de batalla ideológico.

“Yo siempre he preferido hablar del “estado social”. Se trataba de crear una especie de “seguro colectivo” a la población tras la devastación causada por la guerra, y en esto estaban de acuerdo la derecha y la izquierda. Lo que ocurre es que el “estado social” fue creado para un mundo sólido como el que teníamos y es muy difícil hacerlo viable en este mundo líquido, en el que cualquier institución que creemos tiene seguramente los días contados”.

La esperanza es inmortal, sostiene Bauman, que nos invita a defender la sanidad pública, la educación pública o las pensiones mientras podamos. Pero poco a poco habrá que hacerse a la idea de que el “estado social” se irá disolviendo y acabará dejando paso a otra cosa.

Un planeta social

“En este ‘espacio de los flujos’ del que habla Manuel Castells, tal vez tiene más sentido hablar de un “estado en red” o de “un planeta social”, con organizaciones no gubernamentales que cubran los huecos que va dejando el estado. Yo creo sobre todo en la posibilidad de crear una realidad distinta dentro de nuestro radio de alcance. De hecho, los grupos locales que están creando lazos globales como Slow Food, son para mí la mayor esperanza de cambio”.

Eso sí, el maestro quiere dejar claro que hay una diferencia entre “lo inevitable” en este mundo líquido y lo que está ocurriendo en la vieja Europa desde que arrancó la crisis: “La relación de dependencia mutua entre el Estado y los ciudadanos ha sido cancelada unilateralmente. A los ciudadanos no se les ha pedido su opinión, por eso ha habido manifestaciones en las calles. Se ha roto el pacto social, no es extraño que la gente mire cada vez con más recelo a los políticos”.

Una cosa es la dosis necesaria de austeridad tras “la orgía consumista” de las tres últimas décadas, y otra muy distinta es “la austeridad de doble rasero” que están imponiendo los Gobiernos en Europa. El autor de ‘Tiempos líquidos’ le ha dedicado al tema uno de sus últimos libros: ‘Daños colaterales: desigualdades sociales en la era global’.

“La austeridad que están haciendo lo Gobiernos puede resumirse así: pobreza para la mayoría y riqueza para unos pocos (los banqueros, los accionistas y los inversores). O lo que es lo mismo: austeridad para España, Grecia, Portugal e Italia, mientras Alemania hace y deshace a sus anchas. Como dice mi colega, el sociólogo alemán Ulrich Beck, Madame Merkiavelo (resultante de la fusión de Merkel y Maquiavelo) consulta todas las mañanas el oráculo de los mercados y luego decide”.

Al albur de los mercados

¿Qué hacemos pues con los políticos? “Ése es el gran problema. La falta de confianza en los políticos es un fenómeno a nivel mundial. Y la razón de fondo es que los políticos no tienen ningún poder, el estado no tiene poder. En el mundo globalizado en el que vivimos, las decisiones las toman los poderes económicos que no entienden de fronteras. El gran reto del siglo XXI va a ser precisamente acabar con el divorcio entre poder y política”.

Pese a todos sus envites contra el sistema, Bauman reconoce que hoy por hoy no hay alternativa viable al capitalismo, que ha demostrado la capacidad de las anguilas para adaptarse a los tiempos líquidos.

“El capitalismo se lleva trasformando desde su invención y ha sobrevivido a las situaciones más difíciles. Su naturaleza es esencialmente la de un parásito: se apropia de un organismo, se alimenta de él, lo deja enfermo o exhausto y salta a otro. Eso es lo que está ocurriendo desde que arrancó esta forma de capitalismo en la era de la globalización”.

La generación de la incertidumbre

“Recordemos el famoso ‘corralito’ en Argentina”, advierte Bauman. “Luego vino el colapso de Malasia, y la crisis del rublo, y finalmente la burbuja que estalló en Irlanda, luego en Islandia, y en Grecia, y ahora en España. Hasta que no revuelvan el país y lo dejen en una situación límite no dejarán de dar la lata. Mire lo que ha ocurrido en Chipre. El capitalismo necesita de tierras vírgenes, que puedan ser persuadidas y seducidas. Ya llegará el momento en que se les obligue a pagar las deudas”.

La última gran preocupación de Bauman es en todo caso la juventud. A la generación de la incertidumbre le dedica su último libro (‘Sobre la educación en un mundo líquido’), con especial hincapié en el desfase del sistema educativo y la precariedad económica en estos tiempos ultralíquidos.

“Soy muy consciente del tremendo problema del paro juvenil, que es algo ya común a todos los países occidentales, pero que se manifiesta muy cruelmente en España. Cuando más de la mitad de los jóvenes no tienen trabajo, cuando a muchos de ellos no les queda más salida que salir al extranjero o ganarse la vida en trabajos ‘basura’, después de haber sacado títulos que no les sirven para nada, la gran pregunta es: “¿Qué futuro estamos construyendo?”.

sábado, 18 de maio de 2013

Las marcas de Videla

Eduardo Jozami
Página 12

Pocos días antes de morir, circunstancia que para un hombre de 87 años nunca es sorpresiva, Jorge Rafael Videla volvió a mostrarse ajeno a todo propósito de arrepentimiento, haciéndose, una vez más, responsable de todo lo que habían hecho sus subordinados. Este reconocimiento no supone un costo significativo para alguien que, a su edad, ha acumulado tantos años de cárcel, pero muestra cómo el dictador quiso ser recordado: no como alguien que puede acomodarse a las circunstancias –como él consideraba a su aborrecido Massera– sino como el cruzado que no abandona sus propósitos, en función de éxitos o fracasos, el soldado de una causa que, piensa Videla, no tiene por qué pertenecer únicamente al pasado.

No diremos que la actitud del dictador nos merece respeto, porque Videla pertenecía a esa categoría de personas, como Hitler, a las que uno sólo puede aborrecer, pero vale la pena reflexionar sobre las razones que fortalecen esa determinación. A mi juicio, no sólo el general degradado había comprendido que ningún arrepentimiento modificaría hoy su suerte, sino que creía seguir representando una corriente histórica del pensamiento argentino. Aunque no se privó de denunciar el abandono de los políticos y empresarios que, en buena medida, utilizaron a los militares golpistas como chivos expiatorios, Videla tenía buenas razones para pensar que había ganado un lugar en la historia de la derecha argentina.

En el enfrentamiento que había dividido al Ejército en los años ’60, Videla estuvo con la fracción colorada, en términos de John William Cooke, aquellos que eran gorilas y cipayos las 24 horas del día, a diferencia de los azules que sólo actuaban así cuando hacía falta. Oficial de infantería, tuvo la prudencia necesaria para seguir ascendiendo mientras reinaba en el Ejército el arma de Caballería. Después del ’73 llegaría a la jefatura de Estado Mayor, mostrando un supuesto sesgo profesionalista que lo preservó de comprometerse más con la aventura represiva de la Triple A. Aparecía entonces una persona muy seria —(y bastante aburrida)—, lo que habrá contribuido también a ganarle cierta respetabilidad frente al cambalache de la gestión de Isabel y López Rega.

De este modo, se hizo creer a muchos que la toma del poder por los militares iba a terminar con la represión ilegal. Recuerdo que, en agosto de 1975, me crucé en el centro de Buenos Aires con un respetado intelectual de izquierda, quien me dijo que Videla estaría vinculado con el sector más progresista del radicalismo. Otros testimonios que he recogido más tarde confirman que esa versión y otras similares formaban parte de una campaña orientada a hacer más aceptable el golpe militar. Que hubiera algunos ingenuos dispuestos a creer esos rumores sólo puede explicarse en el enrarecido clima político de mediados de 1975. El violento estallido de la crisis peronista, la desacertada gestión de Isabel, el horror impuesto por las tres AAA, la idea de que sólo los militares podían reestablecer el orden, provocaron un desencanto generalizado y, en ese contexto, los militares no fueron recibidos como salvadores pero hubo quienes los consideraron entonces como el mal menor.

Videla ya había dado, sin embargo, pruebas de su vocación autoritaria. A fines de 1975, en dos discursos –ante la Conferencia de Ejércitos Americanos y en un vivac militar de Tucumán– había fijado un plazo al gobierno y anunciado la disposición de su comando a utilizar toda la fuerza que fuera necesaria. Entre los muchos secretos que el dictador se llevó consigo está el referido a la adopción de la metodología represiva que incluía la desaparición de miles de personas. Aunque no haya por qué creerle, parecen veraces sus declaraciones que muestran cuán general era la aceptación de ese diseño criminal por los altos mandos de las Fuerzas Armadas. No es arbitrario pensar que algo debe haber tenido que ver en la decisión de las desapariciones el general Alcides López Aufranc, pionero en la vinculación de los militares argentinos con los represores de Argelia, quien ya en 1974 había señalado su preocupación por el hecho de que se mantuviera con vida a los prisioneros, tal como había ocurrido durante la dictadura iniciada en 1966.

Cursillista y católico ferviente, Videla no tuvo reparos en reeditar el frente que en 1955 sumó a liberales y socialistas. Era, por sobre todas las cosas, un hombre de derecha, un militar de los que celebraron el centenario de la genocida Campaña del Desierto como una efemérides nacional indiscutida, un convencido de que no bastaba con reprimir si uno no estaba dispuesto a traspasar todos los límites, alguien que –como Martínez de Hoz– consideraba que la represión no podía alcanzar sus objetivos si no se transformaba esa estructura social de la que derivaban su fortaleza los movimientos populares argentinos.

Durante los años de impunidad, Videla debe haber alimentado su confianza en que, tarde o temprano, se avanzaría en alguna forma de reconciliación. Así lo planteó Carlos Menem y ése era también el pensamiento íntimo de De la Rúa. La emergencia del kirchnerismo le resultó por eso intolerable. Comprendiendo la importancia de los símbolos en política, Néstor hizo descolgar su cuadro como el mejor anuncio de la nueva época que se iniciaba. Allí estaba implícita toda la política de reparación, reformas profundas y expansión de derechos que después desarrollaron los dos presidentes Kirchner. Que haya muerto en la cárcel es también un símbolo de esta Argentina que hoy se atreve a hacer justicia. Pero su muerte no marca el cierre de ninguna historia. Por el contrario, nos recuerda cuánto nos falta aún avanzar con los juicios a los genocidas y con la política que logre la desaparición total de las marcas que en la sociedad argentina aún evocan dolorosamente al dictador.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Videla y el terrorismo de Estado

Julián Casanova
El País

Frente al olvido hacia los terrores organizados, solo caben políticas públicas de memoria

Todo empezó el 24 de marzo de 1976, cuando una Junta de Comandantes en Jefe, integrada por el general Jorge Rafael Videla, el almirante Emilio Eduardo Massera y el brigadier Orlando Ramón Agosti, tomó el poder. Las Fuerzas Armadas se apropiaron del Estado y en una acción planificada de exterminio, aprobada en una reunión de generales, almirantes y brigadieres que tuvo lugar antes del golpe militar, iniciaron miles de detenciones clandestinas y asesinatos masivos. Proceso de Reorganización Nacional, le pusieron como nombre oficial. Fue terrorismo de Estado, puro y duro, sin precedentes en la historia argentina, una sociedad que había sufrido, no obstante, seis golpes militares en las cuatro décadas anteriores.

Los cadáveres aparecían en las calles, enterrados en cementerios sin ningún tipo de identificación, quemados en fosas colectivas o arrojados al mar. Nunca hubo ejecuciones oficiales, porque todas eran clandestinas. En Argentina, desde 1976 a 1983, no hubo muertos: las personas desaparecían.

La mayoría de las desapariciones ocurrieron en los tres primeros años. Casi treinta mil, según las organizaciones defensoras de los derechos humanos. Había obreros, estudiantes, intelectuales, profesionales, personas conocidas por su militancia política y social, pero también familiares, gente señalada por otros o mencionada en las sesiones de tortura. Primero se les secuestraba, normalmente de noche, en sus domicilios, en operaciones que incluían a menudo el saqueo y robo de la vivienda. Después se les torturaba y si lo superaban, porque muchos se “quedaban”, permanecían detenidos en dependencias policiales y unidades militares. A la mayoría de ellos les aguardaba, por último, el “traslado”, la ejecución sin dejar pruebas.

Desaparecido fue el eufemismo con que el que se denominó a las víctimas de esa dictadura y el término ya lo había definido el general Jorge Rafael Videla en 1979, en respuesta a las primeras indagaciones y presiones internacionales sobre la represión: “mientras sea desaparecido no puede tener ningún tratamiento especial, es una incógnita, es un desaparecido, no tiene entidad, no está ni muerto ni vivo, está desaparecido”. Esa cínica visión del exterminio sin pruebas la compartían entonces los militares, algunos cuadros políticos de los principales partidos, empresarios, eclesiásticos y periodistas. “Todos están bajo tierra”, respondió un general, Alcides López Aufranc, para tranquilizar a economistas y ciudadanos de orden que preguntaban sobre la actividad de algunos delegados sindicales.

A esa dictadura, como a otras muchas, más o menos sangrientas, no le faltaron apoyos. Algunos de ellos naturales y previstos, como el del poder económico y financiero o el de la jerarquía de la Iglesia católica, que, salvo excepciones, tal y como ha demostrado Emilio Mignone, bendijo la represión, la santificó, “cruzada por la fe”, y obtuvo a cambio importantes beneficios corporativos. Pero ese episodio de “barbarización política y degradación del Estado”, en palabras de Hugo Vezzetti, no hubiera sido posible sin la adhesión y conformidad de amplios sectores de la población. “Por algo será”, decían muchos para justificar que se llevaran a tanta gente. “Apoyé el Proceso, pero no sabía que la cosa había llegado a tal extremo”, declaraban otros cuando las primeras pruebas de la masacre salían a la luz. Miedo, silencio, complicidad, y también una convicción de que el orden de la dictadura era preferible al “caos” y violencia anteriores.

Cuando la dictadura cayó, la lucha por la información, la verdad, la petición de justicia y el rechazo del olvido se convirtieron en señas de identidad de la transición a la democracia. Tres décadas después, esa dictadura de apenas siete años aparece ya como uno de los más destacados ejemplos de terrorismo de Estado de la historia, de “masacres administradas”, como las llamó Hanna Arendt.

Existen numerosas pruebas incontrovertibles frente a aquel exterminio que pretendía no dejar ninguna. Y la muerte de Videla nos lo vuelve a recordar. Y nos advierte de nuevo que frente al olvido e indiferencia hacia los terrores organizados, solo caben políticas públicas de memoria basadas en archivos, museos y educación. Enseñar esa historia reciente y transmitir a los más jóvenes valores de tolerancia y libertad.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Constitucionalismo ecológico na América Latina

Leonardo Boff
Carta Maior

As modernas constituições se fundam sobre o contrato social de cunho antropocêntrico. Não incluem o contrato natural, que é o acordo e a reciprocidade que devem existir entre os seres humanos e a Terra viva, que tudo nos dá e que nós em retribuição cuidamos e preservamos. Em razão disso seria natural reconhecer que ela e os seres que a compõem seriam portadores de direitos. Os clássicos contratualistas como Kant e Hobbes restringiam, no entanto, a ética e o direito apenas às relações entre os humanos. Somente se admitiam obrigações humanas para com os demais seres, especialmente os animais, no sentido de não destruí-los ou submetê-los a sofrimentos e crueldades desnecessárias.

A desconsideração de que cada ser possui valor intrínseco, independentemente de seu uso humano, uso racional, e que é portador de direito de existir dentro do mesmo habitat comum, o planeta Terra, abriu o caminho a que a natureza fosse tratada como mero objeto a ser explorado sem qualquer consideração, em alguns casos até a sua exaustão.

Coube, entretanto, à América Latina, como o mostrou um notável criminalista e juiz da corte suprema da Argentina, Eugenio Raúl Zaffaroni (La Pachamama y el humano, Ediciones Colihue, 2012) desenvolver um pensamento constitucionalista de natureza ecológica, no qual a Terra e todos os seres da natureza, particularmente os vivos e os animais são titulares de direitos. Estes devem ser incluídos nas constituições modernas, que deixaram para trás o arraigado antropocentrismo e o paradigma do dominus, do ser humano como senhor e dominador da natureza e da Terra.

Os novos constitucionalistas latino-americanos ligam duas correntes: a mais ancestral, dos povos originários para os quais a Terra (Pacha) é mãe (Mama) — daí o nome de Pachamama — sendo titular de direitos porque é viva, nos dá tudo aquilo de que precisamos e, finalmente, pela razão de sermos parte dela e de pertencermos a ela. Bem como os animais, as florestas, as águas, as montanhas e as paisagens. Todos merecem existir e conviver conosco, constituindo a grande democracia comunitária e cósmica.

Aliam esta ancestral tradição, eficaz, da cultura andina que vai da Patagônia à América Central à nova compreensão derivada da cosmologia contemporânea, da biologia genética e molecular, da teoria dos sistemas que entende a Terra como um superorganismovivo que se autorregula (autopoiesis, de Maturana-Varela e Capra) de forma a sempre manter a vida e a capacidade de reproduzi-la e fazê-la coevoluir. Esta Terra, denominada de Gaia, engloba todos os seres, gera e sustenta a teia da vida em sua incomensurável biodiversidade. Ela, como Mãe generosa, deve ser respeitada, reconhecida em suas virtualidades e em seus limites e por isso acolhida como sujeito de direitos — a dignitas Terrae — base para possibilitar e sustentar todos os demais direitos pessoais e sociais.

Dois países latino-americanos, o Equador e a Bolívia, fundaram um verdadeiro constitucionalismo ecológico; por isso estão à frente de qualquer outro país dito “desenvolvido”. A Constituição de Montecristi da República do Equador de 2008 diz explicitamente em seu preâmbulo: “Celebramos a natureza, a Pacha Mama, da qual somos parte e que é vital para nossa existência”. Em seguida enfatiza que a República se propõe construir “uma nova forma de convivência cidadã, em diversidade e em harmonia com a natureza, para alcançar o bien vivir, o sumac kawsay (o viver pleno). No artigo 71º do capítulo VII dispõe:”A natureza ou a Pachamama, donde se reproduz e se realiza a vida, tem direito a que se respeite integralmente sua existência, a manutenção e regeneração de seus ciclos vitais, estrutura, funções e processos evolutivos; toda pessoa, comunidade, povo ou nacionalidade poderá exigir da autoridade pública o cumprimento dos direitos da natureza…o Estado incentivará as pessoas naturais e jurídicas, e aos coletivos para que protejam a natureza, e promoverá o respeito a todos os elementos que formam um ecossistema”.

Comovedoras são as palavras do preâmbulo da Consttuição Política do Estado Boliviano, aprovada em 2009: ”Cumprindo o mandato de nossos povos, com a fortaleza de nossa Pachamama e graças a Deus, refundamos a Bolívia”. O artigo 33º prescreve: ”As pessoas têm o direito a um meio ambiente saudável, protegido e equilibrado. O exercício deste direito deve permitir aos indivíduos e às coletividades das presentes e futuras gerações, incluídos outros seres vivos, a desenvolver-se de maneira normal e permanente”. O artigo 34º dispõe: ”Qualquer pessoa, a título individual ou em representação de uma coletividade, está apta a exercer ações legais em defesa do meio ambiente”.

Aqui temos um verdadeiro constitucionalismo ecológico que ganhou corpo e letra nas respectivas Constituições. Tais visões são antecipatórias daquilo que deverá ser para todas as constituições futuras da humanidade. Somente com tal mente e disposição garantiremos um destino feliz neste planeta.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Antonio Elizalde: "Hay obsesión por el crecimiento económico, pero esta pobreza es de afecto e identidad."

Paco Cerda
Levante

Usted formuló la teoría del «desarrollo a escala humana» junto con otros dos investigadores. Ahora ya no hay ni desarrollo ni aún menos escala humana. ¿Qué defiende este concepto?

Es una propuesta que intenta concienciar a la gente con respecto a la invisibilidad que sufren los elementos centrales para la felicidad humana, el progreso y el bien común. Elaboramos una teoría que conforma un planteamiento muy diferente del instalado en nuestro imaginario por parte del capitalismo.

Más allá del PIB como medidor de riqueza…

Sí, más allá de las imposiciones del neoliberalismo. Son, en cambio, elementos constitutivos muy simples que demuestran que las necesidades humanas no varían de cultura en cultura, de sociedad en sociedad. Las necesidades humanas son permanentes, inherentes a nuestra condición de humanos, a nuestra naturaleza. Al ser así, las necesidades no son infinitas, no son siempre crecientes como nos hace creer la publicidad. Al contrario: las necesidades son pocas y clasificables. Y nosotros identificamos nueve.

¿Cuáles?

La necesidad de subsistencia —pan, techo y abrigo—; la necesidade de protección; el afecto; el entendimiento; la creación; el ocio; la participación; la libertad; y, por último, la identidad. Estas necesidades nos constituyen a los europeos, a los americanos, a los pigmeos o a una tribu amazónica.

Pero el sistema no nos vende esas necesidades…

¡No, qué va! El discurso dominante en la civilización occidental nos dice que la necesidad de subsistencia es el factor fundamental para poder desarrollarnos como sociedad. Alimentación, vivienda y ropa. Pero hemos comprobado que no es así, que en los países del sur del planeta las personas logran sobrevivir haciendo uso de las otras necesidades. Porque son sociedades donde la dimensión del afecto es algo profundamente vivido. En los países desarrollados, en cambio, la gente vive muy aislada, muy sola. Pero en nuestro lenguaje, llamamos pobreza a la pobreza de subsistencia: a la escasez de alimentación, vivienda y ropa. Sin embargo, hay muchas formas de pobreza. Y, consecuentemente, hay muchas formas de riquezas humanas.

¿Y de qué tipo es nuestra principal pobreza?

Yo diría que es la pobreza de la identidad, porque somos sociedades en las que el capitalismo nos ha ido alienando, separando de nuestra propia naturaleza e identidad. Se ha instalado el individualismo: gente separada, egoísta, pendiente de su propio interés. También sufrimos pobreza de afecto. No obstante, no hay nada más doloroso para un ser humano que el rechazo. De hecho, el ser humano es el único mamífero consciente de que fue expulsado del útero materno, del paraíso, y nuestra existencia gira en función de ser acogidos, de ser aceptados. Y como nos cuesta decir eso, nos ocultamos detrás de la obsesión por el dinero, por el poder, por el sexo, por el prestigio… Pero, en el fondo, tenemos la necesidad fundamental de ser aceptados por el otro.

Por eso reclama que los Estados midan el progreso con otros parámetros.

Ya se ha propuesto medir la Felicidad Interior Bruta. Incluso yo, con un grupo de profesores, creé hace años un «Amorómetro». Actualmente, existe una obsesión por el crecimiento económico, que es una forma de mentirle a la población al decirle que tendrá trabajo y todo le irá bien si la economía crece. Hay que instalar en el imaginario colectivo que lo más importante no es el crecimiento del PIB o el capital.

Y qué se puede vivir con menos necesidades materiales en esta sociedad de la abundancia.

Por supuesto. Hay un problema en el ámbito moral, de los valores. El discurso económico, que nos penetró a todos a través del lenguaje neoliberal, nos hizo olvidar bienes intangibles que habíamos creado los humanos. Por ejemplo, la solidaridad y la amistad, que son los mecanismos por el que los pobres logran sobrevivir. En el nordeste de Brasil, donde hay hambruna por la sequía, la gente envía sus hijos con otros parientes. O recupera saberes tradicionales como comer una hierba que se comía antiguamente y que ahora se ha recuperado como comestible habitual.

Y España, con el 27 % de paro y una deuda billonaria, ¿acabará por comer esa hierba metafórica de la que habla?

Mi impresión es que, tal como van, caminan en esa perspectiva. Es absolutamente erróneo la forma en la que están abordando la crisis.

Explíquese.

La crisis viene de una especulación inmobiliaria y otra especulación financiera. Eso formaba parte de la necesidad genética que tiene el capitalismo de crecer. Aquí se montó el negocio de vender viviendas a personas que no tenían capacidad para pagarla. ¡Banqueros prestando plata a gente que no podía devolverla! Era una economía volcada a negocios a futuro, a generación de expectativas. En el primer piso estaban los bancos que prestaban plata a gente insegura; en el segundo piso estaban los bancos que prestaban plata a las entidades que concedían los créditos a los clientes de dudosa solvencia; y se fue montando una torre que acabó por derrumbarse.

Pero la salida del embrollo es lo que no le convence.

En absoluto. Los norteameicanos se endeudan más para que la economía vuelva a reactivarse, pero ustedes están recortando hasta desmontar el Estado del Bienestar y apuntalan a los mismos responsables que condujeron a esto. A los irresponsables financieros que les llevaron a esta situación les transfieren dinero de todos los españoles. ¿Por qué no transfieren ese dinero a las familias directamente, o a las pequeñas empresas? Esto tenía una salida distinta a la que están sufriendo. Y prefiero pensar que es un problema de falta de imaginación antes que atribuirlo a un proyecto deliberado para desmontar y certificar el acta de defunción del Estado del Bienestar, que ha sido el logro de la lucha social de los últimos siglos.

Esta crisis ha sido una venganza del capitalismo. ¿Será su fin?

El capitalismo ha tenido capacidad permanente para remozarse, readaptarse o reinventarse. Su problema es que ahora hay un agotamiento de los recursos del planeta, de la capacidad que tiene la Tierra, porque la estamos sobreexplotando. Actualmente, pues, transitamos un escenario muy complejo. Se requiere un profundo cambio moral para entender que hemos de alterar nuestro modo de vida. Hemos de comprender que es suficiente con el crecimiento logrado, y que ahora lo que hay que ver es cómo nos adaptamos. En ese sentido, la crisis puede ser un revulsivo para que España, en este caso, recentre sus objetivos.

Y que se dé cuenta de que éramos pobres en muchas cosas que no sabíamos.

Sí, pero también que tiene riquezas por explotar. Por ejemplo, a lo mejor es necesario volver a repoblar el campo en España. Tal vez así se compruebe que se puede llegar a ser feliz revitalizando esa parte del país repoblada por extranjeros. Hay que encontrar un camino que sea fiel a su propia identidad.