sexta-feira, 30 de agosto de 2013

En defensa del Yasuní-ITT

Joan Martínez Alier
Socialismo y Democracia

El 15 de agosto el presidente Correa de Ecuador anunció la extracción de petróleo en el bloque ITT del Parque Nacional Yasuní, el llamado Plan B. El plan A consistía en dejar 850 millones de barriles en tierra (9 días de consumo mundial), contribuir así a la lucha contra el cambio climático ya que ese petróleo no se quemaría, conservar una diversidad biológica realmente única y proteger los derechos de los grupos indígenas allí presentes. El Plan A incluía la petición a gobiernos o ciudadanos del mundo de contribuir 3 600 millones de dólares en 12 años a un Fideicomiso auspiciado por el PNUD, la mitad de lo que se estimaba que Ecuador dejaría de ganar. Eso en virtud de la responsabilidad diferenciada en el cambio climático, o como un pago a cuenta de la deuda ecológica del Norte al Sur.

Desde 2007 hasta el 2013 la propuesta se mantuvo, con tantas idas y venidas que algunos dijimos que Correa jugaba con dos barajas. Las contribuciones no llegaron con la velocidad deseada. Dirk Niebel, el ministro alemán de cooperación, negó una aportación ya casi comprometida.

El presidente Correa y su coro dicen ahora que la culpa es de los extranjeros lo cual es en parte verdad. Y lo rematan con el ataque habitual a ecologistas e indigenistas de su propio país. Correa pidió en febrero 2013 al Foro de São Paulo que se suprima el consentimiento previo informado ante los proyectos extractivos. Dice también que saldrá del extractivismo mediante más extractivismo. Coincide todavía con un amplio sector de la izquierda latinoamericana y mundial que sostiene que el ecologismo es un lujo de los ricos, panzas llenas. Eso es lo que cree el presidente Correa. No es el único. Pero quienes son más ecologistas son muchas veces la gente pobre y los indígenas empobrecidos.

Correa nunca ha reconocido los muchísimos casos de ecologismo popular e indígena de quienes temen perder su agua limpia, sus medios de subsistencia, su tierra. Cerca de Ecuador en Cajamarca en Perú contra la empresa Yanacocha al igual que en Cajamarca, Tolima, Colombia, contra la Anglo Gold Ashanti, como los kañaris en Lambayeque, Perú contra la minería de cobre, los wixárikas defendiendo el territorio sagrado de Wirikuta contra la mineria de plata en México, los dongria kondh en Niyamgiri en Odisha en la India que acaban de derrotar en consultas populares la minería de bauxita, ¿son acaso ecologistas de barrigas llenas? Hay miles de tales casos. Quienes en Sarayaku lucharon contra empresas petroleras o en Esmeraldas las mujeres que defendieron el manglar contra las camaroneras desde 1990, ¿son barrigas llenas? Chico Mendes en Acre en Brasil en 1988, fue asesinado, un pobre seringueiro, un sindicalista rural, defendiendo los bosques hasta su muerte. Igualmente lo fueron José Claudio Ribeiro y Maria do Espírito Santo en Pará en 2011 y tantos otros. ¿Los recuerdan en las reuniones del Foro de São Paulo? En América Latina en los últimos 25 años de rápida expansión minera, sojera, ganadera, petrolera, hidroeléctrica en las fronteras de la extracción, ha habido cientos de ecologistas populares asesinados.

Queda ahora la esperanza de que se logre una consulta popular en la que Ecuador, el país y no el gobierno, le dé una lección al mundo diciendo no a la extracción del petróleo del ITT. Eso tal vez haga pensar a personajes prepotentes e incompetentes al estilo de Dirk Niebel, que tienen parte de responsabilidad en el fracaso de la iniciativa Yasuni ITT. Fue asqueroso ver a Noruega, con su Fondo Petrolero de cientos de miles de millones de dólares, negándose a contribuir a la iniciativa ITT. A quienes en Noruega tratan ahora de excluir a las Islas Lofoten de la extracción petrolera, a quienes en el Delta del Niger han sido contaminados, asesinados por la Shell y por sus propios gobiernos e inventaron la idea de “dejar el petróleo en tierra”, a todos los que se han mirado en el espejo de la Iniciativa ITT contra el fracking del gas en Francia o en Neuquén, Argentina (por la Chevron), en la isla de Lanzarote al igual que los "raizales" de las islas de San Andrés y Providencia contra el petróleo, a quienes luchan contra el carbón en los páramos de Colombia y también en La Guajira y El Cesar, les han quitado fuerza. Estamos tristes pero también rabiosos, llegando a 401 ppm de dióxido de carbono en la atmósfera vemos que al cinismo e inoperancia de los gobiernos del Norte se añade el falso pragmatismo y anti-ecologismo de un presidente del Sur que había levantado simpatía y adhesión.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um sonho incompleto para os negros americanos 50 anos depois

Flávia Barbosa
O Globo

Meio século após a Marcha a Washington, evento decisivo da luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos, a comunidade negra americana ainda vive à espera de ver realizado o sonho de uma sociedade justa e igualitária delineado das escadarias do Lincoln Memorial pelo reverendo Martin Luther King Jr, em 28 de agosto de 1963. A absolvição do assassino branco do menino negro Trayvon Martin, caso no qual o componente racial foi apontado como gatilho do desfecho trágico, e a decisão da Suprema Corte de derrubar artigo fundamental da Lei de Direito ao Voto, uma conquista histórica - ambas neste ano simbólico -, deixaram um rastro de indignação, a sensação de retrocesso e a certeza de que direitos civis são um assunto inacabado nos EUA. Amargando ainda indicadores socioeconômicos piores do que a média dos compatriotas, a população afro-americana dá sinais de fadiga com a trégua das últimas décadas, especialmente desde a eleição de Barack Obama - que discursará nesta quarta-feira nas mesmas escadarias.

Foi com a indignação estampada no peito - “Esta é uma questão importante”, dizia sua camiseta - que Gwen Harris, aos 74 anos, decidiu mais uma vez deixar o Alabama rumo à capital americana para marchar por seus direitos. Então uma jovem administradora de empresas, em 1963 ela tomou um dos ônibus que saíram da conflagrada Birmigham, palco das violentas repressões policiais a manifestantes que acordaram o Norte dos EUA para a brutalidade da segregação, para se juntar a 200 mil americanos naquele dia inesquecível. No último sábado, Gwen estava no mesmo lugar, acompanhada da filha Dru, 39 anos, e do neto Maxwell, de 5. Emocionadíssima, dividia-se entre a alegria de ver passados os tempos de perseguição e o pesar de ainda ter quase todas as mesmas demandas, resumidas em um lema: oportunidades iguais.

“Não estamos aqui só para celebrar, estamos aqui para um novo começo. Precisamos trazer os assuntos e a ação de 1963 de volta porque as pessoas ainda estão lutando para ter as mesmas oportunidades. Assim como eu, com mestrado, não alcancei o mesmo que meus pares brancos, e vejo as dificuldades da minha filha, que é enfermeira desempregada, temo que a história se perpetue com o meu neto. É hora realmente de um basta”, disse Gwen, cujo pavor é que Maxwell seja um dia alvo, como Trayvon, de perseguição só por ser negro.

De mãos dadas com a filha, em regozijo típico das missas de domingo, Gwen ouviu as palavras do deputado John Lewis, 73 anos, único dos seis grandes líderes negros a discursar 50 anos atrás ainda vivo. E, com a multidão, reagiu com gritos e aplausos ao chamado por mobilização imediata

“Muito ficou para trás 50 anos depois, mas ainda temos brigas. Há pessoas que querem nosso retrocesso. Mas não andaremos para trás. Se passaram 50 anos e não podemos mais esperar, não podemos mais ser pacientes. Não podemos assistir sentados à Suprema Corte tentar roubar nossos direitos. Queremos nossa liberdade e a queremos agora. Façamos barulho!” - bradou Lewis.

Racismo mais sutil

Os avanços da comunidade negra são evidentes. A segregação acabou, os direitos de cidadania foram equiparados, houve mobilidade social e o poder político foi ampliado. A Câmara que passou as leis de Direitos Civis e Direito ao Voto nos anos 1960 tinha seis parlamentares negros. Hoje são 43, há dez vezes mais políticos negros eleitos para todos os cargos e a Casa Branca é ocupada por um afro-americano. Mas permanecem desequilíbrios fundamentais.

Apenas 85% dos negros têm o segundo grau completo, a taxa de desemprego de 12,6% entre os negros é muito superior aos 7,4% gerais, a renda familiar das famílias negras é dois terços da média nacional, apenas 43% delas têm casa própria e 28% dos afro-americanos vivem abaixo da linha de pobreza (quase o dobro da média da população). Os negros têm também os piores empregos e ocupam menos o topo da pirâmide do mundo corporativo.

“O racismo é mais sutil, mas os obstáculos permanecem. Cheguei à universidade egressa de uma comunidade pobre na Geórgia, onde todas as dificuldades são evidentes. Nos faltam subsídios para acessar educação de qualidade, nos faltam os equipamentos e estímulos quando jovens, nos falta emprego. E nos falta o Estado, desde iluminação pública até segurança, as autoridades não vão às comunidades como vão aos bairros brancos. Isso não pode mais se perpetuar” - afirmou Tiffany Hallback, de 22 anos, aluna da Savannah State e militante do Conselho Nacional das Mulheres Negras.

A violência é outro reflexo da permanência da desigualdade. Um em cada 15 homens negros americanos está encarcerado nos EUA, com sentenças 10% mais longas. Afro-americanos têm três vezes mais chances de passar por revistas ao dirigir um veículo do que brancos. Mulheres negras encarceradas já são 200 mil e têm três vezes mais chances de parar na cadeia do que as brancas.

Para o reverendo Herbert Daughtry, ativista no Brooklyn, Nova York, os números escancaram o uso da raça como seletor da ação policial: “Raça ainda é uma questão na nossa sociedade, e séria. Existe um encarceramento em massa em vez de uma ação para matrícula em massa de negros em universidades. E não é só. A falta de trabalho e de moradia decentes persegue a comunidade e revela descaso histórico. Há progresso, mas ainda são poucos aqueles que o experimentaram plenamente. Ter um presidente negro é simbólico, mas as políticas públicas têm que acompanhar. Do contrário, permanece a sociedade hipócrita e desigual”.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Los 'esclavos' cubanos ponen nerviosos a los médicos brasileños

Fernando Ravsberg
Público

Este fin de semana llegaron a Brasil los primeros 400 médicos cubanos de un contingente de 4.000 que contrató para dar cobertura sanitaria a las regiones rurales más pobres. El colegio médico brasileño se opone a la medida pero el gobierno de Dilma lo considera un asunto de interés público y social de primer orden.

Sectores de la oposición acusan a Brasilia y La Habana de someter a los médicos a "trabajo esclavo" porque el gobierno cubano recibe una parte del pago. De todas formas, algunos voluntarios aseguraron a Público que los salarios serán mayores que en otras misiones, se dice que rondarán los 1.600 dólares mensuales, lo cual es mucho dinero en un país en el que la canasta básica familiar está calculada en 100 dólares.

Realmente será difícil probar la acusación de "esclavismo" cuando la operación está avalada por la Organización Panamericana de la Salud de la ONU y teniendo en cuenta que Cuba, desde enero de este año, permite a los médicos viajar al extranjero, emigrar con sus familias y trabajar en la clínica que más les convenga.

El Consejo Federal de Medicina de Brasil denuncia que la llegada de los brigadistas de la isla "expone la salud de la población a situaciones de riesgo". Sin embargo, sólo un millar de galenos brasileños aceptaron ir a trabajar a algunos de los cientos de municipios rurales en los que nunca ha habido un médico. Parece un absurdo decir que para los enfermos de esas regiones es mejor vivir sin cuidados sanitarios que atendidos por los galenos cubanos.

El colegio brasileño aduce que la formación de sus colegas de la isla es deficiente. Sin embargo, se trata de médicos "todoterreno", dispuestos a radicarse en las zonas más inhóspitas, capaces de trabajar con mínimos recursos, preparados para organizar campañas preventivas de salud y muy experimentados en el diagnóstico clínico, imprescindible en lugares donde no se cuenta con equipos ni laboratorios.

El enfrentamiento de los colegios médicos de América Latina comenzó apenas Cuba afectó sus intereses corporativos con el envío de las primeras brigadas de salud a diferentes países de la región. Se agudizó después con la creación de la Escuela Latinoamericana de Medicina (ELAM), institución que forma gratuitamente miles de jóvenes y los devuelve convertidos en médicos a sus comunidades. O la Operación Milagro, que restituyó la vista a cientos de miles de personas en la región sin cobrar un centavo, afectando los bolsillos de los oftalmólogos que cobraban 2.000 dólares por una operación quirúrgica de 15 minutos.

En muchos países de la región los colegios médicos ponen trabas para convalidar los títulos de las facultades de medicina cubanas pero poco a poco han tenido que ceder terreno. En su visita a Cuba, el presidente uruguayo, Pepe Mujica, nos comentó que ya en su país se reconocen la mayor parte de los títulos. Sólo se mantiene la resistencia en algunas especialidades, que son las que dan más dinero a los médicos y las que cuestan más caras a los pacientes, dijo con cierta amargura.

Sesgo ideológico

El colegio médico y la oposición brasileña acusan a Dilma de contratar cooperantes cubanos por razones ideológicas pero el Ministerio de Salud les responde que la gran mayoría de los galenos de la isla irá a zonas del norte y noreste del país, justamente a aquellos a lugares que no fueron elegidos ni por los brasileños ni por los extranjeros que calificaron para el programa, a pesar de que se ofertan salarios mensuales de 13.500 dólares.

En realidad, más allá de las simpatías políticas, el gobierno brasileño no tenía opción, su plan para extender la cobertura sanitaria a todo el país requiere 54.000 médicos. Esta semana se incorporan 244 profesionales de Portugal, España, Argentina y Uruguay pero optando por trabajar sólo en las ciudades. Cuba es la única nación capaz de enviar, en un tiempo muy breve, un contingente de miles de galenos a las zonas más necesitadas. Un lujo que puede permitirse porque cuenta con casi 80.000 graduados en medicina, uno por cada 150 habitantes, la mejor tasa del mundo.

sábado, 24 de agosto de 2013

Manning y el alto precio de vivir en una sociedad libre

Amy Goodman y Denis Moynihan
Democracy Now!

“Ninguna bandera es lo suficientemente grande como para cubrir la vergüenza del asesinato de personas inocentes”, escribió el historiador Howard Zinn, autor del libro La otra historia de los Estados Unidos. Sus palabras fueron citadas en la declaración que escribió el soldado Manning tras el anuncio de que sería condenado a pasar 35 años en una prisión militar por haber filtrado cientos de miles de documentos al sitio web de denuncia WikiLeaks. La declaración, que fue leída por su abogado, David Coombs, durante una conferencia de prensa, acompaña una solicitud de indulto de Manning al Presidente Barack Obama.

Del otro lado del Océano Atlántico, David Miranda, la pareja del periodista del periódico The Guardian Glenn Greenwald, fue detenido en el aeropuerto de Heathrow, en Londres, en virtud de la ley antiterrorismo de Gran Bretaña. Antes de dejarlo en libertad, confiscaron sus dispositivos electrónicos, lo interrogaron y amenazaron con enviarlo a prisión.

Ambos acontecimientos intensificaron el ya alto nivel de cuestionamiento al creciente grado de intervención y vigilancia, aparentemente sin límites, del Gobierno de Estados Unidos. Miranda está atemorizado, pero permanece en libertad. Manning pronto será enviado, con las manos encadenadas, al lugar donde deberá cumplir su condena. El informante de la NSA Edward Snowden permanece en algún lugar incierto de Rusia, donde recibió asilo político temporal, mientras que el fundador de WikiLeaks, Julian Assange, continúa viviendo en el exilio, cerca de Heathrow, encerrado en la Embajada de Ecuador en Londres. Es sorprendente que este variado conjunto de individuos haya hecho tambalear el actual estado de vigilancia y guerra global impulsado por el gobierno de Estados Unidos.

Bradley Manning escribió en el comunicado de prensa leído por su abogado David Coombs: “Fue recién en Irak, tras leer los informes militares secretos a diario, que comencé a cuestionar la moralidad de lo que estábamos haciendo. Fue en ese entonces que me di cuenta de que en el intento de combatir la amenaza del enemigo, nos olvidamos de nuestra humanidad. Decidimos conscientemente desvalorizar la vida humana tanto en Irak como en Afganistán. Al atacar a quienes percibimos como el enemigo, muchas veces matamos a civiles inocentes. Cada vez que matamos a civiles inocentes, en lugar de asumir la responsabilidad de nuestros actos, decidimos ocultarnos bajo el velo de la seguridad nacional y la información clasificada para evitar asumir la responsabilidad pública”.

Como dijo al comienzo del consejo de guerra iniciado en su contra, Manning publicó los documentos confidenciales para “generar un debate nacional sobre el papel de las fuerzas armadas y nuestra política exterior”. El ejemplo más claro de ello fue la publicación del video de la masacre cometida desde un helicóptero Apache en Irak, en el que al menos una docena de civiles fueron asesinados. El video contiene comunicaciones entre los soldados, que bromean acerca de los actos violentos que están cometiendo.

Mientras el video, publicado por WikiLeaks con el título “Asesinato colateral”, es muy gráfico, los otros documentos filtrados por Manning arrojan luz sobre las guerras clasificadas que el Gobierno estadounidense está librando lejos de la mirada pública. Los Diarios de la Guerra (http://wardiary.wikileaks.org) incluyen cientos de miles de informes en el terreno de las guerras de Afganistán e Irak. En jerga militar, los documentos clasificados revelan el nivel de brutalidad de la guerra, la violencia sistemática y el asesinato diario de civiles.

David Coombs continuó leyendo la declaración de Manning: “En nuestro afán por matar al enemigo, debatimos internamente acerca de la definición de tortura. Detuvimos a personas en Guantánamo durante años sin cumplir con el debido proceso. Hicimos la vista gorda a la tortura y las ejecuciones del Gobierno iraquí y toleramos muchos otros actos en nombre de la guerra contra el terrorismo”.

Glenn Greenwald y Laura Poitras son dos periodistas que colaboraron en el proceso de difusión de las filtraciones de Snowden desde el comienzo. El fin de semana pasado, David Miranda, un ciudadano brasileño, fue detenido por las autoridades británicas durante nueve horas en virtud del artículo 7 de la Ley Antiterrorista de Gran Bretaña del año 2000.

El ex Secretario de Estado británico Lord Charles Falconer, que co-auspició el proyecto de ley en la Cámara de los Lores de Gran Bretaña, afirma que la detención de Miranda fue un abuso de la ley. “La publicación en The Guardian no constituye una instigación al terrorismo”, Falconer escribió en el periódico. Y agregó: “Quizá el Estado pretenda que los periodistas no publiquen materiales sensibles, pero depende de los periodistas, y no del Estado, determinar dónde establecer el límite”. Si bien Miranda no es periodista, ha ayudado durante mucho tiempo a su pareja, Glenn Greenwald, en su trabajo, y las autoridades británicas sabían muy bien que no se trataba de un terrorista, entre ellas, el Primer Ministro David Cameron, que supuestamente tenía conocimiento previo de la detención de Miranda.

La violación de los derechos de Miranda generó una tormenta política en Gran Bretaña, donde el Cuartel General de Comunicaciones del Gobierno (GCHQ, por sus siglas en inglés), el equivalente a la Agencia de Seguridad Nacional en Estados Unidos, ha sufrido cuestionamientos similares por realizar espionaje generalizado.

En Estados Unidos, David Coombs terminó de leer la declaración de Manning durante la conferencia de prensa posterior a su condena: “Soy consciente de que mis actos fueron contrarios a la ley. Lamento si mis actos perjudicaron a alguien o provocaron algún daño a Estados Unidos. No era mi intención dañar a nadie, simplemente quería ayudar a la gente. Cuando decidí revelar la información clasificada, lo hice por amor a mi país y por un sentido de deber hacia los demás”. David Coombs continuó leyendo la declaración de Manning, que concluye con un pedido directo al Presidente Obama: “Si rechaza mi solicitud de indulto, cumpliré la condena sabiendo que a veces hay que pagar un precio muy alto por vivir en una sociedad libre. Pagaré ese precio con gusto si significa que podremos vivir en un país realmente concebido sobre la base de la libertad y dedicado al principio de que todos, mujeres y hombres, somos iguales”.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Serge Latouche: “Hay que trabajar menos horas para que trabajemos todos”

Joseba Elola
El País

Serge Latouche, el precursor de la teoría del decrecimiento, aboga por una sociedad que produzca menos y consuma menos.

Corría el año 2001 cuando al economista Serge Latouche le tocó moderar un debate organizado por la Unesco. En la mesa, a su izquierda, recuerda, estaba sentado el activista antiglobalización José Bové; y más allá, el pensador austriaco Ivan Illich. Por aquel entonces, Latouche ya había podido comprobar sobre el terreno, en el continente africano, los efectos que la occidentalización producía sobre el llamado Tercer Mundo.

Lo que estaba de moda en aquellos años era hablar de desarrollo sostenible. Pero para los que disentían de este concepto, lo que conseguía el desarrollo era de todo menos sostenibilidad. Fue en ese coloquio cuando empezó a tomar vuelo la teoría del decrecimiento, concepto que un grupo de mentes con inquietudes ecológicas rescataron del título de una colección de ensayos del matemático rumano Nicholas Georgescu-Roegen.

Se escogió la palabra decrecimiento para provocar. Para despertar conciencias. “Había que salir de la religión del crecimiento”, evoca el profesor Latouche en su estudio parisiense, ubicado cerca del mítico Boulevard Saint Germain. “En un mundo dominado por los medios”, explica, “no se puede uno limitar a construir una teoría sólida, seria y racional; hay que tener un eslogan, hay que lanzar una teoría como se lanza un nuevo lavavajillas”.

Así nació esta línea de pensamiento, de la que este profesor emérito de la Universidad París-Sur es uno de los más activos precursores. Un movimiento que se podría encuadrar dentro de un cierto tipo de ecosocialismo, y en el que confluyen la crítica ecológica y la crítica de la sociedad de consumo para clamar contra la cultura de usar y tirar, la obsolescencia programada, el crédito sin ton ni son y los atropellos que amenazan el futuro del planeta.

El viejo profesor Latouche, nacido en 1940 en la localidad bretona de Vannes, aparece por la esquina del Boulevard Saint Germain con su gorra negra y un bastón de madera para ayudarse a caminar. Hace calor.

Estamos inmersos en plena crisis, ¿hacia dónde cree usted que se dirige el mundo?

La crisis que estamos viviendo actualmente se viene a sumar a muchas otras, y todas se mezclan. Ya no se trata solo de una crisis económica y financiera, sino que es una crisis ecológica, social, cultural… o sea, una crisis de civilización. Algunos hablan de crisis antropológica…

¿Es una crisis del capitalismo?

Sí, bueno, el capitalismo siempre ha estado en crisis. Es un sistema cuyo equilibrio es como el del ciclista, que nunca puede dejar de pedalear porque si no se cae al suelo. El capitalismo siempre debe estar en crecimiento, si no es la catástrofe. Desde hace treinta años no hay crecimiento, desde la primera crisis del petróleo; desde entonces hemos pedaleado en el vacío. No ha habido un crecimiento real, sino un crecimiento de la especulación inmobiliaria, bursátil. Y ahora ese crecimiento también está en crisis.

Latouche aboga por una sociedad que produzca menos y consuma menos. Sostiene que es la única manera de frenar el deterioro del medioambiente, que amenaza seriamente el futuro de la humanidad. “Es necesaria una revolución. Pero eso no quiere decir que haya que masacrar y colgar a gente. Hace falta un cambio radical de orientación”. En su último libro, La sociedad de la abundancia frugal, editado por Icaria, explica que hay que aspirar a una mejor calidad de vida y no a un crecimiento ilimitado del producto interior bruto. No se trata de abogar por el crecimiento negativo, sino por un reordenamiento de prioridades. La apuesta por el decrecimiento es la apuesta por la salida de la sociedad de consumo.

¿Y cómo sería un Estado que apostase por el decrecimiento?

El decrecimiento no es una alternativa, sino una matriz de alternativa. No es un programa. Y sería muy distinto cómo construir la sociedad en Texas o en Chiapas.

Pero usted explica en su libro algunas medidas concretas, como los impuestos sobre los consumos excesivos o la limitación de los créditos que se conceden. También dice que hay que trabajar menos, ¿hay que trabajar menos?

Hay que trabajar menos para ganar más, porque cuanto más se trabaja, menos se gana. Es la ley del mercado. Si trabajas más, incrementas la oferta de trabajo, y como la demanda no aumenta, los salarios bajan. Cuanto más se trabaja más se hace descender los salarios. Hay que trabajar menos horas para que trabajemos todos, pero, sobre todo, trabajar menos para vivir mejor. Esto es más importante y más subversivo. Nos hemos convertido en enfermos, toxicodependientes del trabajo. ¿Y qué hace la gente cuando le reducen el tiempo de trabajo? Ver la tele. La tele es el veneno por excelencia, el vehículo para la colonización del imaginario.

¿Trabajar menos ayudaría a reducir el paro?

Por supuesto. Hay que reducir los horarios de trabajo y hay que relocalizar. Es preciso hacer una reconversión ecológica de la agricultura, por ejemplo. Hay que pasar de la agricultura productivista a la agricultura ecológica campesina.

Le dirán que eso significaría una vuelta atrás en la Historia…

Para nada. Y en cualquier caso, no tendría por qué ser obligatoriamente malo. No es una vuelta atrás, ya hay gente que hace permacultura y eso no tiene nada que ver con cómo era la agricultura antaño. Este tipo de agricultura requiere de mucha mano de obra, y justamente de eso se trata, de encontrar empleos para la gente. Hay que comer mejor, consumir productos sanos y respetar los ciclos naturales. Para todo ello es preciso un cambio de mentalidad. Si se consiguen los apoyos suficientes, se podrán tomar medidas concretas para provocar un cambio.

Dice usted que la teoría del decrecimiento no es tecnófoba, pero a la vez propone una moratoria de las innovaciones tecnológicas. ¿Cómo casa eso?

Esto ha sido mal entendido. Queremos una moratoria, una reevaluación para ver con qué innovaciones hay que proseguir y qué otras no tienen gran interés. Hoy en día se abandonan importantísimas líneas de investigación, como las de la biología del suelo, porque no tienen una salida económica. Hay que elegir. ¿Y quién elige?: las empresas multinacionales.

Latouche considera que las democracias, en la actualidad, están amenazadas por el poder de los mercados. “Ya no tenemos democracia”, proclama. Y evoca la teoría del politólogo británico Colin Crouch, que sostiene que nos hallamos en una fase de posdemocracia. Hubo una predemocracia, en la lucha contra el feudalismo y el absolutismo; una democracia máxima, como la que hemos conocido tras la Segunda Guerra Mundial, con el apogeo del Estado social; y ahora hemos llegado a la posdemocracia. “Estamos dominados por una oligarquía económica y financiera que tiene a su servicio a toda una serie de funcionarios que son los jefes de Estado de los países”. Y sostiene que la prueba más obvia está en lo que Europa ha hecho con Grecia, sometiéndola a estrictos programas de austeridad. “Yo soy europeísta convencido, había que construir una Europa, pero no así. Tendríamos que haber construido una Europa cultural y política primero, y al final, tal vez, un par de siglos más tarde, adoptar una moneda única”. Latouche sostiene que Grecia debería declararse en suspensión de pagos, como hacen las empresas. “En España, su rey Carlos V quebró dos veces y el país no murió, al contrario. Argentina lo hizo tras el hundimiento del peso. El presidente de Islandia, y esto no se ha contado suficientemente, dijo el año pasado en Davos que la solución a la crisis es fácil: se anula la deuda y luego la recuperación viene muy rápido”.

¿Y esa sería también una solución para otros países como España?

Es la solución para todos, y se acabará haciendo, no hay otra. Se hace como que se intenta pagar la deuda, con lo que se aplasta a las poblaciones, y se dice que de este modo se liberan excedentes que permiten devolver la deuda, pero en realidad se entra en un círculo infernal en el que cada vez hay que liberar más excedentes. La oligarquía financiera intenta prologar su vida el máximo tiempo posible, es fácil de comprender, pero es en detrimento del pueblo.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cuando las élites fracasan

Jürgen Habermas
Der Spiegel

El Gobierno alemán puede cometer un error histórico si sigue defendiendo políticas de corto alcance que lo favorecen en casa en vez de enfrentarse a los problemas que han puesto a Europa en situación de emergencia.

Con el título, tan significativo, de “Kein deutsches Europa!” [No queremos una Europa alemana], Wolfgang Schäuble desmentía hace poco en un artículo publicado simultáneamente en diarios de Inglaterra, Francia, Polonia, Italia y España, que Alemania aspire a asumir el liderazgo político en la Unión Europea. Schäuble que, junto con la ministra de Trabajo, es el último “europeo” de corte germano-occidental que queda en el gabinete de Angela Merkel, habla desde el pleno convencimiento personal. Es cualquier cosa menos un revisionista que quiera anular la integración de Alemania en Europa y destruir así el fundamento de la estabilidad del orden de posguerra. Conoce el problema cuyo regreso debemos temer nosotros, los alemanes.

Tras la fundación del imperio en el año 1871, Alemania había adoptado una funesta posición semihegemónica en Europa, tal como expresa la famosa frase de Ludwig Dehio, “demasiado débil para dominar el continente pero demasiado fuerte para integrarse”. Y esto también contribuyó a allanar el camino hacia las catástrofes del siglo XX. La lograda unificación europea impidió, no solo a la Alemania dividida sino también a la Alemania reunificada, volver a caer en el antiguo dilema. Es evidente que la República Federal está interesada en que esto no cambie. Pero ¿no ha cambiado de hecho la situación? Es Wolfgang Schäuble quien impone a la fuerza el testarudo rumbo de Merkel en Bruselas y quien palpa la grieta que podría resquebrajar el núcleo de Europa.

Él es quien tropieza con la resistencia de los “países receptores” en los círculos de los ministros de Hacienda de la comunidad monetaria europea cada vez que bloquea los intentos de introducir un cambio de política. El impedir una unión bancaria para la asunción comunitaria de los costes de la liquidación de los bancos malos es tan solo el ejemplo más reciente de ello. Schäuble no se aparta ni un milímetro de la norma de la canciller de no cargar a los contribuyentes alemanes con nada que rebase el alcance exacto de los créditos que requieran en cada caso los mercados financieros para el rescate del euro, y que siempre han recibido como consecuencia de una “política de rescate” indisimuladamente favorable a los inversores. Por supuesto, este rumbo seguido tan tenazmente no excluye un gesto de 100 millones en créditos para las clases medias que el tío rico berlinés toma de la caja fuerte del banco nacional para sacar del apuro a los primos de Atenas que se han quedado sin blanca.

La potencia líder que se niega a sí misma

Es un hecho que el gobierno de Merkel obliga a Francia y a los “países del Sur” a aceptar su controvertida agenda de crisis mientras que la política de adquisiciones del BCE brinda un respaldo no admitido. Pero al mismo tiempo, Alemania niega su responsabilidad en el marco de una Europa global por las consecuencias desastrosas que asume al poner en práctica ese papel – considerado como algo enteramente normal - de política de poder. Solo hay que pensar en el exorbitante paro juvenil del sur de Europa como una de las consecuencias de una política de ahorro con cargo a los miembros más débiles de la sociedad. Visto de este modo, el mensaje “nada de Europa alemana” cobra también el sentido, bastante menos bonito, de que la República Federal se coloca en un segundo plano. Desde un punto de vista formal, el Consejo Europeo decide de forma unánime. Angela Merkel solo puede perseguir abiertamente intereses nacionales, o lo que ella considera como tales, como uno de los 17 miembros integrantes. El Gobierno alemán saca ventaja, incluso una ventaja desproporcionada, de la preponderancia económica del país siempre y cuando sus socios no duden de la lealtad de los alemanes hacia Europa.

Pero ¿cómo puede resultar creíble este gesto de humildad a la vista de una política que se aprovecha descaradamente de la propia preponderancia económica y demográfica? Cuando, por ejemplo, toca imponer normas de emisión de gases más estrictas para el nuevo rico que fanfarronea de sus berlinas de lujo y estas normas perjudican – por supuesto, siempre en el marco del cambio energético – a la industria automovilística alemana, la votación se retrasa, por intervención de la canciller, hasta que el grupo de presión está satisfecho o ya han pasado las elecciones al Bundestag [Parlamento]. El artículo de Schäuble responde, me parece a mí, a la irritación que este doble juego del Gobierno federal produce en los círculos de los jefes de Gobierno de los restantes países del euro.

Un Gobierno federal cada vez más aislado trata de imponer frente a Francia y a los países en crisis una dura política de ahorro en nombre de imperativos de mercado que supuestamente no dejan otra alternativa. En contra de los hechos, da por sentado que todos los estados miembros de la Comunidad Monetaria Europea pueden decidir por sí mismos sobre sus respectivas políticas económicas y presupuestarias. Si es necesario deberán “modernizar” el Estado y la economía y aumentar su competitividad con ayuda de créditos del fondo de rescate, pero siempre por cuenta propia. Esta soberanía ficticia es cómoda para la República Federal porque ahorra al socio más fuerte tener en consideración los efectos negativos que pueden acarrear sus propias políticas a los socios más débiles. Por el contrario, Mario Draghi ya advertía hace un año “que no es legítimo ni soportable desde un punto de vista económico que la política económica de países concretos entrañe riesgos que rebasen las propias fronteras y afecten a los restantes socios de la unión monetaria”.

¿Ha caído Europa en una trampa sin salida?

Hay que repetirlo una y otra vez: las condiciones poco óptimas en las que la Comunidad Monetaria Europea opera hoy día se deben al error de construcción de una Unión Política que no es plena. Por eso la clave no está en cargar los problemas sobre los hombros de los países en crisis a través de la financiación crediticia. La imposición de políticas de ahorro no puede eliminar los desequilibrios económicos existentes dentro de la zona euro. Solo se puede esperar una equiparación de estas diferencias de nivel a medio plazo como resultado de una política fiscal, económica y social común o en estrecha sintonía recíproca. Y si no se quiere derivar por completo en una tecnocracia al seguir este camino, hay que preguntar a los ciudadanos de los países europeos cómo conciben el núcleo de una Europa democrática. Wolfgang Schäuble lo sabe. Lo dice también en entrevistas concedidas a la revista Spiegel, entrevistas que no tienen consecuencias por lo que respecta a su propia actuación política.

La política europea ha caído en una trampa que Claus Offe define con precisión: si no queremos abandonar la unión monetaria, resulta, por un lado necesario y por otro impopular, llevar a cabo una reforma institucional que necesita tiempo. Por eso los políticos que desean ser reelegidos van dejando el problema para más adelante. Este dilema afecta sobre todo al Gobierno alemán, pues hace mucho que asumió con sus actos responsabilidades en el marco de una Europa global. Además, es el único que puede plantear una iniciativa prometedora para dar un paso hacia adelante, debiendo ganarse para ello a Francia. No se trata de bagatelas, sino de un proyecto en el que los hombres de Estado europeos más destacados llevan invirtiendo sus mejores energías desde hace más de medio siglo.

Pero, por otro lado, ¿qué significa realmente “impopular”? Si una solución política es razonable, no debe suponer el menor problema plantearla al electorado de una democracia. ¿Y cuándo hacerlo si no es antes de unas elecciones al Bundestag? Cualquier otra opción supone un encubrimiento tutelar. Infravalorar y exigir demasiado poco a los electores constituye siempre un error. Creo que será un fracaso histórico de las élites políticas de Alemania el seguir cerrando los ojos y hacer como si el business as usual, es decir, el forcejeo corto de miras sobre la letra pequeña a puerta cerrada, fuera la respuesta a la situación del momento.

En lugar de eso, deberían hablar claramente a sus ciudadanos, que se sienten inquietos y que jamás se ven confrontados como electores con cuestiones europeas de peso. Deberían pasar a la ofensiva y dirigir un debate, que implica una polarización inevitable, sobre alternativas que siempre tienen un coste. Tampoco deberían callar por más tiempo los negativos efectos redistributivos que deberán asumir a medio y corto plazo los “países donadores” como resultado de la única solución constructiva de la crisis, aunque ello redundará en su propio interés a largo plazo.

Vacío normativo

Conocemos la respuesta de Angela Merkel: tranquilo quehacer dilatorio. Su persona pública parece carecer de todo núcleo normativo. Desde la irrupción de la crisis griega en mayo de 2010 y el posterior fracaso en las elecciones al Parlamento de la región de Renania del Norte-Westfalia, somete cada uno de sus meditados pasos al oportunismo de la conservación del poder. Desde entonces, la astuta canciller sale adelante con una lógica clara, pero sin unos principios definidos y por segunda vez aleja cualquier tema controvertido de las elecciones al Bundestag, por no hablar de la política europea, minuciosamente aislada. Puede definir la agenda porque, si la oposición se apresura con el tema europeo, de gran carga emocional, es de temer que acabe siendo machacada con la maza de la "unión de la deuda". Y además, por obra de aquellos que solo podrían decir lo mismo si realmente llegaran a decir algo. Europa se encuentra en situación de emergencia y el poder político está en manos de quien decide qué temas pueden llegar a la opinión pública. Alemania no baila, sino que dormita sobre el volcán.

¿Fracaso de las élites? Todo país democrático tiene los políticos que se merece. Y esperar de los políticos que han sido votados un comportamiento que vaya más allá de la rutina resulta un tanto peculiar. Me alegro de vivir desde 1945 en un país que no necesita héroes. Tampoco creo en el dicho de que los individuos hacen la historia, al menos no por lo general. Solo constato que existen situaciones extraordinarias en las que la capacidad perceptiva y la fantasía, el valor y la disposición a asumir responsabilidades de los individuos que actúan marcan la diferencia en el curso de los acontecimientos.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Egipto: A las puertas de una nueva era oscura

Patrick Cockburn
The Independent

Todos los partidos en Egipto sobreactuaron en los dos años y medio siguientes a la caída de Hosni Mubarak en 2011. En los primeros meses fue la cúpula del ejército la que se engañó a sí misma creyendo que podía marginar a aquellos que pedían un cambio democrático radical. Después fue el presidente Mohamed Mursi y los Hermanos Musulmanes los que interpretaron que un triunfo electoral por estrecha ventaja les permitía gobernar en soledad. Con el golpe militar contra Mursi el 3 de julio y la masacre contra los islamistas el 14 de agosto, el ejército egipcio apostó a asegurarse una victoria y eliminar para siempre a los Hermanos Musulmanes de la vida política. Se derramó demasiada sangre como para que pueda lograrlo.

A principios de agosto hubo quienes pensaban que la crisis podía superarse. Ahora esa hipótesis es anacrónica. Los militares no querrán devolverles el poder a los líderes de la Hermandad –que están tras las rejas, incluyendo a Mursi– y éstos nunca van a legitimar un golpe contra un gobierno elegido en las urnas. No queda claro cuán lejos esperan llegar el general Abdel Fatah al Sisi y sus hombres. Probablemente los generales no estaban muy preocupados de generar un enfrentamiento sangriento. Pensaron que si los tiempos de tranquilidad política son reemplazados por batallas en las calles, guerra de guerrillas o incluso una guerra civil, entonces ello simplemente refuerza la primacía de las fuerzas de seguridad. Ese proceso está en marcha: los aliados civiles del general Sisi durante el golpe están siendo desechados o ignorados, como el Nobel Mohammed El Baradei, quien renunció a la vicepresidencia en protesta. Egipto efectivamente está bajo mando militar, si se tiene en cuenta que 10 generales retirados de la era Mubarak dirigen gobernaciones provinciales.

Muchos expertos se equivocaron en sus pronósticos y en parte se debió a que creyeron que los actores políticos actuarían persiguiendo sus mejores intereses. Pero otra vez los que están en el poder optan por estrategias autodestructivas con consecuencias desastrosas. Mursi creyó que las manifestaciones en su contra eran “absurdas e inconstitucionales”. Se convenció a sí mismo de que las fuerzas egipcias habían aceptado ocupar un rol secundario mientras sus intereses estuvieran protegidos. Los Hermanos Musulmanes asumieron la contradictoria posición de querer llevar adelante ellos mismos los desafíos de cambio y esperaron que los rivales se ciñeran a las leyes y a respetar una polémica Constitución.

Pero sus políticas fallidas llevaron a que se formara una rara alianza en su contra entre ex simpatizantes de Mubarak, el ejército, activistas de izquierda anti Mubarak, hombres de negocios, coptos, intelectuales e incluso salafistas. Por supuesto que esa alianza no podía durar mucho. Los intelectuales y progresistas que pensaban que el ejército iba a compartir el poder con otros se equivocaron.

Ahora los generales están sitiando a los Hermanos Musulmanes en todo el sentido de la palabra. Los Hermanos son demonizados como “terroristas” que “deben ser exterminados”, de acuerdo con la propaganda estatal. Puede ser que algunos islamistas tengan armas, pero la mayoría ha protestado de forma pacífica y sin armas, como ilustra la enorme cifra de víctimas. Aun cuando siguen llegando cuerpos a las morgues, el ministro de Interior, Bader Abdel Atty, dijo que los manifestantes “levantan las banderas de Al Qaida en el corazón de El Cairo. Disparan contra civiles”.

El ejército controla la mayoría de los instrumentos de poder, pero ¿puede emerger como ganador? La Unión Europea y EE.UU. repudiaron el baño de sangre de los últimos días, pero se mantuvieron callados con el golpe de Estado del 3 de julio, como para que quedara claro que preferían a los militares antes que a los Hermanos Musulmanes. Los militares tendrán presente que Washington entrena a 500 soldados egipcios al año –incluyendo al general Sisi y el jefe de la Fuerza Aérea, Reda Mahmud.

No sorprende que los generales apliquen recetas militares a problemas políticos. Y, si el uso de la fuerza fracasa, ellos lo usarán como argumento para usar más la fuerza, antes que hacer concesiones. Esa es una lección que dejó el golpe de Estado de 1980 en Turquía, en el que cientos de activistas fueron encarcelados y torturados, lo mismo sucedió en Argelia en 1992. Las dictaduras militares frecuentemente se imponen, pero a un costo espeluznante. Los egipcios serán afortunados si no empieza una era oscura de represión militar.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Castells: Redes de indignação e esperança

No início da segunda década do século XXI, muitas rebeliões eclodiram e protestos de massa aconteceram pelo mundo - a Primavera Árabe, os Indignados na Espanha, os movimentos Occupy nos Estados Unidos, Islândia, Tunísia, Egito. Embora os contextos divergissem, a crise era basicamente a mesma - as pessoas não confiavam mais nas instituições públicas e buscavam novas formas de participação na vida política.

Em Redes de indignação e esperança. Movimentos sociais na era da internet, Manuel Castells examina esses diferentes movimentos e oferece ao leitor uma análise pioneira de suas características sociais - conexão e comunicação horizontais; ocupação do espaço público urbano; criação de tempo e de espaço próprios; ausência de lideranças e de programas; aspecto ao mesmo tempo local e global. Tudo isso, observa o autor, propiciado pelo modelo da internet. Em anexos, ele ainda reconstitui passo-a-passo os movimentos abordados, com dados a que não se teve acesso na imprensa e nos canais tradicionais de informação.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Brasil: A insuportável vida nas cidades

Silvio Caccia
Le Monde Diplomatique

É preciso aproveitar a força das ruas, a brecha que ela cria para a negociação com as forças políticas. Há muito tempo que o Parlamento e o governo não estavam tão preocupados com as vozes das ruas. O grito de protesto é com a vida insuportável nas cidades, o que dá força à sociedade para disputar a gestão e o sentido das políticas públicas. Dois são os pleitos que vêm das ruas: queremos participar e controlar, e queremos equipamentos e serviços públicos gratuitos para todos e de qualidade.

É uma reação à mercantilização da vida, à exploração dos trabalhadores. Tudo que você precisa tem de ser pago. Isso chegou a um limite. Esse modelo tornou-se insuportável. A falta de dinheiro para viver dignamente impulsiona a revolta.

A luta pelo direito à cidade se orienta para a defesa dos bens públicos comuns. Água, luz, coleta de lixo, transportes poderiam ser oferecidos a todos sem cobrança de taxas. Não seria de graça. É que isso mudaria a base tributária, isto é, a cobrança desses serviços não seria mais feita ao usuário; ela seria paga pelos impostos de todos, o que abre outra questão, dessa vez sobre a justiça tributária. Quem pagaria essa conta adicional, agora dirigida ao tesouro municipal?

Mas há outra característica importante de um bem público comum. Ele passa a ser de todos, ele não é de ninguém, ele deixa de ser propriedade privada. E nessa condição cabe ao Estado geri-lo sob uma nova lógica: a do interesse público.

A conversão dos serviços públicos em bens públicos comuns e a municipalização e democratização da sua gestão são aspirações compartilhadas com povos de outras nações, que também saíram às ruas mobilizados em defesa do direito à cidade. Há casos como a “guerra da água”, em Cochabamba, na Bolívia, que expulsou uma multinacional que era prestadora privada do abastecimento de água e reconduziu esse serviço à condição de bem público comum. Também aí foi a mobilização dos cidadãos que impôs a mudança.

A democratização da gestão tornou-se um imperativo para legitimar e revigorar nossas instituições ainda chamadas de democráticas. Ou essas velhas instituições se abrem para uma reforma política, ou as mobilizações não vão parar. Também está em xeque toda a “arquitetura da participação”, dos conselhos de políticas públicas e de direitos, assim como das conferências sobre políticas públicas. Consideradas por muitos um avanço na democratização da gestão, se elas não ouvirem as vozes das ruas, se abrirem para receber novos atores, renovarem as representações e as agendas, criarem novas regras de funcionamento, podem estar chegando ao seu fim como canal de diálogo e negociação com a sociedade.

O Conselho Nacional das Cidades é, por definição, o espaço de participação cidadã na discussão e proposição de políticas urbanas. São essas políticas que levam a população ao grau de insatisfação que as faz ir às ruas e atacar as sedes de governo. Já que o Ministério das Cidades sequer se manifestou sobre a explosão da crise urbana, o Conselho das Cidades e a Conferência das Cidades podem assumir de fato o espaço de negociações, formulação de propostas de mudança e de controle de sua aplicação.

Para que isso ocorra, o governo federal terá de se abrir a uma negociação de fato, reconhecer uma nova correlação de forças, apresentar propostas de mudanças e submetê-las à legitimação da Conferência. Como caberá ao Ministério das Cidades operar essas novas políticas, recuperá-lo para a defesa do Estatuto da Cidade torna-se um imperativo.

As questões urbanas são parte e expressão de como a economia capitalista se organiza, num modelo de concentração, expulsão e predação da natureza. Não há soluções pontuais, mas as transformações sempre partem de territórios, de iniciativas que irrompem localmente.

Não há sinais na conjuntura de que essas proposições acima possam se tornar realidade. Elas são uma leitura de possibilidades trazidas pelos movimentos sociais. Elas buscam participar do debate sobre o futuro, a sociedade que queremos e como chegar lá. Compreendendo que esse é um longo processo, com muitos reveses à frente, é preciso reconhecer que a sociedade está em movimento.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

México: Contra los pueblos originários, la peor ofensiva en la historia moderna

Gloria Muñoz
Ojarasca

Nada es casualidad en la actual embestida contra los territorios de los pueblos indios en México. Se hicieron con tiempo las leyes para perpetrar el despojo; y ahora se promueven conflictos intercomunitarios para dividir a la población; se organizan consultas amañadas e ilegítimas; el capital trasnacional impone sus reglas al Estado; las empresas constructoras llegan invariablemente custodiadas por fuerzas policiacas e incluso por el ejército, pues solas, lo saben, no podrían introducir la maquinaria con la que depredarán un bosque, realizarán la perforación de una mina, desviarán el agua de un río o se robarán el viento.

Estamos presenciando la peor ofensiva contra los pueblos indios en toda la historia, que en realidad es contra la nación entera, pero como es en sus territorios donde se encuentran los recursos naturales, tan de ellos, es ahí donde se concreta la barbarie que viene con el anuncio del “progreso”.

El capital, ni hablar, sí tiene un manual. Un recorrido por algunos estados de la República permite ver lo rudimentario de las estrategias empresariales y de los gobiernos de cualquier filiación. Las implicaciones son macroeconómicas, pero los operadores inician el trabajo de casa en casa, ofreciendo espejitos por oro.

Rupestres

En la misma semana dos historias ejemplificaron el escenario de la confrontación inducida. En Real de Catorce, San Luis Potosí, y en Tepoztlán, Morelos, se pretenden imponer dos proyectos. En el primero las minas y en el segundo una carretera. En ambos lugares les ofrecieron a los lugareños 150 pesos por su beneplácito y por crear un grupo adversario al que se opone al proyecto. En Catorce son los empleados de la mina los que van casa por casa para convencerlos; en Tepoztlán, los trabajadores de la constructora Tradeco son los que “contratan” a gente de dentro y de fuera del poblado para que digan “sí a la autopista”.

En la misma semana dos historias ejemplificaron la confrontación inducida. En Real de Catorce y en Tepoztlán se pretenden imponer dos proyectos. En el primero las minas y en el segundo una carretera. En ambos lugares les ofrecieron a los lugareños 150 pesos por su beneplácito y por crear un grupo adversario al que se opone al proyecto.

Las maniobras empresariales y gubernamentales recuerdan al PRI que nunca se fue, pero también a los partidos que llegaron después y perfeccionaron la estrategia. A los pobladores de Real de Catorce les aseguran que “los huicholes les quieren quitar sus tierras” para, literalmente, ponerlos a pelear. Y en una asamblea abierta queda al desnudo la vileza de cinco proyectos mineros que pretenden instalarse en el centro sagrado de Wirikuta, lugar en el que no habitan los wixáritari pero al que peregrinan para recolectar el jíkuri (peyote) y para dejar sus ofrendas.

A la asamblea celebrada en Real de Catorce, con la presencia de cuerpos policiacos debido al clima de tensión generado, se presentó una delegación de wixaritari para disipar las dudas. Sebastián Carrillo, presidente de bienes comunales de Bancos de San Hipólito y miembro del Consejo Regional Wixárika, dice: “Amamos la tierra de corazón en estas partes de Wirikuta. Nosotros no venimos a quitarles ni un pequeño terreno. Hay un reconocimiento de que es suyo. Nos quieren poner a pelar, pero les hacemos la invitación de que caminemos juntos”.

El foro informativo se pronuncia mayoritariamente por el “no a la minas”, pero una a una llegan las personas señaladas por el resto de recibir dinero de las empresas. La decena de personas se distribuye en el auditorio. No se hablan entre ellos, sólo intercambian miradas al momento en que deciden tomar la palabra e increpar al auditorio: “Si no es en las minas, entonces dónde vamos a trabajar”. Se les promete la creación de empleos, pero, refutan en el foro, de las tres mil 100 personas afectadas por la minería, sólo 166 personas podrán aspirar a que las contraten, lo cual, evidentemente, no resuelve el problema de falta de trabajo. Además, dice otra, “aquí podemos crear alternativas sin permitir que las minas contaminen nuestra agua y nuestro aire”.

A cientos de kilómetros de distancia y con un par de días de diferencia, se intentó celebrar en Tepoztlán una asamblea de comuneros. Al auditorio rodeado de policías llega un contingente de más de 300 personas con carteles que dicen “Sí a la autopista”, una ampliación de 21 kilómetros de carretera por 60 metros de ancho, para lo cual se están expropiando, sin consulta ni autorización de los comuneros, 125 hectáreas de territorio de Tepoztlán.

Las personas con carteles llegan y se van juntas, todo el tiempo con ánimo provocador. El comunero Guillermo Hernández explica que los manifestantes ni siquiera son habitantes de Tepoztlán, sino gente que invadió la zona de reserva ecológica El Tescal, ubicada en los límites de Jiutepec y Cuernavaca, y que edificó 14 colonias. Son gente humilde a la que el gobierno del perredista Graco Ramírez promete que les reconocerá como válida la venta ilegal de tierra comunal, acusa.

Las tierras que contempla la ampliación de la carretera son altamente cultivables y pertenecen a la reserva ecológica otorgada en 1937 por el entonces presidente Lázaro Cárdenas. Pero nada de eso importa, como tampoco el hecho de que Wirikuta haya sido incorporado en 1988 a la Red Mundial de Sitios Sagrados Naturales de la Unesco, y en 1994 declarado Área Natural Protegida.

En estos tiempos son tantos los casos de despojo en territorio mexicano que cuando se termina de hacer una cuenta ya se sumaron más minas, carreteras, centros turísticos, proyectos inmobiliarios y lo que falte. El comisionado para el Diálogo con los Pueblos Indígenas, Jaime Martínez Veloz, es nombrado en no pocas asambleas como “la mano intermediaria”, el que llega con el discurso zapatista y acaba promoviendo el divisionismo y la confrontación. Es su trabajo.

Francisco López Bárcenas, abogado mixteco, resume así la situación: “A diferencia de los setentas, en la actualidad ya no son los gobiernos dictatoriales los preferidos por el capital, sino las democracias y, si son multiculturales, mejor, pues cuentan con más legitimidad, y al identificarse con el pueblo garantizan la “paz social”, situación que permite al capital financiero imponer más proyectos que a una dictadura nacionalista. Para que este tipo de gobiernos sean funcionales al capital, necesitan una única condición: que no pretendan distribuir equitativamente la riqueza del país entre todos sus habitantes; pueden incluso impulsar políticas de apoyo social, pero no acabar contra el colonialismo que sufren los pueblos.”

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Israel pone nombre a los primeros 26 presos palestinos indultados

Carmen Rengel
El País

El escepticismo es generalizado. Ni palestinos ni israelíes tienen grandes esperanzas de avanzar en el proceso negociador reabierto a finales de julio en Washington. El anuncio, en apenas seis días, de que Israel va a levantar 2.200 nuevas casas en suelo ocupado de Cisjordania y Jerusalén Este ha enervado a la delegación palestina, hasta el punto de que algunos miembros del Gobierno de Mahmud Abbas propusieron directamente no acudir a la cita que este miércoles, en Jerusalén, debe reunir por primera vez a las partes en casa. Pero no. Salirse ahora de la línea marcada llevaría a ser señalados como los culpables del fracaso. Que no se dé el paso no quiere decir que el enfado sea menor.

Israel anunció las colonias en paralelo a la liberación de presos palestinos. Una por otra, dice la prensa local. El efecto pacificador que había calculado está dando frutos. Los negociadores palestinos insisten en que Israel está tratando de “boicotear” el proceso de paz y actúa “de mala fe”, pero han reconocido, finalmente, que la excarcelación del primer grupo de reclusos (26 de 104 que saldrán libres antes de que acaben los nueve meses de negociaciones), es una buena noticia que “mejorará” el clima de diálogo, tan turbio en estos días.

El Servicio de Prisiones de Israel hizo públicos los nombres de los primeros excarcelados en la madrugada del domingo al lunes. Tras 48 horas de alegaciones, deberán salir libres entre la noche de hoy y mañana, una hora medida para evitar grandes fastos de bienvenida. Doce presos residirán en Cisjordania y el resto, en Gaza. Ninguno será reubicado en una zona que no le pertenezca. Los servicios secretos israelíes han llegado a la conclusión de que son personas con “bajo riesgo”, muy mayores. Salvo dos miembros de Hamás, dos de la Yihad Islámica y dos del Frente Popular para la Liberación de Palestina, los demás militan en Fatah, el partido de Abbas, que repudió hace años la violencia. Entre los presos seleccionados ayer hay 17 hombres con cadenas perpetuas por la muerte de ciudadanos israelíes y los demás cumplían penas superiores a los 25 años. Ocho estaban a tres años de acabar su pena y dos, a seis meses.

Todos salvo uno, como los restantes —que irán saliendo en tres tandas más—, estaban en prisión desde antes de 1993, cuando se firmaron los Acuerdos de Oslo. Israel prometió liberarlos hace 14 años. Ha habido tres amagos de suelta, que no han hecho más que ampliar la angustia de las familias y el apoyo de sus vecinos. “Este es un importante paso para la paz”, dice Issa Qaraque, ministro de Presos, en Radio Israel. Asociaciones como Addameer han lamentado que no se haya sacado a los más ancianos. Las ONG y las familias ya preparan la llegada de los liberados, sobre todo, con ingentes cantidades de comida.

Frente a su alegría están las asociaciones de víctimas del terrorismo de Israel, que ayer reunieron a cientos de personas ante el Ministerio de Defensa en Tel Aviv. “¿Nos hemos vuelto locos?”, “¿Qué paz da un asesino?”, rezaban sus pancartas. Almagor, una de las entidades, ha pedido al Tribunal Supremo que paralice la liberación.

Los palestinos recibieron también aliento por parte de la Unión Europea y Rusia, que condenaron los nuevos asentamientos. El portavoz de la jefa de la diplomacia comunitaria, Michael Mann, dijo que las colonias pueden hacer “imposible” un acuerdo e instó a ambas partes a evitar pasos que “socaven” el proceso. Más duro fue el canciller ruso, Serguéi Lavrov, “profundamente preocupado” por la actitud de Israel. “No está ayudando”, reprochó.

Casi como una respuesta al reproche de la UE, el primer ministro israelí, Benjamín Netanyahu, aprovechó su entrevista con el ministro de Exteriores alemán, Guido Westerwelle, para afirmar que las nuevas directrices comunitarias, que dejan fuera de toda cooperación de la Unión a los asentamientos, “dañan el proceso de paz” y “fortalecen la posición palestina”.

El mediador norteamericano, Martin Indyk, sigue intentando limar asperezas. Sin embargo, al equipo palestino le ha incomodado que sus especialistas, que supuestamente debían asesorar a ambas partes sobre cómo garantizar en el futuro la seguridad de los dos Estados, solo se estén reuniendo con los israelíes.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Asesinado en Brasil un activista ambiental español

Juan Arias
El País

El biólogo español, Gonzalo Alonso Hernández, de 48 años, un destacado activista ambiental, fue encontrado muerto, el pasado martes, muy cerca de su casa en una cascada de agua en el Parque Cunhambebe, en el Estado de Río de Janeiro, Brasil, país en el que vivía con su mujer desde hacía diez años. Fue ejecutado en su domicilio y después arrojado a esas aguas de un paraje que, durante años, defendió de cazadores furtivos y pirómanos que buscaban abrir espacios para la ganadería. La policía y su viuda, Maria de Lourdes Pena Campos, relacionan el crimen con sus molestas e insistentes denuncias y apuntan a que pudo haber sido torturado.

Los investigadores encontraron manchas de sangre en la casa vacía. La esposa de Gonzalo, que trabaja en Río y que vuelve a su domicilio en la sierra solo los fines de semana, se acababa de ir a trabajar.

Aunque no se ha dado aún una versión oficial de los motivos del asesinato, en el Consulado de Río, que están en contacto con la policía, ya no albergan dudas de que se ha tratado de un crimen perpetrado contra Gonzalo Alonso Hernández por su lucha contra los crímenes ambientales en el parque natural de Cunhambebe.

Su esposa confirmó que su marido “estaba siempre en guerra contra los cazadores ilegales de animales del parque y contra los incendios dolosos para abrir espacios para los ganaderos”. Gonzalo se destacaba también por su defensa de las especies de plantas y animales en peligro de extinción.

El biólogo fue trasladado por Telefónica a Brasil, donde ejerció como director en Río de Janeiro de la empresa de telefonía móvil Vivo. En 2005 dejó su cargo para dedicarse exclusivamente a la labor ambiental. Trabajaba como voluntario en la ONG Instituto Terra, que está ligada a la norteamericana CNT.

La policía confirmó que de la casa del biólogo asesinado faltó solo el ordenador, probablemente para apagar las huellas de sus denuncias en el campo ambiental. Sus asesinos cortaron también la línea telefónica y la luz de su casa.

La viuda resaltó el hecho de que el biólogo fuera ejecutado en su casa y su cuerpo arrojado después a una cascada de agua del parque cuya protección llevaba defendiendo desde hacía ocho años. Ella, según admitió a este diario, no tiene la menor duda de que el crimen fue cometido por los que se sintieron tocados por sus denuncias. “Nunca tuvo más enemigos, que aquellos a los que denunciaba por sus ilegalidades contra la naturaleza”, dijo muy afectada aún por la tragedia, pero con entereza.

Gonzalo Alonso Hernández nunca había recibido amenazas explícitas. Lo único anormal que la viuda recuerda es que vieron sobrevolar sobre la casa, el día anterior al asesinato, un helicóptero en vuelo raso, algo que nunca había acontecido antes. En aquel momento no le dieron importancia.

Felipe Paranhos, de la ONG Instituto Terra, que conocía al activista, explicó que el biólogo trabajaba también con un proyecto de las autoridades del Gobierno de Río de Janeiro para la protección de las aguas de aquel parque. Se trata de agua potable muy importante desde el punto de vista ambiental.

“Ayudaba mucho a todos en esta lucha para proteger los nacimientos de agua”, dijo Paranhos. Preguntado sobre lo que pensaban de él las autoridades locales, explicó lo siguiente: “Gonzalo llegó con la mentalidad europea de que todo lo que es ilegal hay que denunciarlo abiertamente”. Y añadió: “Y usted sabe que en Brasil la mentalidad es diferente”. Se refería a que aquí no se puede desafiar abiertamente ciertos intereses protegidos muchas veces por los caciques locales.

Una de las principales razones por las que la policía sospecha que se trata de un crimen ordenado por aquellos que se veían desenmascarados por el ecologista español es el hecho de que lo único que robaron de su casa fue el ordenador. “Probablemente lo hicieron para adueñarse de las informaciones recogidas por el biólogo contra los que actuaban ilegalmente en el parque”, afirmó el delegado de policía, Marco Antonio Alves.

domingo, 4 de agosto de 2013

El cambio climático es el más rápido desde el tiempo de los dinosaurios

Alicia Rivera
El País

Es el proceso más acelerado que ha registrado el planeta desde la extinción de los dinosaurios, hace 65 millones de años.

El cambio climático no es una novedad en la historia del planeta, pero el calentamiento actual, provocado por la actividad de la especie humana —y esto sí que es insólito—, es al menos diez veces más rápido que los producidos, por causas naturales, en los últimos 65 millones de años, es decir, desde la extinción de los dinosaurios. Alertan al respecto los científicos que han aunado el conocimiento actual sobre el cambio climático en un informe especial de la revista Science. Y puntualizan que el aumento de las temperaturas de unos cinco grados centígrados que se registró al finalizar la última Edad de Hielo en la Tierra es aproximadamente el mismo que puede producirse a finales de este siglo, respecto a la media de 1986-2005. En ese momento, las olas de calor extremo en verano o las lluvias torrenciales serán la norma cada año y no la excepción.

“Sabemos que en los cambios del pasado los ecosistemas respondieron a cambios de temperatura de unos pocos grados a lo largo de miles de años, pero la trayectoria climática sin precedentes en la que estamos ahora conlleva un cambio en décadas, lo que significa órdenes de magnitud más rápidas”, ha explicado Noah Suresh Diffenbaugh, uno de los autores de la investigación. “Estamos ya viendo que algunas especies afrontan el reto del ritmo acelerado de cambio”, añade.

Hace 20.000 años, al final de la Edad de Hielo, la Tierra experimentó un aumento de temperatura de unos cinco grados centígrados. A medida que se retiraba hacia latitudes más altas la capa helada que cubría gran parte de Norteamérica, las plantas y los animales recolonizaron las tierras que iban liberándose, explican los científicos de la Institución Carnegie y de la Universidad de Stanford autores del nuevo informe.

Hace 55 millones de años, la concentración de dióxido de carbono en la atmósfera era comparable a la actual, según muestran los estudios de paleoclima. En aquel tiempo, el Ártico no tenía hielo en verano (fenómeno que, según los climatólogos, se dará de nuevo dentro de unos años) y en las tierras cercanas hacía suficiente calor como para que vivieran allí palmeras y caimanes.

Los modelos que elaboran los científicos para describir la evolución del clima futuro indican que, si las emisiones de CO2 no se controlan, las temperaturas en Norteamérica, Europa y Asia Oriental habrán subido de dos a cuatro grados entre 2046 y 2065, y cinco o seis grados por encima de la media actual a finales de siglo. Esos modelos climáticos permiten analizar la respuesta física de la atmósfera y de los océanos a los cambios en las concentraciones de gases de efecto invernadero. “Con un escenario de futuro de altas emisiones, el mayor cambio climático se registra en las latitudes altas del hemisferio norte, pero todos los territorios del planeta se calientan dramáticamente”, señala Chris Field, director del Departamento de Ecología Global de la Institución Carnegie.

Los científicos analizan en su informe los efectos de estas alteraciones sobre los ecosistemas y advierten que muchas especies tuvieron en el pasado que adaptarse o migrar, ante la presión del calentamiento, para evitar la extinción. Pero la situación puede no ser ahora la misma: “Hay dos diferencias clave para los ecosistemas, en las próximas décadas, en comparación con el pasado geológico”, señala Diffenbaugh en un comunicado de Stanford. “Una es la rapidez del moderno cambio climático y la otra es que actualmente hay múltiples presiones humanas que no están presentes hace 55 millones de años, como la urbanización y la contaminación de las aguas”. Los científicos han calculado la velocidad de desplazamiento que necesitarían las especies para alcanzar zonas con temperatura adecuada: en gran parte del planeta tendrían que migrar al menos un kilómetro al año hacia los polos o hacia las zonas altas de las montañas.

El informe de Science señala que es posible atenuar los efectos del cambio climático si se ralentiza y se reduce su magnitud controlando las emisiones de gases de efecto invernadero que lo provocan. “Pero hay una inercia”, recuerda Diffenbaugh. “Si cada nueva planta de energía o fábrica en el mundo produjera cero emisiones, todavía presenciaríamos el impacto [del calentamiento global] debido a las infraestructuras existentes y a los gases ya emitidos”.

Los científicos recuerdan que hay incertidumbres en las proyecciones climáticas ante el futuro, como el efecto de las nubes o el ciclo del carbono, pero afirman que la mayor incertidumbre reside en el nivel que alcanzarán de las emisiones de la actividad humana.

sábado, 3 de agosto de 2013

Bradley Manning: condenado por sus convicciones

Amy Goodman
Democracy Now!

“La guerra es una estructura peligrosa, que puede desmoronarse fácilmente y sepultarnos entre sus escombros”, escribió Carl von Clausewitz, el general y teórico militar prusiano del siglo XIX en su texto “De la guerra”, hace casi 200 años. Esta cita fue tomada del capítulo “La información en la guerra”, un tema que resuena fuertemente en la actualidad desde lugares tan disímiles como Fort Meade, Maryland, donde un tribunal militar acaba de hallar culpable al soldado Bradley Manning de espionaje; hasta la Embajada de Ecuador en Londres, donde el fundador de WikiLeaks, Julian Assange, vive desde hace más de un año, tras haber recibido asilo político para evitar ser procesado en Estados Unidos; pasando por Rusia, donde el informante de la Agencia de Seguridad Nacional Edward Snowden recibió asilo temporal.

La condena de Manning suscitó un interés momentáneo entre los miembros de los medios dominantes de Estados Unidos, que dedicaron muy poca atención al consejo de guerra que se desarrolló a lo largo de dos meses, apenas unos kilómetros al norte de Washington D.C. Los seguidores de Manning expresaron alivio de que fuera absuelto de la acusación más grave presentada en su contra: colaborar con el enemigo, algo que le hubiera significado una condena a cadena perpetua. Sin embargo, fue hallado culpable de 20 de los 22 delitos que se le imputaron, y podría ser condenado a hasta 136 años en prisión. El tribunal se pronunciará acerca de la condena en las próximas semanas.

“Bradley Manning es un mártir ahora. Todo el mundo entiende que Bradley Manning le brindó información a los medios acerca de crímenes de guerra y de la política en torno a la guerra, y alguna de esa información se publicó en los medios. No se lo acusa de haber trabajado para intereses extranjeros, ni de haberse beneficiado personalmente con las revelaciones. Han puesto a Bradley Manning en una situación injusta, en la que afronta una pena de hasta 136 años de prisión. Eso desprestigia al Gobierno de Estados Unidos y a la justicia de ese país”, afirmó Julian Assange desde la embajada de Ecuador en Londres. “El veredicto es claramente un intento de quebrantar a los informantes, pero no lo lograrán”.

Cabe resaltar que el ex Secretario de Defensa de Estados Unidos Robert Gates le envío una carta al senador Carl Levin en 2010, en la que escribió acerca de las filtraciones: “Hasta el momento, la investigación no ha revelado que la filtración haya puesto en peligro ninguna fuente ni método de información”.

Bradley Manning realizó una declaración al inicio del Consejo de Guerra, en la que asumió la responsabilidad de las filtraciones, pero, lo que es más importante, expresó su motivación para hacerlo. Manning habló específicamente del video de la masacre de una docena de civiles en Bagdad el 12 de julio de 2007, registrado por el propio helicóptero Apache que les estaba disparando. Dos de las víctimas mortales trabajaban para la agencia de noticias Reuters: el camarógrafo Namir Noor-Eldeen, de 22 años, y su chofer, Saeed Chmagh, que tenía cuatro hijos.

Podemos escuchar las propias palabras de Manning, gracias a una grabación de audio no autorizada de su declaración, que se filtró en forma anónima. Manning afirmó: “Sin embargo, el aspecto más aterrador del video para mí fue la masacre perpetrada aparentemente con placer por el grupo de armas aéreas. Deshumanizaron a las personas a las que disparaban y no parecían valorar para nada la vida humana. Se referían a ellos como 'malditos muertos', y se felicitaban entre ellos por la capacidad de matar a muchas personas a la vez. En un momento del video se puede ver a una persona en el suelo intentando arrastrarse hasta un lugar seguro. Estaba gravemente herida. En lugar de llamar a una ambulancia, un miembro del equipo de armas aéreas solicitó a la persona herida que tomara sus armas para tener motivo para dispararle. …Para mí, esto se parece mucho a un niño que tortura hormigas con una lupa”.

Una de las acusaciones de las que Manning fue hallado culpable fue la de “publicación arbitraria”. Es una acusación sin precedentes en el derecho militar. El abogado de Manning dijo que se trata de un delito inventado. El verdadero delito, del que nadie fue acusado, es la arbitraria falta de respeto por la vida humana que Manning denunció.

La filtración de Bradley Manning les dio a Reuters y al mundo una imagen clara del horror de la guerra moderna y de la muerte violenta de dos trabajadores de los medios en el cumplimiento de su deber. Como afirmó el joven soldado en su elocuente declaración: “Pensaba que si el público en general, en particular el público estadounidense, tenía acceso a la información que contenían [las filtraciones], se podría suscitar un debate nacional sobre el papel de las fuerzas armadas y de nuestra política exterior en general, con relación a Irak y Afganistán”.

De hecho, Bradley Manning suscitó el debate. La última ola de filtraciones, la de Edward Snowden, ayudó a intensificarlo, y hasta generó una inusual alianza en el Congreso entre legisladores demócratas y republicanos que tiene como objetivo restringir el alcance de lo que muchos consideran un Estado de seguridad nacional exacerbado. Si bien la semana pasada la propuesta de enmienda presentada por el representante republicano Justin Amash y el demócrata John Conyers fue rechazada en la Cámara Baja por una diferencia mínima de votos, ambos redactaron un proyecto de ley aparte denominado H.R. 2399 con el mismo objetivo.

Carl von Clausewitz escribió: “La gran incertidumbre que rodea los datos disponibles en la guerra constituye una dificultad característica, porque, hasta cierto punto, la acción debe ser dirigida prácticamente a oscuras”. Bradley Manning realizó actos muy valientes para publicar información, atravesar la barrera de ocultamiento de la guerra y hacer públicos los perversos mecanismos del tipo de guerra estadounidense moderna. Edward Snowden ha revelado la sofisticación y el alcance extraordinario del Estado de vigilancia en Estados Unidos, que reprime a quienes se atreven a revelar información importante. Mientras tanto, Julian Assange permanece encerrado entre las cuatro paredes de la embajada, perseguido por el crimen de publicar información. Sin embargo, quienes planificaron las guerras, quienes cometieron los crímenes de guerra y quienes realizan el espionaje ilegal están, por el momento, en libertad.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

La Mitad Lejana (José Seves - Horacio Salinas)



¿Cómo andan tu vida,
tus horas, tu calle, tu lluvia,
tus deudas eternas, tus cuotas?

Dime.

¿Cómo están la familia,
los niños nacidos, crecidos,
los viejos contando demora?

Cuenta si es tan duro
cargar en los hombros
el peso de un día
y de noche jugar el sudor
de vertiente sedienta
en amante de gozo.

Dime si con esas proezas gigantes
acortas la espera,
si esperanza te refresca
para armarte de un poco
de sueños para el otro día.

Yo estoy bien,
pero me urge saber
cómo está mi espejo,
mi reflejo, mi mitad lejana,
la mitad de mi herencia,
mi media mirada,
la mitad que no encuentro,
de mi gota de agua.

Yo estoy bien
pero hazme saber
si han visto mi alma
cuando escapa
lejos de mi cuerpo
y feliz regresada
desde aquel abismo
y me cuenta el abrazo
de un futuro reencuentro.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Juicio a Manning: incongruencia y descomposición

Editorial
La Jornada

A más de tres años de su detención en Irak, el soldado estadunidense Bradley Manning fue declarado culpable de 20 de los 22 delitos que se le imputaron en un tribunal militar, entre los que destacan el espionaje y el robo de información, por lo que podría pasar hasta 136 años en prisión en caso de que la juez responsable del caso imponga la máxima pena posible. Aunque la justicia militar estadunidense desestimó la acusación contra Manning por ayudar al enemigo, el más grave y desproporcionado de los cargos fincados en su contra, la posibilidad de que el marine de 25 años pase el resto de sus días en la cárcel da cuenta de la enorme incongruencia que afecta al sistema judicial de Estados Unidos.

En efecto, la condena contra Manning se produce a pesar de que las autoridades judiciales reconocieron que la información sustraída del Departamento de Defensa no fue entregada a alguna organización o Estado enemigo de Washington, sino a la organización encabezada por Julian Assange; por lo demás, tales revelaciones nunca representaron una amenaza para la seguridad de Estados Unidos, sino en todo caso para la perpetuación de las prácticas criminales e inhumanas cometidas por esa superpotencia y documentadas en las filtraciones de Manning a Wikileaks. Con esos elementos de contexto, la insistencia en enjuiciar al soldado estadunidense por "colaborar con el enemigo" da cuenta de que el proceso judicial en su contra no estuvo motivado por un afán legalista, sino por un ensañamiento de Estado contra el joven militar, haciendo uso de la manipulación propagandística e ideológica de la justicia.

Por lo que hace a la declaratoria de Manning como culpable de espionaje, el fallo palidece a la luz de las revelaciones realizadas por el ex consultor de inteligencia militar estadunidense Edward Snowden, las cuales han exhibido al gobierno de Washington como operador de una vasta red de espionaje telefónico y cibernético que ha afectado a millones de personas y gobiernos en todo el mundo y que acusa, por añadidura, una debilidad estructural que la hace particularmente proclive a las filtraciones: como recordó la defensa del propio Manning, las necesidades humanas de la operación de dicha red hacen que cientos de miles de personas, entre trabajadores, empleados del gobierno y contratistas, tengan acceso a información considerada confidencial por la Casa Blanca y el Pentágono.

La incongruencia es mayor si se toma en cuenta que, mientras dicha red está orientada a la obtención de información para los intereses geopolíticos y económicos de la superpotencia, el afán que motivó la actuación de Manning en el episodio comentado es, hasta donde se sabe, irreprochablemente ético y democrático.

Por último, es impresentable que se condene a un soldado por difundir información de prácticas criminales e inhumanas cuando la mayor parte de los responsables y autores materiales e intelectuales de las mismas permanecen impunes. En efecto, en la circunstancia presente resulta improbable el emprendimiento de juicios contra George W. Bush, Dick Cheney, Condoleezza Rice y otros ex funcionarios que a base de mentiras y ocultamientos involucraron a Estados Unidos en dos guerras colonialistas e injustificables, en el marco de las cuales murieron miles de estadunidenses y cientos de miles de iraquíes y afganos.

Otro tanto puede decirse de los responsables de los actos de barbarie difundidos por el propio Manning, como el asesinato de un reportero de la agencia Reuters y 10 personas más por la tripulación de un helicóptero Apache en julio de 2007; las múltiples torturas en las cárceles clandestinas controladas por el Pentágono; el ocultamiento de miles de muertes y el asesinato de civiles a manos de tropas invasoras, y otras prácticas criminales cuyos autores no sólo no han pisado la cárcel, sino que posiblemente han sido condecorados como héroes de guerra.

La persecución emprendida por el gobierno estadunidense contra quienes han tenido el valor de hacer públicos la barbarie y los abusos cometidos al amparo del poder planetario es un síntoma más de la descomposición moral, política y jurídica en que se encuentra la superpotencia.