segunda-feira, 31 de março de 2014

A mudança climática trará mais pobreza, êxodos e violência

Elena Sevillano
El País

Os impactos do aquecimento global já são visíveis em todos os continentes e em todos os oceanos, alerta o mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que traça um panorama futuro muito sombrio se os líderes mundiais não agirem em tempo. Caso medidas não sejam adotadas, o texto prevê que durante este século aumentará o deslocamento de populações, particularmente nas zonas costeiras que serão afetadas pela elevação do nível do mar, pelas inundações e a erosão costeira. O relatório também alerta para a queda nas safras, a extinção de espécies e a degradação dos ecossistemas. E aponta, inclusive, para o risco de conflitos violentos ou guerras civis.

O IPCC, a maior rede científica no mundo dedicada a estudar as mudanças climáticas, divulgou nesta segunda-feira, em Yokohama (Japão), a segunda das três partes de seu relatório de atualização sobre a literatura científica do aquecimento, chamado AR5. Suas centenas de autores, escolhidos pela Organização das Nações Unidas, tiveram mais que o dobro de estudos que a última vez (o AR4 é de 2007) para produzir relatórios que serão fundamentais nas negociações das próximas cúpulas internacionais sobre o clima. O relatório do Grupo I, lançado em setembro, concluiu que a atividade humana é a responsável pelas mudanças climáticas. Agora, o Grupo II apresentou sua revisão dos impactos, a vulnerabilidade dos territórios e as possibilidades de adaptação.

Os efeitos do aquecimento global não são uma ameaça futura e vaga, uma vez que já podem ser observados em muitas regiões, garante o IPCC no seu resumo para os políticos responsáveis pelo tema: fenômenos meteorológicos extremos, como ondas de calor, secas e ciclones; colheitas menos abundantes; alterações das chuvas que afetam o acesso aos recursos hídricos... E o mundo está “mal preparado” para lidar com os impactos futuros, acrescentou o comunicado de imprensa que acompanha o documento. O texto foi fechado no fim de semana com os formuladores de políticas e reduz algumas das disposições contidas em um rascunho vazado na semana passada. Abaixo estão alguns dos alertas das previsões apresentadas no relatório:

Conflitos. A previsão é de que a mudança climática aumente o deslocamento de populações durante o século XXI, especialmente em países em desenvolvimento, diz o texto, acrescentando: “Indiretamente, pode aumentar o risco de conflitos violentos em forma de guerra civil entre as comunidades ao ampliar fatores instigadores de conflitos bem documentados como a pobreza e perturbações econômicas”.

Mais pobreza. Os perigos relacionados com o clima “afetam diretamente” as vidas dos mais pobres porque têm impacto em seus meios de vida, na redução das safras, na destruição de suas moradias e, de forma indireta, ao aumentar os preços dos alimentos e a insegurança alimentar.

Costas. O previsível aumento do nível do mar esperado durante o século XXI irá causar inundações e erosão do litoral. Ao mesmo tempo, as projeções mostram que o crescimento da população, o desenvolvimento econômico e uma maior urbanização atrairão mais pessoas para as zonas costeiras, de modo que o perigo será maior. O relatório afirmou que os custos de adaptação a esta realidade variam muito entre os países. No caso de algumas nações em desenvolvimento e de pequenos Estados insulares, fazer frente aos impactos e aos custos de adaptação pode supor vários pontos percentuais de seu Produto Interno Bruto (PIB).

A segurança alimentar. O aquecimento global, o aumento dos níveis do mar e as mudanças nas chuvas afetarão as terras agrícolas. E não para o bem, de acordo com o relatório. No caso de grandes culturas (trigo, arroz e milho) em regiões tropicais e temperadas, o texto falou de “impacto negativo” nas safras se as temperaturas subirem mais de dois graus Celsius e não forem tomadas medidas de adaptação.

Saúde. O relatório observa que a carga de doenças causadas pelas mudanças climáticas é pequena em comparação com outras consequências e que não está bem quantificada. No entanto, o texto acrescenta que já há evidência do aumento da mortalidade associada mais ao calor do que ao frio em algumas áreas como resultado do aquecimento. As alterações de temperatura e a chuva já alteraram a distribuição de algumas doenças transmitidas pela água, acrescenta. Os riscos futuros incluem problemas de saúde em áreas costeiras e pequenas ilhas devido à elevação do nível do mar e às inundações [RFC 1-5], bem como em grandes populações urbanas devido a enchentes no interior. Até a metade do século XXI, o impacto consistirá no “agravamento de problemas de saúde já existentes”. Em longo prazo, mas dentro do século, os cientistas acreditam que a saúde vai piorar em regiões de países em desenvolvimento.

Oceanos. Os efeitos da mudança climática já estão sendo notados: maior aquecimento (provoca deslocamento de espécies marinhas, como o bacalhau atlântico em direção a latitudes polares), acidificação e deficiência de oxigênio.

Ecossistemas. Alguns habitats “únicos e ameaçados” já estão em perigo devido à mudança climática. Se a temperatura média subir um grau, aumentará o risco de “consequências graves”. Com um aumento de dois graus, o risco aumentará para muitas espécies com capacidade de adaptação limitada, especialmente nos recifes de coral e o Ártico. O texto alerta que, se nada for feito, as mudanças em alguns ecossistemas podem ser “abruptas e irreversíveis”.

As zonas rurais. O texto chama a atenção para o perigo que se esconde em áreas rurais devido ao acesso insuficiente à água potável e para irrigação e ao declínio na produtividade das culturas. Os agricultores e pecuaristas em regiões semiáridas serão os mais afetados em um futuro próximo.

O acesso à água. O relatório diz que os recursos renováveis superficiais e subterrâneos “serão reduzidos significativamente” na maioria das regiões subtropicais, o que “intensificará a concorrência pela água entre os setores”.

Mudanças climáticas devem fortalecer a extrema-direita

Renato Grandelle
O Globo

Relatório indica que perda de recursos naturais provocará migrações em massa da África para Europa

A chegada em massa de africanos na Europa racha o discurso do Velho Mundo: um estrato da sociedade defende políticas assistencialistas; outro ergue a bandeira da direita radical e hostil aos “invasores”. No Ártico, o derretimento das geleiras acirra a tensão entre as grandes potências mundiais, que cobiçam as novas rotas de navegação e a extração do petróleo. Milhões de pessoas deixarão o Leste da Ásia, constantemente inundado, e, no Brasil, nordestinos trocarão suas casas pelo Sudeste. Estes conflitos, entre tantos outros que já aparecem timidamente no cenário internacional, provocarão ainda mais embaraços nas próximas décadas. A explicação para tantos episódios caóticos é a mesma, as mudanças climáticas.

Divulgado neste domingo, o novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) dedica um capítulo inteiro à relação entre clima e segurança. Esta é a primeira vez que o órgão deu ênfase à ligação entre clima e crescimento da extrema-direita.

Segundo o IPCC, a temperatura global pode aumentar, no máximo, 2 graus Celsius para que o clima do planeta seja “administrável”. Mais do que isso, o homem perderia o controle sobre os fenômenos naturais. Hoje, no entanto, acredita-se que os termômetros devem chegar a mais de 4 graus Celsius até o fim do século. Com isso, aumenta a ocorrência de eventos climáticos extremos, que arrasam os recursos fundamentais para a economia de cada país: terras cultiváveis e água, principalmente.

A escassez acirra questões que já são sensíveis, alerta Suzana Kahn, vice-presidente do IPCC e professora da Coppe/UFRJ. O ambiente alterado aumentará o fosso entre as nações. Populações inteiras, que têm muito pouco a perder, vão se transformar em refugiados climáticos. Em um mundo já lotado, elas sempre serão recebidas com hostilidade. Criamos um barril de pólvora.

Confrontos pela água

Os eventos climáticos extremos atingirão com maior ferocidade os países em desenvolvimento, especialmente na região tropical. A desertificação africana já provoca o deslocamento das populações, que voltarão cada vez mais suas atenções para a Europa. Assustado com o assédio de suas ex-colônias, o Velho Mundo testemunha o crescimento dos militantes anti-imigração. Um exemplo é o referendo no mês passado na Suíça, em que a nação optou por permanecer fora da União Europeia. O resultado foi citado como um modelo por líderes da extrema-direita de países como Áustria, França e Itália. O Brasil pode ter sua própria onda migratória. A desertificação do sertão e do Leste da Amazônia levaria mais pessoas para as já saturadas capitais do Centro-Sul do país.

Coordenador de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur concorda que a disputa por água e alimentos será uma das maiores motivações para os confrontos deste século. A queda da disponibilidade de água vai gerar um cenário de incerteza, destaca. O estresse hídrico pode ser visto em diferentes partes do mundo. O Leste da Ásia, cada vez mais sacudido por eventos extremos, como furacões, pode não ter a água necessária para abastecer sua população. Outro exemplo é a disputa, entre Rio e São Paulo, pela Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Para Fábio Scarano, coautor do relatório do IPCC e vice-presidente sênior da Divisão da América da Conservação Internacional, a América Latina é uma das áreas vulneráveis aos confrontos protagonizados pela água: “Em nosso continente, a água é usada para energia, irrigação e saneamento nas cidades. À medida que o clima traz impacto à sua disponibilidade, as atividades econômicas correm risco e aumenta a competição pelos recursos naturais”.

Efeitos seguirão por décadas

O aquecimento global, no entanto, é festejado em regiões como o Norte da Rússia, onde a maior exposição ao Sol vai proporcionar mais áreas cultiváveis. Mas o derretimento do gelo vem acompanhado de polêmicas, como a maneira de explorar gás e mineração, entre outras riquezas pouco estudadas da região.

Durante a Conferência do Clima de Copenhague, em 2009, representantes do Conselho Circumpolar Inuit, da Groenlândia, denunciaram o aumento da presença militar naquele território. O degelo do Ártico também traz um conflito em potencial, alerta Suzana. Sem as geleiras, novas rotas de navegação estão sendo criadas, e o petróleo da região está atraindo as grandes potências. Mais uma disputa surge ali.

Mesmo que as emissões de carbono fossem interrompidas agora, o que sequer é cogitado, os efeitos das mudanças climáticas seguirão por décadas, inclusive a possibilidade de confrontos. Os mais vulneráveis às mudanças climáticas são os pobres, destaca Scarano. Então, os objetivos devem ser reduzir a miséria e, ao mesmo tempo, adaptar os ecossistemas.

domingo, 30 de março de 2014

La NSA tenía un archivo con datos de 122 jefes de Estado

Enrique Müller
El País

La poderosa Agencia Nacional de Seguridad (NSA) de Estados Unidos tenía una base de datos ultrasecreta con las informaciones que la agencia recolectó sobre jefes de Estado y de Gobierno. En 2009 incluía los nombres de 122 personalidades, lo que supone los líderes de dos tercios de los países del planeta. La agencia recopilaba cientos de informes sobre cada uno de ellos. El apartado sobre la canciller alemana, Angela Merkel, incluye 300 informes.

Este nuevo capítulo del escándalo del espionaje masivo de EE UU fue revelado este sábado por el semanario Der Spiegel, que tuvo acceso a documentos clasificados como “ultrasecretos” obtenidos por el ex analista de la NSA Edward Snowden, ahora refugiado en Rusia. La documentación revelada por la revista muestra una relación de 12 nombres. Un listado en el que una docena de líderes (aliados y enemigos) están ordenados alfabéticamente por el nombre de pila: comienza con la A de Abdulá Badawi, que dejó el cargo de primer ministro de Malasia en 2009, e incluye también a Alán García, presidente de Perú; Álvaro Colom, de Guatemala; Álvaro Uribe, de Colombia (700 informes), el palestino Abu Mazen [apodo de Mahmud Abbas], el bielorruso Aleksander Lukashenko, la citada Angela Merkel, Abdulali Yusf, de Somalia; Amadou Touré, de Malí. La letra B solo incluye al sirio Bachar el Asad (con 800 entradas, es el que tiene un expediente más abultado) y la lista concluye con la Y de Yulia Timoshenko (200 informes), que en 2009 era primera ministra de Ucrania y hoy es una dirigente opositora.

Los documentos en poder de la revista editada en Hamburgo también señalan que la fuente que se utilizó para alimentar la base de datos fue el programa Marina, una herramienta informática que recoge metadatos que le permite registrar quién llama a quién, cuándo, desde dónde y por cuánto tiempo.

“El banco de datos sirve para obtener informaciones sobre objetivos que de otra manera serían difíciles de conseguir”, explica el semanario, que pone énfasis en un aspecto que puede dar inicio a una nueva crisis diplomática entre Alemania y Estados Unidos. “Los documentos demuestran que la canciller fue un objetivo oficial de espionaje y que la NSA almacenó informaciones sobre ella”, señala, y concluye que estos documentos pueden ser decisivos para que la Fiscalía alemana abra una investigación contra la NSA.

La posibilidad de que la justicia alemana abra un proceso contra la agencia de espionaje ya había sido discutida a comienzos de año en las más altas esferas del Gobierno alemán, cuando el ministro de Justicia, Heiko Maas, informó al entonces ministro de Asuntos Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, sobre los planes de la fiscalía. “Temo que se nos viene algo gordo encima”, le dijo Maas a su compañero de Gabinete, al revelarle que la Fiscalía General, responsable de la lucha antiterrorista y de combatir el espionaje enemigo en suelo alemán, había decidido, tras meses de dudas, investigar a la NSA por haber espiado uno de los teléfonos móviles de Merkel. La canciller tiene previsto visitar al presidente Barack Obama en mayo.

El propio Obama reconoció en diciembre que las revelaciones sobre los programas de vigilancia de la NSA habían “causado un daño innecesario a la diplomacia” del país, informa Eva Saiz. El viernes presentó un proyecto legislativo para poner fin al programa de recopilación masiva e indiscriminada de llamadas.

sábado, 29 de março de 2014

Barack Obama: el Presidente menos transparente de la historia

Amy Goodman y Denis Moynihan
Democracy Now!

“Mi administración se compromete a crear un nivel de transparencia del Gobierno sin precedentes”, escribió el Presidente Barack Obama el 29 de enero de 2009, apenas días después de haber asumido la presidencia. Y agregó: “La transparencia fortalecerá nuestra democracia y promoverá la eficiencia y la eficacia del Gobierno”. Hoy, tras seis años de mandato, la “nueva era de transparencia del Gobierno” parece otra gran promesa cínicamente incumplida.

Durante el “Sunshine Week”, el evento que la industria de los medios de comunicación celebra cada año para educar a la población sobre la importancia de la transparencia del Gobierno, Associated Press informó que “el año pasado, más que nunca antes en la historia, el Gobierno censuró partes de expedientes gubernamentales o directamente denegó el acceso a ellos al público en virtud de la Ley de Libertad de Información de Estados Unidos (FOIA)”. El informe de AP agrega: “El año pasado fue el peor desde que Barack Obama asumió la presidencia en lo que respecta a los esfuerzos del Gobierno de ser más transparente con respecto a sus actividades”.

La noticia no tomó por sorpresa a Ryan Shapiro, un estudiante de posgrado del Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) que acaba de entablar una demanda a nivel federal contra el FBI, la CIA y la Agencia de Seguridad Nacional (NSA) para intentar obtener registros públicos sobre el papel desempeñado por Estados Unidos en el arresto de Nelson Mandela en 1962, que lo harían pasar los siguientes 27 años en prisión. Cuando sus solicitudes de información sobre Mandela, en virtud de la Ley de Libertad de Información, fueron denegadas, Ryan Shapiro decidió entablar una demanda. “Quiero encontrar estos expedientes, en primer lugar, porque me interesa saber por qué la comunidad de inteligencia de Estados Unidos consideraba a Mandela una amenaza a la seguridad estadounidense y qué papel desempeñó la comunidad de inteligencia de Estados Unidos en el boicot a la lucha de Mandela por la justicia racial y la democracia en Sudáfrica”.

Cuando Shapiro presentó su pedido de información a la NSA para obtener detalles del arresto de Mandela hace más de 50 años, la agencia le respondió: “Con respecto a su solicitud de información de inteligencia sobre Nelson Mandela, hemos determinado que la existencia o inexistencia de los materiales que solicita es actualmente un asunto clasificado”. ¿Medio siglo más tarde?

Shapiro también quiere obtener información sobre la inclusión de Mandela en la lista de sospechosos de terrorismo de Estados Unidos hasta 2008, muchos años después de que fuera el primer presidente de Sudáfrica elegido democráticamente y varios años después de haber obtenido no solamente el Premio Nobel de la Paz, sino también la Medalla de Oro del Congreso de Estados Unidos y la Medalla Presidencial de la Libertad, condecoración otorgada por el presidente de Estados Unidos. Le pregunté a Shapiro por qué quería obtener los documentos. “La respuesta está relacionada con una concepción muy estrecha de la seguridad nacional, esta concepción miope que antepone las alianzas militares y el lucro empresarial a los derechos humanos y las libertades civiles”.

Por su trayectoria, Shapiro tiene un interés personal en el hecho de que el Gobierno califique a los activistas de “terroristas”. En 2002, participó en un acto de desobediencia civil cuando se infiltró en una granja donde se crían patos para la producción de foie gras: “Los animales están encerrados en jaulas tan pequeñas que no pueden estar de pie, ni moverse ni extender las alas, estas condiciones horrorosas son la regla general en los criaderos industriales. Rescaté o robé abiertamente a los animales de la granja industrial y realicé un documental al respecto. Lo hice como un acto de desobediencia civil, pero es un delito, por el que tuve que cumplir 40 horas de servicio comunitario”. Desde entonces, buena parte de los estados del país han ido aprobando las denominadas leyes ‘Ag-Gag’ que equiparan este tipo de activismo por los derechos de los animales con actos de terrorismo y pueden implicar penas de prisión severas.

Shapiro afirma que la tesis en la que está trabajando, titulada: “Cuerpos en Guerra: animales, la libertad científica y la seguridad nacional en Estados Unidos”, investiga “el uso de la retórica y el aparato de seguridad nacional para marginar a los activistas que protegen los derechos de los animales, desde el siglo XIX hasta la actualidad ”. Para encontrar la respuesta a su investigación, Shapiro necesita acceder a una gran cantidad de documentos públicos. Ha presentado 700 solicitudes ante el FBI, en virtud de la Ley de Libertad de Información, y está en busca de 350.000 documentos clasificados, lo que le ha ganado el mote del solicitante “más prolífico” del Departamento de Justicia. Por su parte, El FBI calificó parte de su tesis como una amenaza a la seguridad nacional.

En 2008, cuando Barack Obama estaba en plena campaña electoral, era a menudo presentado como catedrático de derecho constitucional. Como tal, suponemos que estudió las obras de uno de los autores de la Constitución, James Madison, el cuarto Presidente de Estados Unidos, considerado el “Padre de la Declaración de Derechos”. Madison escribió en 1822: “Un gobierno popular, sin información popular ni los medios para obtenerla, no es sino el prólogo de una farsa o una tragedia, o quizá de ambas”. Tras las revelaciones de Edward Snowden acerca del amplio espionaje y vigilancia de la NSA y los pésimos antecedentes de falta de transparencia del Gobierno, el Presidente Obama ya ha sobrepasado trágicamente la farsa.

quinta-feira, 27 de março de 2014

América Latina, entre el extractivismo y el Buen Vivir

Diego Jiménez
Diagonal

Durante los últimos años han florecido en distintos países de América Latina procesos de transformación que, desde las instituciones, vienen a romper con décadas de políticas neoliberales y parecen abrir la puerta a modelos más justos en lo económico y más respetuosos con la diversidad y el medio ambiente. En este camino se encuentran con la tarea de afrontar el extraordinario peso que sigue teniendo el extractivismo como principal fuente de ingresos económicos, pero también de conflictos sociales.

Analizar el extractivismo desde un prisma exclusivamente económico nos daría una visión incompleta y sesgada del fenómeno. Los grandes proyectos mineros han sido y continúan siendo la piedra angular del sistema de exclusión y despojo territorial en el que se asentaron primero la Colonia y después los Estados racistas surgidos de la independencia. En su nombre se cometieron las mayores atrocidades que ha vivido el continente, desde el exterminio de las sociedades originarias en el siglo XVI hasta el intento de genocidio que sufrieron los pueblos supervivientes, como el mapuche en el siglo XIX o los mayas a finales del siglo XX.

Con la excusa del progreso se selló la dependencia económica latinoamericana, asentada en el rol de la región como productora de materias primas a escala global, y se levantó el sistema colonial, capitalista y patriarcal que aún persiste. Extractivismo no es, pues, un término neutro, sino una construcción que contiene un profundo significado simbólico e histórico.

Los límites del neoextractivismo

Siendo conocedores de este punto de partida, los actuales Gobiernos progresistas se han esforzado por levantar -con éxito dispar- un discurso alternativo al tradicional, que ha impregnado incluso los textos constitucionales de países como Bolivia o Ecuador. Surge así, supuestamente en consonancia con el paradigma del Buen Vivir, el imaginario del neoextractivismo, que abogaría por seguir aprovechando los recursos naturales para financiar las necesidades sociales de las poblaciones, remarcando el carácter transicional del modelo, garantizando un mayor respeto por los valores ambientales y asegurando el reparto de las rentas obtenidas en base a una mayor presencia del Estado, como una poderosa herramienta de redistribución de la riqueza.

Los proyectos mineros han sido y siguen siendo la piedra angular del sistema de exclusión y despojo territorial. Dos fracasos recientes se encargan de mostrar las debilidades del discurso. Por un lado, el caso de la explotación petrolera en el territorio mapuche de Neuquén, donde la expropiación de YPF a Repsol por parte del Estado argentino derivó finalmente en la entrada de Chevron -una de las petroleras más dañinas del mundo- para reabrir las operaciones. Y por otro, el abandono por parte de Ecuador, tras años de tímidas gestiones gubernamentales, de la Iniciativa Yasuní-ITT, la cual pretendía salvaguardar la diversidad biológica y cultural de este parque amazónico, constituyendo un fondo internacional a cambio de renunciar a su explotación.

Se evidencia así la persistencia de algunas de las amenazas que el neoextractivismo pretendía resolver: ni se garantiza un menor impacto ambiental, ni se limita el poder de los sujetos privados transnacionales, ni se toman en cuenta las decisiones tomadas por los pueblos que habitan los territorios afectados.

El recurso de la represión

Pero aún más grave es la constatación de que los tics represivos que caracterizaban al extractivismo tradicional permanecen, y lo hacen en forma de criminalización y ataques contra los colectivos que se oponen a los grandes proyectos de infraestructuras, mineros o de producción energética. En Ecuador siguen su curso al menos 40 procesos judiciales en contra de dirigentes de la Confederación de Pueblos y Nacionalidades Indígenas (CONAIE), por delitos de terrorismo, sabotaje y obstrucción de vías, en el marco de las protestas contra la Ley de Aguas y de Minería. Y en Bolivia continúa abierta la dolorosa herida de la represión policial en Chaparina, contra la VII Marcha Indígena de los Pueblos del Oriente, Chaco y Amazonía Boliviana, en 2011, que se oponía a la construcción de una carretera que atravesaría un territorio indígena (el TIPNIS).

Es justo señalar que el nivel de violencia institucional es incomparablemente menor que el practicado por los anteriores gobiernos neoliberales, y también que está a años luz del terror que padecen decenas de comunidades indígenas de Guatemala o de Colombia, cuyos principales dirigentes son amenazados, detenidos o asesinados de una forma tristemente cotidiana.

No obstante, parece clara la incongruencia de estas respuestas en el marco de un modelo que debería tender hacia el Buen Vivir, es decir, hacia la armonía y el equilibrio entre las diferentes comunidades humanas, y entre éstas y la Naturaleza.

En la encrucijada

En este escenario, las posibilidades de encontrar puntos de encuentro entre los sectores enfrentados, que propicien espacios de acuerdo y diálogo, parecen remotas. La brecha abierta entre Gobiernos -arropados, no se olvide, por un notorio apoyo electoral y por diversas expresiones sociales organizadas, incluyendo parte del movimiento indígena- y colectivos opositores, parece crecer a diario, como consecuencia de posturas cada vez más cerradas de una y otra parte.

Situación que es bien vista, e incluso alentada, por sectores ajenos al proceso, los cuales no dudan en aprovechar cada paso en falso para tratar de truncar unas posibilidades de transformación que siguen abiertas. Una encrucijada extremadamente compleja, de cuya resolución puede depender nada menos que las posibilidades de hallar un modelo verdaderamente trascendente al sistema impuesto por la globalización.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Sobre la cobardía y la irrelevancia de la ciencia social académica

Anthony DiMaggio
CounterPunch

El último libro del economista francés Thomas Piketty está siendo objeto de muchos comentarios: todavía hay esperanzas en la educación superior para los intelectuales serios y los académicos decentes. El libro Capital in the Twenty-First Century [El capital en el siglo XXI] acaba de salir este mes y plantea graves cuestiones sobre el valor de la ciencia social académica dominante.

Piketty es bien conocido por tenerla tomada con la academia: la acusa de producir montañas de basura de escaso valor práctico para la sociedad y para las políticas públicas. Tras conseguir una sólida posición académica en el MIT a sus tempranos veinte a comienzos de los 90, decidió volver a Francia. Según cuenta él mismo, "no me parecía muy convincente el trabajo de los economistas estadounidenses". Sus colegas "andaban demasiado preocupados por ínfimos problemas matemáticos que sólo les interesaban a ellos". El consejo de Piketty a los académicos futuros: "empezad con cuestiones fundamentales y tratad de dar buena cuenta de ellas". Piketty ha seguido desde luego su propio consejo. Junto con su colega, el economista Emanuel Sáez, ha logrado la celebridad en los últimos años produciendo investigaciones que marcan un hito en el estudio de la desigualdad sin precedentes actualmente existente en los EEUU del incipiente siglo XXI. Analizando datos fiscales del IRS [siglas del Internal Revenue Service, el servicio de estudios de la Hacienda norteamericana], Piketty y Sáez han demostrado que, a mitad de la primera década de este siglo, la desigualdad en los EEUU alcanzó cotas nunca vistas desde el comienzo de la Gran Depresión. El uno por ciento más rico de los norteamericanos –eso mostraban sus datos— se lleva una cuarta parte de todo el ingreso anual anterior a la recaudación fiscal.

Las conclusiones de Piketty y Sáez resultan demoledoras para los numerosos mandarines, columnistas y tertulianos que insisten machaconamente en que la desigualdad no es un problema grave en los EEUU de hoy, y que Norteamérica sigue siendo el "país de las oportunidades" para todos quienes estén "dispuestos a trabajar lo suficientemente duro". En realidad, los EEUU ostentan –sólo sobrepasados en eso por Canadá— la segunda más baja "tasa de fuga" de la pobreza de todos los países ricos, del primer mundo. Los norteamericanos se descubren trabajando más horas por menos salario y entre constantes incrementos generalizados del coste de la vida. La investigación de Piketty y Sáez abre también grandes boquetes en la inveterada conclusión –muy común entre los economistas— de que el neoliberalismo de "libre mercado" produce resultados óptimos para las masas norteamericanas. Si la desigualdad sigue creciendo en una era en la que los trabajadores se ven trabajando más y más horas, eso habla mal del potencial de movilidad económica ascendente.

Volviendo al asunto de la academia, Piketty tiene un arsenal de palabras poco amables para los académicos actuales: "Para decirlo llanamente, la disciplina de la teoría económica tiene todavía que superar su pueril pasión por las matemáticas y por la especulación puramente teórica, a menudo superlativamente ideológica y siempre a expensas de la investigación histórica y de la colaboración con otras ciencias sociales… Ser economista académico en Francia ofrece una gran ventaja: aquí los economistas no son demasiado respetados en el mundo académico e intelectual o entre las elites políticas y financieras. Están obligados a dejar de lado su desdén por otras disciplinas y esa absurda pretensión de mayor legitimidad científica a pesar de no saber casi nada de casi todo. Ese es en cualquier caso el encanto de la disciplina y de las otras ciencias sociales en general: uno empieza desde la casilla uno, de manera que alguna esperanza hay de hacer progresos substanciales… la verdad es que la teoría económica no debería haberse empeñado jamás en divorciarse de las otras ciencias sociales, porque sólo podrá progresar con ellas. Las ciencias sociales, todas ellas, saben demasiado poco como para perder el tiempo en necias rebatiñas sobre fronteras disciplinarias. Si tenemos que hacer progresos en nuestra comprensión de la dinámica histórica de la distribución de la riqueza y la estructura de las clases sociales, es obvio que tenemos que adoptar un enfoque pragmático y hacernos con los métodos de los historiadores, los sociólogos, los politólogos y también los economistas… Las disputas disciplinarias y las guerras de posición por lindes carecen de importancia."

Me puedo sumar a los comentarios de Piketty. Los problemas detectados en la teoría económica son comunes en todas las ciencias sociales. Mi propia disciplina –la ciencia política— esta dominada desde hace tiempo por la sobrespecialización y la oscuridad: plagada de académicos excavando en nichos extremadamente angostos y planteándose una y otra vez cuestiones de utilidad práctica limitada, por decir lo menos. Es un problema muy embarazoso, francamente. Para dar un ejemplo, los congresos profesionales de ciencia política reproducen una y otra vez "investigación" de baja calidad, carente totalmente de relevancia para el norteamericano medio. Un subcampo en auge en la ciencia política es nada menos que la investigación del modo de medir el fenómeno político, sin la menor noción o visión de la vida política o del mundo político propiamente dicho. A esa investigación se la conoce como "metodología política". Un aura de mística rodea a ese subcampo a medida que crece en prominencia. Lo abrazan muchos politólogos envidiosos de la teoría económica. Los politólogos están convencidos de que si buena parte de la investigación cuantitativa producida por la disciplina parece demasiado complicada de entender (buena parte de la misma está escrita en ecuaciones formales y no habla de nada en particular, limitándose a presentar oscuras pruebas estadísticas), entonces debe ser "buena" y un indicio de pensamiento "superior" y gran "pericia" profesional. En realidad, ese trabajo a menudo lo desarrollan aspirantes a matemáticos sin nada que decir sobre una vida política real de la que todavía saben menos. Sus adeptos no gastan su tiempo en observar el proceso político: poco tienen, pues, que ofrecer al conocimiento del mundo real. Toda la pericia estadística del mundo de poco vale, si no sabes nada de tu objeto de estudio. Para demostrar cuán lejos se halla esa investigación de las masas de norteamericanos, reparen ustedes en los títulos de estos trabajos académicos presentados a un congreso nacional venidero de ciencia política:

* "Los ajustes para los sesgos de confusión con tratamiento multivariable: el registro covariado de propensión equilibrada en los regímenes de tratamiento categórico"

* "¿El mejor de los mundos posibles? Puesta a prueba de la robustez en modelos transversales de series temporales con tratamientos ficticios alternativos plausibles"

* "Evaluación de la robustez de los estimadores con la técnica del número de elementos bajo errores métricos aleatorios y no aleatorios"

* "Test empírico del Lapso Espacial-Autoregresivo frente a los Componentes de Error Inobservados Espacialmente Correlacionados"

Es sólo una pequeña fracción de los miles de trabajos presentados cada año en mi disciplina. En Norteamérica se asiste al desarrollo de carreras académicas enteras sin el menor interés por el modo en que podrían reasignarse los recursos con vistas a fortalecer el bien común. Los doctorandos de ciencias sociales raramente son socializados por sus directores de tesis o sus tutores en la comprensión de la importancia de producir investigación que sea de utilidad en el mundo real. Lo más común es tomar como indicio de seriedad y "potencial" académico la producción de todo lo contrario: publicar en revistas académicas esotéricas muy prestigiosas, leídas sólo por un pequeño puñado de científicos sociales dispersos por todo el país. Esos trabajos son totalmente ignorados por los políticos, porque están escritos en un lenguaje arcano y rebosante de jerga, jamás escritos pensando en lectores ajenos al ínfimo club de iniciados en la ciencia política. La disciplina ha enviado un claro mensaje al mundo: cuanto más difícil de entender resulta la investigación y cuanta menos gente la lea, tanto más seria y estimable es la capacidad intelectual de su autor.

Lleva razón Piketty en su condena de la autocastración de unas ciencias sociales en pos del prestigio y desdeñosas de los descubrimientos prácticos y del compromiso político. Resultar irrelevante para el mundo político no hace a la propia investigación interesante o valiosa: pero este mensaje encuentra oídos sordos en las enquistadas ínsulas en que se han convertido los departamentos de ciencias sociales. Una razón capital del desdén de los académicos por el compromiso político es la cobardía. La gran mayoría de académicos han sido socializados durante toda su vida en la creencia de que tienen que mantener siempre la "objetividad" y de que tomar posición en un asunto resultaría herético. El grueso de los académicos opera con mentalidad de manada: tienen pánico al comportamiento no convencional. Produciendo investigación de interés para el mundo real, uno desafía las reglas sagradas que gobiernan la ciencia social "objetiva" que celebra las agendas de investigación esotéricas. Salir de esa vía trillada pondría en peligro el prestigio de uno y se correría el riesgo de que los colegas te vieran como "poco profesional". Ese tipo de presiones logran que los académicos sean parte del problema, no parte de la solución. Sus vidas están diseñadas para no desafiar el status quo del poder político y económico ni las injusticias que los rodean.

Tal vez algún día los académicos de la corriente principal se verán urgidos a producir investigación interesante y útil para la mejora de la sociedad. Un cambio radical así sólo tendrá lugar merced a la presión exterior del contribuyente norteamericano y de la opinión pública. Los padres (financiadores de esta vergüenza de investigación académica) y los contribuyentes al fisco tendrán que presionar a las universidades y centros de educación superior para que reevalúen sus prioridades y dejen de asignar recursos valiosos a las necias (y estériles) agendas de investigación que campan hoy por sus respetos en la academia norteamericana. Hay demasiado en juego como para permitir que los académicos sigan despeñándose por los derrotaderos de la irrelevancia.

sábado, 22 de março de 2014

Venezuela: La revuelta de los ricos

Mark Weisbrot
The Guardian

Las imágenes forjan la realidad, lo que da a la televisión, los videos y hasta a las fotografías un poder con el que pueden cavar profundo en la mente de las personas, incluso sin que ellas se den cuenta. Pensé que también yo era inmune a los repetitivos retratos de Venezuela como Estado fallido en medio de una rebelión popular. Pero no estaba preparado para lo que vi en Caracas este mes: qué poco de la vida cotidiana parecía estar afectado por las protestas, la normalidad que reina en la gran mayoría de la ciudad. También yo había sido engañado por la imaginería mediática.

Grandes medios han reportado que los pobres en Venezuela no se han unido a las protestas de la oposición de derecha, pero esto es un eufemismo: no es solamente que los pobres se abstienen -en Caracas, son casi todos excepto pocas áreas como Altamira, donde pequeños grupos de manifestantes se meten en batallas nocturnas con las fuerzas de seguridad, lanzan piedras y bombas incendiarias y corren del gas lacrimógeno.

Caminando desde el barrio de clase trabajadora Sabana Grande hasta el centro de la ciudad, no hay señales de que Venezuela esté al borde de una "crisis" que requiera la intervención de la Organización de Estados Americanos (OEA), a pesar de lo que John Kerry diga. El Metro también trabajaba muy bien, aunque no pude bajarme en la estación Altamira, donde los rebeldes habían puesto su base de operaciones hasta que los sacaron esta semana.

Logré ver las barricadas por primera vez en Los Palos Grandes, área de clase alta donde los manifestantes sí tienen apoyo popular y los vecinos gritarán a cualquiera que trate de remover las barricadas –algo arriesgado de intentar (al menos cuatro personas aparentemente han sido asesinadas a tiros por hacerlo). Pero incluso aquí en las barricadas, la vida era bastante normal, excepto por algún tráfico fuerte. El fin de semana, Parque del Este estaba lleno de familias y corredores sudando en un calor de 32 grados –antes de Chávez, había que pagar para entrar y los habitantes, según me dijeron, estaban decepcionados porque a los menos acomodados se les permitía entrar gratis. Los restaurantes siguen llenos en la noche.

Viajar ayuda a verificar la realidad un poco más, por supuesto, y yo visité Caracas principalmente para obtener información en el área económica. Pero vine escéptico respecto al cuento, reportado a diario en los medios, de que el desabastecimiento de productos básicos era la razón para las protestas. La gente a la que la escasez le crea más molestias es, por supuesto, los pobres y las clases trabajadoras. Pero los habitantes de Los Palos Grandes y Altamira, donde vi verdaderas protestas, tienen sirvientes que hacen cola para lo que necesitan y tienen el ingreso y el espacio para acumular algo de existencias.

Esta gente no está sufriendo –les está yendo muy bien. Sus ingresos han aumentado a buen paso desde que el gobierno de Chávez tomó control de la industria petrolera hace una década. Incluso tienen un gran apoyo del gobierno: cualquiera con una tarjeta de crédito (excepto pobres y millones de la clase trabajadora) tiene derecho a US$ 3.000 por año, a una tasa de cambio subsidiada. Después, pueden vender los dólares seis veces más caros de lo que pagaron, en lo que suma un subsidio anual multimillonario en dólares para los privilegiados – y todavía estos son los que abastecen la base y a las tropas de la sedición.

La naturaleza de clase de esta lucha siempre ha sido cruda e irrefutable, ahora más que nunca. Caminando entre las masas que fueron a las ceremonias por el aniversario de la muerte de Chávez, el 5 de marzo, se veía un mar de venezolanos de la clase trabajadora, decenas de miles de ellos. No había ropas caras o zapatos de US$ 300. Qué contraste con las masas descontentas de Los Palos Grandes, que tenían camionetas todoterreno Grand Cherokee de US$ 40.000 portando el eslogan del momento: SOS Venezuela.

En lo que se refiere a Venezuela, John Kerry sabe de que lado de la guerra de clases está. La semana pasada, justo cuando me iba, el Secretario de Estado de Estados Unidos duplicó su descarga de retórica contra el gobierno, acusando al presidente Nicolás Maduro de fomentar una "campaña de terror contra su propio pueblo". Kerry también amenazó con invocar la Carta Democrática Interamericana de la OEA contra Venezuela, así como de aplicar sanciones.

Alardear sobre la Carta Democrática contra Venezuela es casi como amenazar a Vladimir Putin con un voto de la ONU sobre la secesión en Crimea. Quizás Kerry no se dio cuenta, pero apenas unos días antes de sus amenazas, la OEA votó una resolución que Washington introdujo contra Venezuela y le dio la vuelta, declarando la "solidaridad" del organismo regional con el gobierno de Maduro. Veintinueve países la aprobaron y sólo los gobiernos de derecha de Panamá y Canadá se aliaron con Estados Unidos contra ella.

El artículo 21 de la Carta Democrática de la OEA aplica ante la "interrupción inconstitucional del orden democrático de un Estado miembro" (como el golpe militar de 2009 en Honduras, al cual Washington ayudó a legitimar, o el golpe militar de 2002 en Venezuela, que tuvo aún más colaboración del gobierno estadounidense). Debido a este voto reciente, la OEA podría invocar la Carta Democrática más en contra del gobierno de Estados Unidos, por las muertes que causan sus drones a ciudadanos estadounidenses sin juicio, de lo que podría hacerlo contra Venezuela.

La retórica de "campaña de terror" de Kerry está igualmente divorciada de la realidad y como era de esperarse provocó una respuesta equivalente del canciller de Venezuela, que llamó "asesino" a Kerry. Esta es la verdad sobre las acusaciones de Kerry: desde que comenzaron las protestas en Venezuela, resulta que más personas han muerto de la mano de los manifestantes que de las fuerzas de seguridad. De acuerdo a las muertes reportadas por el CEPR (Centro de Investigación en Economía y Política) durante el último mes, además de los asesinados por tratar de remover las barricadas puestas por los manifestantes, por lo menos siete aparentemente han muerto debido a las obstrucciones creadas por los manifestantes –incluyendo un motorizado que se degolló con una guaya colocada en la carretera– y cinco oficiales de la Guardia Nacional han sido asesinados.

Respecto a la violencia por parte de cuerpos de seguridad, presuntamente tres personas podrían haber sido asesinadas por la Guardia Nacional u otras fuerzas de seguridad , incluyendo dos manifestantes y un activista que apoyaba al gobierno. Algunas personas acusan al gobierno de otras tres muertes por civiles armados; en un país con un promedio de más de 65 homicidios por día, es completamente posible que esta gente actuara por su cuenta. Un total de 21 miembros de las fuerzas de seguridad están bajo arresto por supuestos abusos, incluyendo por algunos de los asesinatos. Esto no es una "campaña de terror".

Al mismo tiempo, es difícil encontrar una denuncia seria sobre la violencia opositora entre los más importantes líderes de la oposición. Según datos de encuestas, las protestas son rechazadas en gran medida en Venezuela, aunque se ven mejor afuera cuando son promovidas como "protestas pacíficas" por gente como Kerry. Las encuestas también sugieren que la mayoría de los venezolanos ven estos disturbios como lo que son: un intento de derrocar un gobierno elegido.

La política interna de la postura de Kerry es bastante simple. Por un lado, tienes el lobby cubano-americano de la derecha de la Florida y sus aliados neoconservadores gritando a favor del derrocamiento. A la izquierda de la extrema derecha, bueno, no hay nada. A esta Casa Blanca le importa muy poco América Latina y no hay consecuencias electorales por hacer que la mayoría de los gobiernos del hemisferio se molesten con Washington.

Quizás Kerry piensa que la economía de Venezuela colapsará y que eso llevará a algunos de los venezolanos no ricos a las calles contra el gobierno. Pero la situación económica en realidad se está estabilizando: la inflación mensual bajó en febrero y el dolar del mercado paralelo ha bajado drásticamente ante las noticias de que el gobierno está introduciendo una nueva tasa de cambio basada en el mercado. Los bonos soberanos de Venezuela tuvieron un rendimiento de 11,5% desde el 11 de febrero (el día que comenzaron las protestas) al 13 de marzo, el más alto rendimiento según el índice de bonos de mercados emergentes de Bloomberg. La escasez probablemente bajará en las próximas semanas y meses.

Por supuesto, esto es exactamente el principal problema de la oposición: la próxima elección será dentro de un año y medio y para esa fecha, la escasez económica y la inflación que han aumentado tanto en los últimos 15 meses se habrán aliviado. En este sentido, la oposición posiblemente perderá las elecciones legislativas, así como ha perdido cada elección en los últimos 15 años. Pero su actual estrategia insurreccional no está ayudando a su propia causa: parece que han dividido a la oposición y unido a los chavistas. El único lugar donde la oposición parece estar ganando amplio apoyo es en Washington.

quarta-feira, 19 de março de 2014

América Latina: Golpes blandos

Luis Bruschtein
Página 12

Aquellos viejos villanos, los peores del barrio, los que hacían el trabajo sucio de los señoritos, los militares, han sido descartados. Las elites ya no entregan a sus filas a ninguno de sus hijos. No hay dobles apellidos y ya no son invitados a las reuniones conspirativas de los grandes señores que a veces ya los miran con cierta desconfianza. Los golpes militares, aquella pesadilla infinita, han caído en el desprestigio, perdieron glamour, han pasado de moda. Ahora se habla de golpes blandos.

El golpe blando consiste en travestir a una minoría en mayoría, amplificar sus reclamos, crispar las controversias y enfrentamientos y desgastar a la verdadera mayoría que gobierna, hasta hacerla caer por medio de alguna farsa judicial como fue en Honduras, o parlamentarista, como en Paraguay o forzando una intervención extranjera como se pretende hacer en Venezuela. Es más complicado que los golpes militares, pero, a diferencia de ellos, tiene el colorido de estos tiempos, con sus arquetipos de tiranuelos bananeros en el bando de los malos, y un bando de los buenos con sus arquetípicos luchadores por la libertad, con sus simulacros de épicas remasterizadas y con sus falsos discursos de heroísmos ciudadanos, todos ellos, buenos y malos, diseñados como protagonistas de una película de acción clase Z por las grandes herramientas de dominación: las corporaciones mediáticas.

En otras épocas, la derecha le reclamó con razón a la izquierda por su poca vocación democrática. Pero cuando las izquierdas populares no elitistas ni vanguardistas se volcaron a la democracia y ganaron elecciones, han sido las derechas las que no aceptaron el juego democrático.

Las derechas tienen siempre a su favor el poder económico y el gran poder de la época: los supermedios. Las izquierdas han legitimado con votos sus gobiernos y son reacias a sostenerse por la fuerza porque valoran esa legitimidad que fundamenta sus mandatos. Son movimientos cualitativamente diferentes a los de sus orígenes del siglo XX. Han desarrollado una práctica electoral que antes apenas tenían. Han perdido elecciones y se han mantenido en la oposición en marcos institucionales. Han ganado elecciones con mucho esfuerzo y, a diferencia de los viejos sectarismos, han desarrollado estrategias con mucha flexibilidad y amplitud, han gestionado con mayor o menor eficiencia, y han formado cuadros de gestión de los que antes carecían. Son calidades que no eran muy características de las izquierdas o progresismos o movimientos nacionales y populares del siglo XX. Y esencialmente son calidades de la democracia.

Estas corrientes políticas latinoamericanas han crecido en calidades democráticas y han sido refrendadas electoralmente varias veces. En Chile volvió el socialismo con Michelle Bachelet después del gobierno derechista de Sebastián Piñera, en El Salvador ganó por segunda vez la vieja guerrilla del Farabundo Martí y esta vez con un ex comandante guerrillero como candidato.

El voto democrático es el principal aliado de estos gobiernos. Entonces desde la derecha dicen que la democracia no es solamente el voto. Lo cual es cierto. Si la mayoría que gobierna no respeta a las minorías, hay una democracia imperfecta. Pero si sucede al revés, si las minorías quieren imponerse sobre las mayorías que ganaron elecciones, ya ni siquiera es una democracia imperfecta, sino que es una dictadura. De eso se tratan los golpes blandos.

En abril del año pasado en Venezuela, por ejemplo, Nicolás Maduro ganó por escaso margen las elecciones presidenciales a toda la oposición nucleada detrás de la candidatura de Henrique Capriles. Sin ningún prurito democrático, al perder por escaso margen, el candidato conservador desconoció el triunfo legítimo de su adversario. Y fue respaldado por una campaña internacional de los grandes medios para que nadie reconociera al gobierno de Maduro. Hasta hoy en día, la Casa Blanca no lo ha hecho. La oposición y Washington creían que esa escasa ventaja a favor del bolivariano desaparecería rápidamente y quedaría como un gobierno débil, vulnerable a cualquier acción destituyente.

Tres meses después de las elecciones presidenciales hubo elecciones municipales. En una situación muy desfavorable, tras la muerte de un líder carismático como Hugo Chávez, al que debió reemplazar, y con muchos problemas en la economía, Maduro no sólo no perdió esa ventaja sino que la amplió a más de diez puntos y más de un millón de votos. Fue un desastre para la oposición, que creía que finalmente había llegado el momento de cortar el proceso chavista.

El liderazgo de Capriles quedó resquebrajado y Leopoldo López quiso aprovecharse. Capriles sigue siendo mayoría en la oposición y sostiene una estrategia menos violenta. López es hijo de una alta ejecutiva de la organización Cisneros, el principal multimedia del país y convocó a la gente a la calle hasta “echar a Maduro”. Fueron manifestaciones violentas con barricadas y francotiradores y en ese marco también se produjeron desbordes de la represión. O sea, la minoría de la minoría está en las calles, levanta barricadas y tiene francotiradores. Pero los medios lo presentan como el descontrol de una situación social y tratan de presionar en la OEA para provocar una intervención extranjera. Eso sería un golpe blando.

Venezuela no es un paraíso, afronta problemas importantes. Al igual que todos los países latinoamericanos, ha sido cuestionada por la Comisión Interamericana de Derechos Humanos por la situación en las cárceles. Tiene un problema grave de inseguridad. Los estudiantes se incorporaron a las marchas después del asesinato de dos de ellos por delincuentes comunes. También afronta una inflación fuerte y desabastecimiento de algunos productos. Pero hay un gobierno respaldado por la mayoría de la población para solucionar esos problemas. El sector de Capriles ha insistido en que no apoyan las marchas violentas. Solamente se moviliza una minoría violenta que cuenta con el respaldo de los Estados Unidos y de los grandes medios de la región.

Para respaldar a este sector minoritario de la oposición venezolana, las principales asociaciones de editores de diarios en América latina, entre los cuales se incluyen La Nación y Clarín, de la Argentina, lanzaron el programa Todos Somos Venezuela. Participan en esa operación la Asociación de Editores de Diarios y Medios Informativos (Andiarios), el Grupo Diarios de las Américas (GDA) y el Grupo Periódicos Latinoamericanos (PAL). En estas corporaciones están representadas las cadenas latinoamericanas de grandes medios escritos. La operación consiste en que cada periódico tendrá la obligación de publicar una página titulada “Todos somos Venezuela, sin Libertad de Prensa no hay Democracia” con información que será elaborada por los medios opositores de Venezuela.

La decisión de esta corporación regional aparece casi como una confesión, aunque agreguen en un párrafo que también publicarán la información oficial. Se trata de una corporación de multimedios que avanza sobre la soberanía política de un país, conspirando abiertamente contra sus instituciones democráticas. Pone en evidencia la decisión de hacer campaña, de debilitar al gobierno de Maduro, de mostrar la imagen trucada de una supuesta pueblada y de disfrazar de mayorías libertarias a las minorías violentas.

El dispositivo mediático es como la caballería de los golpes blandos. Está poniendo toda su potencia de fuego sobre Venezuela, pero las marchas opositoras van perdiendo intensidad y la realidad más compleja de ese país empieza a filtrarse por entre esa imagen grotesca que diseña la barrera informativa. Un elemento a favor de ese proceso ha sido la decisión de los gobiernos de la Unasur que advierten el peligro institucional al que tratan de empujarlos. Los cancilleres reunidos la semana pasada en Santiago de Chile decidieron que a Caracas viajará una misión de la Unasur para respaldar las instituciones democráticas y no para hacerles el juego a los más violentos de la derecha opositora como quería el departamento de Estado norteamericano en la OEA, así como el presidente panameño Ricardo Martinelli, uno de sus operadores regionales.

Las fuerzas políticas en general comienzan a reconocer una problemática que en la Argentina se debatió intensamente con la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual. El rol antidemocrático que plantean las situaciones dominantes en el universo de la información es cada vez más evidente. Una expresión de ese proceso reactivo fue esta semana la decisión del gobierno mexicano de obligar a desmonopolizarse a Televisa, el principal multimedia de ese país y el mayor de habla hispana. La disputa por democratizar la información es la disputa por democratizar las sociedades y prevenir estos golpes blandos.

terça-feira, 18 de março de 2014

Arabia Saudita, sitiada y temerosa

Immanuel Wallerstein
La Jornada

Durante mucho tiempo, al régimen saudí se le ha considerado pilar de estabilidad en Medio Oriente; el país convocaba respeto y prudencia de todos sus vecinos. Esto no es ya cierto, y los primeros en reconocerlo son los jugadores internos en el régimen. Hoy se sienten sitiados por todas partes y están bastante temerosos de las consecuencias de los disturbios en Medio Oriente para la supervivencia del régimen.

Este vuelco deriva de la historia de Arabia Saudita. El reino mismo no es muy viejo. Fue creado en 1932, mediante la unificación de dos reinos más pequeños de la península arábiga: Hejaz y Neid. Era una parte del mundo aislada y pobre que se había liberado a sí misma del dominio otomano durante la Primera Guerra Mundial, y que vino a estar bajo el eje paracolonial de Gran Bretaña.

El reino estaba organizado en términos religiosos por una versión del islam sunita llamado wahabismo (o salafismo). El wahabismo es una doctrina de tipo puritano muy estricta que fue notablemente intolerante no sólo hacia las religiones diferentes al islam, sino hacia las otras versiones del islam mismo.

El descubrimiento del petróleo habría de transformar el papel geopolítico de Arabia Saudita. Fue una firma estadunidense, después llamado Aramco –no una firma británica– la que logró conseguir los derechos de prospección en 1938. Aramco buscó la asistencia del gobierno de Estados Unidos para explotar los campos.

Una consecuencia del interés de Aramco, combinado con la visión que tuvo el presidente Franklin Roosevelt del futuro geopolítico de Estados Unidos, fue la ahora famosa reunión de Roosevelt con el gobernante de Arabia Saudita, Ibn Saud (y que en ese momento pasó casi desapercibida). Esta reunión ocurrió el 14 de febrero de 1945, a bordo de un destructor estadunidense en el mar Rojo. Pese a la grave enfermedad de Roosevelt (habría de morir dos meses después) y a la falta de experiencia alguna respecto de la cultura y la tecnología occidentales por Ibn Saud, los dos líderes lograron forjar un respeto mutuo y genuino. El intento de deshacer esto por el primer ministro Winston Churchill en una reunión que de inmediato arregló resultaría ser bastante contraproducente, porque fue visto como arrogante por Ibn Saud.

Aunque buena parte de la discusión privada de cinco horas entre Roosevelt e Ibn Saud estuvo dedicada a la cuestión del sionismo y Palestina –acerca de lo que tenían visiones bastante diferentes–, la consecuencia real de más largo plazo fue el arreglo de facto por el que Arabia Saudita coordinó y controló las políticas de producción de crudo mundiales para beneficio estadunidense, a cambio de lo cual Estados Unidos ofreció garantías de seguridad militar de largo plazo a Arabia Saudita.

Para Estados Unidos, Arabia Saudita se volvió una dependencia paracolonial de facto, lo que, sin embargo, permitió que la extensa familia real creciera en riqueza y que se modernizara –no sólo en su habilidad de utilizar tecnología, sino aun en el sentido cultural, flexibilizando en sus vidas muchas de las restricciones del islam wahabita. Fue un arreglo que ambas partes apreciaron y nutrieron. Y funcionó bien hasta la segunda mitad de la primera década de 2000. Dos eventos importantes alteraron el arreglo. Uno fue la decadencia política de Estados Unidos. El segundo fue la llamada primavera árabe y lo que los saudíes percibieron como sus consecuencias negativas por todo el mundo árabe.

Desde el punto de vista de Arabia Saudita, la relación con Estados Unidos se amargó por varias razones. La primera fue que los saudíes sintieron que la anunciada reorientación Asia-Pacífico que remplazaba la (por muchos años) dominante orientación Europa-Atlántico de Estados Unidos implicaría una retirada de su activo involucramiento en la política de Medio Oriente.

Los saudíes vieron ulteriores evidencias de esta reorientación en la disposición de Estados Unidos a entrar en negociaciones con el gobierno iraní y el gobierno sirio. De modo semejante, se sintieron mal por el anunciado retiro de tropas de Afganistán y por la clara renuencia a involucrarse en otra guerra en Medio Oriente. Sintieron que ya no podían contar con la protección militar estadunidense si llegara el caso de necesitarla. Por tanto decidieron jugar sus cartas independientemente de Estados Unidos y, de hecho, contra las preferencias de ese país.

Entretanto, sus relaciones con otros grupos islámicos se hicieron más y más difíciles. Tuvieron mucho cuidado de cualquier grupo que estuviera vinculado con Al Qaeda. Y por buenas razones, dado que hacía mucho tiempo que Al Qaeda había dejado claro que buscaba el derrocamiento del régimen saudí existente. Una cosa que los preocupaba especialmente eran los ciudadanos saudíes que se fueron a Siria y se involucraron en la yihad. Temían, recordando la historia pasada, que estos individuos regresaran a Arabia Saudita, listos para subvertirla desde dentro. De hecho, el 3 de febrero, por decreto real (una rara ocurrencia), los saudíes ordenaron el regreso de todos sus ciudadanos. Buscando controlar su modo de retornar, intentaron dispersarlos desde sus avanzadas para minimizar su capacidad de crear organizaciones internas. Parece dudoso que estos jihadis obedecieran. Consideran este edicto un abandono del régimen saudí.

Además de los potenciales adherentes a Al Qaeda, el régimen saudí ha tenido una relación difícil con la Hermandad Musulmana de mucho tiempo atrás. Aunque la versión que del islam tiene esta última es también salafista, y en muchos aspectos semejante al wahabismo. Hay dos diferencias cruciales. La base principal de la Hermandad Musulmana ha sido Egipto, mientras la base wahabita está en Arabia Saudita. Así que, en parte, esto siempre ha sido una competencia por ver cuál sede es la fuerza geopolítica dominante del Medio Oriente.

Hay una segunda diferencia. Debido a su historia, la Hermandad Musulmana siempre ha mirado a los monarcas con ojo agrio mientras el wahabismo se ligó cercanamente con la monarquía saudí. El régimen saudí no ve bien la diseminación de un movimiento al que no le importe un derrocamiento de dicha monarquía. Y aunque alguna vez tuvieron buenas relaciones con el régimen baathista en Siria, esto ahora es imposible debido a la intensificada polarización entre sunitas y chiítas en Medio Oriente.

La falta de aprecio de los saudíes hacia los laicistas, los simpatizantes de Al Qaeda, los que respaldan a la Hermandad Musulmana y el régimen chiíta baathista, no deja ningún grupo obvio al cual respaldar en Siria. Pero no apoyar a nadie no protege ninguna imagen de liderazgo. Así que el régimen saudí manda armas a algunos cuantos grupos y pretende que hace mucho más.

¿Es Irán realmente el gran enemigo? Sí y no. Pero para limitar el daño, el régimen saudí está involucrado secretamente en conversaciones con los iraníes, conversaciones cuyos resultados son inciertos, dado que los saudíes creen que los iraníes buscan alentar a los chiítas a que hagan erupción en Arabia Saudita. Y pese a que el número total de chiítas en Arabia Saudita es incierto (tal vez 20 por ciento), están concentrados en la esquina sudeste, precisamente el área de mayor producción petrolera.

Casi el único régimen con el que los sauditas están en buenos términos es el de Israel. Comparten la sensación de estar sitiados y temerosos. Y ambos se involucran en el mismo tipo de tácticas políticas de corto plazo.

El hecho es que, en lo interno, el régimen saudita tiene pies de barro. La élite interna está ahora cambiando –de la llamada segunda generación, los hijos de Ibn Saud (los pocos hijos sobrevivientes son bastante ancianos), a los nietos. Es un grupo grande que no ha sido probado y que podría ayudar a derrumbar la casa en su competencia por llenarse las manos con los despojos, que son todavía considerables. Los saudíes tienen buenas razones para sentirse sitiados y temerosos.

domingo, 16 de março de 2014

También nos robaron el fútbol

Ángel Cappa
La Marea

El fútbol, que nació plebeyo y pertenecía a la clase obrera, era una fiesta que los pueblos se daban a sí mismos hasta que el negocio se apoderó de él y lo convirtió en un gigantesco objeto de consumo, del que obtiene incalculables ganancias y además le sirve como entretenimiento y distracción de las mayorías oprimidas. Al fin y al cabo, “el futbol es una metáfora de la vida”, como decía Sartre, y lo que ocurre en ese ámbito es más o menos lo que sucede en la sociedad. El tsunami neoliberal aprovechó la crisis que provocaron los especuladores financieros para arrasar con casi todas las pertenencias y derechos de la gente. El beneficio rápido, como valor máximo del capitalismo, puede asemejarse al “ganar como sea” de un fútbol que dejó de lado el gusto por el juego para valorar única y exclusivamente el resultado.

El que gana siempre tiene razón, del mismo modo que el que tiene dinero hace lo que quiere. Dos conceptos que impuso la ideología dominante para justificar las obscenas desigualdades que genera. Hasta los años 60 del siglo pasado, aproximadamente, el fútbol tenía valores tan importantes que hasta pensadores como Camus, que fue jugador también, se animó a decir que todo lo que sabía de la moral y de las obligaciones de los hombres se lo debía al fútbol, o intelectuales comunistas como Antonio Gramsci, quien definió este deporte como “el reino de la lealtad al aire libre”.

Siempre el resultado fue lo mas importante, pero no lo único, y menos conseguido de cualquier manera. Di Stefano ha contado muchas veces que en aquellos tiempos no solían festejarse los goles de penalti; en todo caso se hacía muy prudentemente por la considerable ventaja que tenía el que lo tiraba sobre el portero. Algo parecido le ocurría a Armando Galuchi, un habilidoso jugador de Bahia Blanca (Argentina) de los años cuarenta, que, a pesar de su modestia, en los partidos oficiales tiraba los penaltis de rabona para equiparar posibilidades con el arquero.

Hoy en día, que se festejan alborozadamente hasta los goles en contra que se hacen los rivales, es muy raro encontrar a alguien del fútbol que declare como Iniesta: “A mí me enseñaron que hay que ganar, pero no de cualquier manera”. Es decir, no es frecuente encontrarse con jugadores, entrenadores o inclusive periodistas que valoren el juego al menos tanto como el resultado.

Una de las primeras cosas que hizo el negocio cuando intervino decididamente en el fútbol (y en los demás deportes también) fue quitarle al jugador el placer de jugar. La palabra “trabajo” sustituyó a “entrenamiento” y “sacrificio” lo hizo con “jugar”. Lo único que importó desde entonces fue el éxito, y el éxito en este contexto tiene un solo significado: ganar. Al placer se lo identificó con la despreocupación y a la diversión se le dio carácter de irresponsabilidad, inadmisibles ambas cosas para el criterio comercial que todo lo mercantiliza.

La avalancha de dinero fue tal que los jugadores también perdieron el sentido de pertenencia y ya no supieron a quien representaban cuando entraban a una cancha, ni para quien jugaban. Eso resultó fatal porque empezaron a pensar como profesionales y se olvidaron o confundieron el amor al juego con los privilegios de la fama y el aparente poder que les da la abundancia económica. En otras palabras, dejaron de sentir como amateurs. Claro que siempre hay excepciones como la de Xavi Hernández, quien confesó dolerle más fallar un pase que un gol, palabras que resultan incomprensibles para la mayoría de sus colegas y de los hinchas. Porque, como dice el pensador polaco Zygmunt Bauman, también “la gente tenía sentido de pertenencia y solidaridad” que ya no tiene, atomizada por la filosofía del capitalismo neoliberal ultra-individualista.

La FIFA es una de las organizaciones más poderosas del mundo, por la cantidad de dinero que maneja y la influencia que tiene en los ámbitos político y social. Sus criterios y decisiones están mucho más cerca de la lógica comercial que del deporte. Las marcas de ropa deportiva tienen en el fútbol y en los ídolos de los que se sirve el mejor escaparate posible para sus ventas súpermillonarias.

Y así como en la sociedad las desigualdades son cada vez más escandalosas, ocurre lo mismo entre los clubes más poderosos y el resto. El precio de un jugador del Madrid o del Barcelona puede ser el presupuesto anual de varios de los equipos de primera división. La competencia está prácticamente desnaturalizada y las diferencias son cada más acentuadas. Solo de la televisión, el Madrid y el Barcelona reciben anualmente 100 millones de euros más que los otros equipos.

Los precios de la entradas, excesivas siempre -y más en esta época de castigo a los trabajadores- y los horarios de los partidos que fijan las televisiones a su conveniencia, junto a otros detalles de incomodidad para los hinchas, la cantidad exagerada de partidos que se juegan y la frecuencia casi diaria, aleja a la gente de los estadios y la acerca a los televisores y a los anunciantes, que, finalmente, es el objetivo buscado.

El fútbol que era nuestro es ahora de ellos, que ni lo respetan, ni lo quieren; solo lo usan para su beneficio y lo vacían de identidad. Muchas veces quisieron matarlo -y otras tantas resucitó- pero parece que esta vez van en serio. Sin embargo siempre nos quedará alguna jugada magnífica, colectiva o individual, que nos devuelva la esperanza. Siempre habrá un Iniesta, un Xavi, un Silva, un Valerón, que amaguen una cosa para hacer otra y recuperen la esencia. Siempre habrá un Messi que deje sentados a los defensas sin saber por dónde pasó. O un Ronaldo que sacuda las redes de cualquier portería y nos deje el asombro a flor de piel. Siempre aparecerá un Oliver o un Jesé para seguir creyendo. Y también siempre habrá un equipo modesto que nos recuerde la dignidad de este juego haciendo 10 pases seguidos. Y siempre estaremos nosotros, como dice Eduardo Galeano, mendigando por los estadios “una linda jugadita, por amor de Dios”.

sábado, 15 de março de 2014

CIA: espionaje, tortura y mentiras

Amy Goodman y Denis Moynihan
Democracy Now!

"Lo que no me deja dormir por la noche es la posibilidad de que haya otro atentado contra Estados Unidos", afirmó la Senadora Dianne Feinstein el mes pasado en lo que en ese momento era su defensa habitual del amplio programa de espionaje a nivel mundial de la Agencia de Seguridad Nacional y de otras agencias de inteligencia de Estados Unidos. Todo eso cambió ahora que piensa que la CIA espió y les mintió a miembros de la comisión que preside, la poderosa Comisión Selecta de Inteligencia del Senado. La comisión se creó después de que el escándalo de Watergate provocara la caída del Gobierno de Nixon. La Comisión de Control de las Actividades de los Servicios de Inteligencia, presidida en aquel entonces por el senador demócrata de Idaho Frank Church, realizó una investigación exhaustiva de los abusos cometidos por las agencias de inteligencia de Estados Unidos, con respecto a todas sus actividades, desde el espionaje de manifestantes opositores a la guerra, hasta el asesinato de líderes extranjeros. Así comenzó la era moderna de la supervisión de las actividades de inteligencia de Estados Unidos por parte del Congreso y el Poder judicial.

La pelea pública entre la defensora de la CIA, Feinstein, y la propia agencia ocurrida esta semana podría alterar brevemente el statu quo, pero se reconciliarán. Lamentablemente, esta pelea no permite ver un problema más grave: la historia jamás contada de la política secreta del gobierno de Estados Unidos de tortura y entrega de prisioneros (el modo eufemístico de la Casa Blanca de denominar el secuestro).

El conflicto está relacionado con el descomunal informe clasificado de la Comisión de Inteligencia acerca de este tristemente célebre programa del Gobierno de Estados Unidos. Feinstein y otros senadores procuraron que se desclasificara el documento de 6.300 páginas. Ahora nos enteramos a través de información de la prensa y por un discurso pronunciado esta semana por Feinstein en el Senado que miembros de la Comisión de Inteligencia obtuvieron acceso a documentos de la CIA en un establecimiento secreto de alta seguridad de la CIA, en algún lugar fuera de la sede de la agencia. Feinstein describió lo sucedido: "La CIA comenzó a enviar documentos en formato electrónico a los miembros de la Comisión en un establecimiento alquilado por la CIA a mediados de 2009. El número de páginas llegó a ser rápidamente de miles, decenas de miles, cientos de miles, y luego millones. Los documentos facilitados no tenían índice ni una estructura organizativa. Era una verdadera pila de documentos que los miembros de nuestra comisión tuvieron que examinar y tratar de interpretar".

Aún no sabemos si estaba entre esas millones de páginas o fue proporcionado a los miembros de la Comisión de Inteligencia a través de un informante de la CIA, pero encontramos un documento denominado "Examen Interno Panetta", claramente denominado así por León Panetta, el entonces director de la CIA. Feinstein dijo en su discurso ante el Senado: "Creemos que estos documentos los escribió personal de la CIA para resumir y analizar los materiales que proporcionó al comité para su examen. Los documentos del Examen Panetta no eran más confidenciales que otra información que recibimos para nuestra investigación. De hecho, los documentos parecían estar basados en la misma información que ya había sido proporcionada al comité. Lo que era singular e interesante acerca de los documentos internos no era que estuvieran clasificados, sino su análisis y reconocimiento de las irregularidades graves cometidas por la CIA". El “Examen Interno Panetta” se contradice específicamente con la propia declaración por escrito que la CIA envió al Comité de Inteligencia. Sí, pescaron a la CIA mintiendo.

Pero la cosa no termina allí. Mike German, profesor adjunto del Centro Brennan para la Justicia de la Universidad de Nueva York, que durante 15 años fue agente del FBI especialista en la lucha contra el terrorismo a nivel nacional, dijo en Democracy Now!: "Es una situación realmente fuera de lo común. Se supone que la tarea del Senado es vigilar a la CIA, no permitir a la CIA determinar las condiciones de la supervisión de su propio trabajo". Feinstein informó que cientos de los documentos proporcionados inicialmente más tarde fueron eliminados de los archivos por la CIA. Por si fuera poco, resulta que la CIA presentó acusaciones penales contra los miembros de la Comisión, aparentemente, por haber robado el informe Panetta.

Ray McGovern es un ex analista de alto nivel de la CIA que criticó públicamente la información de inteligencia utilizada para justificar la invasión de Irak. McGovern me dijo: "Esto nos remite a la cuestión fundamental de la supervisión de la comunidad de inteligencia. En la década de 1970, la Comisión de Control de las Actividades de los Servicios de Inteligencia investigaba los abusos de todo tipo, como las escuchas telefónicas ilegales y los asesinatos, y se admitía que la supervisión del Congreso era necesaria. Eso significaba supervisión del Congreso, no que el Congreso hiciera la vista gorda, que es lo que ha ocurrido en los últimos años. Y si adelantamos el tiempo hasta el 11 de septiembre, la gente siempre dice 'después del 11 de septiembre, todo cambió'. Y es cierto que cambió. En la noche del 11 de septiembre, el Presidente dijo: 'No me interesa lo que digan los abogados internacionales. Vamos a reventarlos'. ¿Qué fue lo que hicieron a continuación? Bueno, tomaron prisioneros en Afganistán y la primera persona torturada fue John Walker Lindh, un ciudadano estadounidense".

La tortura era una práctica extendida y sanguinaria, practicada en los centros de detención secretos de todo el mundo. Esto es lo que se pierde de vista en la lucha por el poder en Washington D.C. entre la Senadora Feinstein y la CIA. Muchas vidas han sido destruidas, algunas personas han muerto violentamente en custodia de Estados Unidos de manos de sus captores. En el sombrío gulag estadounidense en Bahía de Guantánamo hay prisioneros en huelga de hambre que no han sido acusados de cometer ningún delito, muchos de los cuales tienen orden de liberación hace más de diez años. Los detenidos en huelga de hambre son alimentados por la fuerza y sometidos a técnicas de tortura de la época de la inquisición.

Esperemos que a Feinstein le dure la indignación y que la supervisión de la Comisión de Inteligencia del Senado de las agencias de inteligencia de Estados Unidos, que tienen cada vez más poder, realmente tome nuevo impulso. El informante de la NSA Edward Snowden opinó desde su asilo político en Rusia: "Somos testigos de otro 'efecto Merkel', donde a un funcionario público no le interesa que los espías violen los derechos de millones de ciudadanos comunes y corrientes, sino que, de pronto, resulta escandaloso que un político se entere de que lo mismo le sucede a él".

sexta-feira, 14 de março de 2014

Los duros del Maidán quieren estar en política

Silvia Blanco
El País

El líder de la extrema derecha, Dimitro Yarosh, lanza un partido tras ganar visivilidad en las revueltas.

Los recepcionistas del hotel donde se ha instalado Dimitro Yarosh van con chaleco antibalas negros. Dentro hay otro puñado de hombres vestidos como militares, con ropa de camuflaje. Uno de ellos pide los pasaportes. Para llegar al jefe del Sector de Derechas, el grupo más radical de los violentos del Maidán, hay que atravesar una cafetería setentera, varios pasillos y subir unas plantas en ascensor. El líder de la extrema derecha recibe en un cuarto de paredes rosadas y cortinas tupidas para que casi no entre la luz natural. Todos salen. No hay jefes de prensa ni vigilantes. Entrelaza los dedos de las manos, apoya los codos y explica sus planes: “Para nosotros, la revolución continúa. El Maidán nació para cambiar el sistema, no las caras de los que están en el poder”.

Yarosh, filólogo de 42 años, empezó a ser alguien durante las protestas, cuando la represión policial hizo ganar visibilidad a la minoría que sabía pelear y estaba organizada. Él era el líder uno de los grupúsculos ultranacionalistas que han acabado integrándose en el Sector de Derechas bajo un mando único, el suyo. Yarosh pretende trasladar todo ese mundo marcial y radicalizado a la política. Hace unos días anunció que se presenta candidato a las presidenciales del 25 de mayo, con muy escaso apoyo, según los analistas. Ahora explica, con su tono de voz bajo, que su organización tendrá un bloque militar y otro político que pretenden lanzar este sábado.

Lleva un jersey de canalé negro con coderas de tela y el pelo muy corto. En el pasillo enmoquetado donde está su habitación, hay una cámara de seguridad y detrás una pantalla para vigilar la calle. Rusia ha lanzado una orden de arresto contra él por incitación pública al terrorismo, algo que él niega. A la propaganda del Kremlin Yarosh le sirve, sobre todo, de modelo de fascista. El objetivo es hacer creer que toda la protesta ha estado y está dominada por estos grupos radicales, aunque constituyan solo una parte del Maidán y además minoritaria. El Sector de Derecha busca ahora ganar influencia dentro del sistema, como partido.

Yarosh adelanta parte del programa. “Empezamos con la limpieza del poder y luego hay que reorganizar el Ministerio del Interior, los servicios secretos y las fuerzas armadas”, enumera despacio. “Hace falta extirpar la matriz oligárquica que estaba en la base del régimen de Víctor Yanukóvich. Si no creamos una clase media y apoyamos a las pymes, no se pueden esperar cambios drásticos en el país. Los oligarcas pueden invertir y ayudarnos en ese cambio”, plantea.

El héroe de Yarosh es Stepán Bandera, el aliado de los nazis durante la Segunda Guerra Mundial que ha salido a relucir en estas protestas presentado como un luchador por la independencia ucrania. El líder del Sector de Derecha trata de mostrar su perfil más moderado. “¿De extrema derecha? ¿Fascista yo?”, sonríe. “El nacionalismo ucranio no es xenófobo ni antisemita. Buscamos proteger lo nuestro, garantizar que los ucranios vivan tranquilos en su territorio, y eso incluye a las minorías nacionales”, se defiende. Sobre los derechos, por ejemplo de los homosexuales, tiene una postura bastante próxima al Kremlin que tanto detesta: “Soy cristiano y mi actitud es negativa hacia ellos. Entiendo que la gente con una sexualidad diferente tenga derecho a vivir como quiera, pero no acepto la propaganda de todo eso ni los matrimonios gays. Estamos a favor de la familia tradicional”, afirma. ¿Pueden estar tranquilos los ucranios que no apoyan la revolución? “Si, solo las acciones antiEstado deben estar castigadas por la ley, como colocar la bandera rusa en un edificio público”, asegura.

Nada más comenzar la amenaza rusa en Crimea, el Sector de Derechas llamó a la movilización general de voluntarios. Han colocado mesas de reclutamiento y teléfonos para los que quieran unirse. Calcula que tienen unos 10.000 hombres, pero dice Yarosh que “cada día se alistan cientos”, que reciben formación militar y “educación patriótica”. Se han ganado fama de duros. “No se consigue nada viniendo al Maidán a cantar canciones”, dice uno de sus miembros, Alexei, de 18 años y la cara llena de heridas de balines de goma. Está en el puesto principal del Sector de Derechas del Maidán. Por detrás pasa un grupo marchando. Muchos consideran que están en guerra. Un par ensaya cómo inmovilizar con una llave a un tercero. Otros meten cajas de naranjas en el edificio que ocupan. “Son los únicos que de verdad hacen algo”, comenta otro. A su lado, un chaval con gafas de hipster y traje de camuflaje explica que estudia para ser fiscal y que es judío antes de cerrar la boca por orden de un tipo con un walkie talkie cosido al hombro que dice ser el jefe.

En su austero despacho del hotel, custodiado fuera por hombres armados en una sala que debía ser el baño porque cuelga de la pared un secador, Yarosh explica que está intentando que se legalicen las armas que han acumulado, que contribuye a crear una ley sobre tenencia de armas, ofrece colaboración a las fuerzas del orden y afirma que, pase lo que pase en Crimea el domingo, “el Sector de Derechas va a estar bajo las órdenes del Estado, no aceptamos la anarquía”, explica tranquilo. “La reacción del Gobierno [a Rusia] ha sido adecuada, pero los militares deberían haber sido más activos”, critica. “Desde hace años, los rusos se han infiltrado en los jefes de las Fuerzas Armadas, han llevado a cabo una desmoralización y liquidación de las unidades de combate”.

La relación de Yarosh con las nuevas autoridades es, dice, de diálogo. Con una especie de sentido de Estado, explica: “No hemos entrado en las estructuras de poder, pero tenemos buena relación con ellos, porque ahora no se puede desestabilizar el sistema político. Eso daría ventaja a Rusia. Pero cuando ganemos las presidenciales”, afirma sonriente pese a sus raquíticas posibilidades, “nuestra influencia será mayor”.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Francisco, a un año: demasiadas expectativas

Bernardo Barranco
La Jornada

Sin duda, la presencia de Bergoglio en la cabeza de la Iglesia ha sido refrescante. A un año del pontificado podemos advertir claramente las enormes expectativas que ha despertado para renovar tanto el estilo de la Iglesia así como el esfuerzo que el Papa infunde para dialogar con la cultura moderna. Los obstáculos que enfrenta Francisco son inmensos y son notables las resistencias internas. El hecho de ser latinoamericano ha desacomodado el eurocentrismo con que se conducía la Iglesia y ofrece un nuevo lenguaje simbólico.

Francisco, tanto para la sociedad secular como para los propios católicos, representa oportunidades y esperanza de innovaciones que despierten el entusiasmo en un catolicismo (institución/doctrina) que parecía haberse encapsulado herméticamente en la tradición. Digámoslo de otra manera: en Francisco se respira aquella atmósfera de aperturas en torno al Concilio. El Papa opta por el diálogo en vez de evangelizar a bastonazos inquisitoriales.

Sin embargo, Bergoglio ha enfrentado obstáculos. Primero, fue impugnado por católicos progresistas, quienes denunciaron condescendencia golpista y su actitud de silencio cómplice con la dictadura militar argentina. Después la derecha católica se escandalizó por sus posturas frente a la pobreza, la injusticia y sus durísimas críticas al sistema económico. Sin embargo, el motivo de mayor preocupación es su nueva actitud frente a las mujeres, divorciados y especialmente ante los homosexuales. Sin que haya cambiado una coma de la doctrina de la Iglesia, Francisco ha provocado colapsos e infartos entre los viejos dinosaurios de la fe, quienes no dudan en corregirlo o interpretarlo. Se le acusa también de guardar un incierto estilo populista, de talante peronista, simultáneamente conservador y progresista, con proclividad a satisfacer a las audiencias que tiene enfrente. Otros piden una lectura pastoral de Francisco, quien acompaña con apertura y bondad las vicisitudes de su grey. Por otra parte, la burocracia romana tiembla ante las anunciadas reformas de la curia y la financiera.

Pese a las críticas, el peso de Francisco durante este primer año se sustenta en su inmensa popularidad. Son apreciados los cambios introducidos por este Papa: sencillez, humildad y austeridad. Francisco despresurizó la presión mediática que clamaba nuevos escándalos institucionales; en cambio, el nuevo Papa introdujo diferentes temas en una agenda estropeada por los escándalos de pederastia y encubrimiento institucional. Declarado el hombre del año 2013 por diversas revistas, muchos sondeos y encuestas locales lo refrendan. Por ejemplo, la encuesta realizada por Univisión en 12 países de los cinco continentes nos muestra un sorprendente grado de aceptación de desempeño del papa Francisco entre los católicos, con 97 por ciento, que lo califica de excelente a bueno. Curiosamente, en México la calificación de Francisco es de las más bajas; 23 por ciento le atribuyen desempeño mediocre a malo. Ya lo hemos tratado: sin duda se debe a la apatía y deficiente recepción que los obispos mexicanos han tenido del papa Francisco y de sus reformas.

Es importante recordar que Bergoglio asciende al pontificado tras el desfondamiento de los sectores conservadores de la Iglesia. Este conservadurismo que se impuso después del Concilio, acusando al progresismo de llevar al caos a la Iglesia por una apertura indiscriminada a la modernidad que conduciría irremediablemente a la pérdida de identidad. Paradójicamente este mismo conservadurismo clerical provocó la debacle de la Iglesia, una crisis de quebranto del capital moral y de la autoridad religiosa. Las luchas palaciegas, las intrigas curiales y la lucha por el poder bajo Benedicto XVI sólo mostraron que el pacto conservador se fracturó. Bergoglio asciende en medio de dicha fractura. Ratzinger simboliza toda esta crisis: un papa deprimido que de manera inesperada abdica a su trono. Como diría el teólogo jesuita González Faus: "El problema ya no es el Papa, el problema es el papado". La crisis de corto plazo es la dramática confrontación curial, recogida en el Vatilileaks. La crisis de largo plazo es repensar el modelo vertical y centralizador de la Iglesia hizo que crac con Benedicto.

El gran mérito de Francisco es el retorno a lo pastoral. Tanto en entrevistas como en su exhortación apostólica Evangelii Gaudium, el Papa afirma la opción pastoral como eje de su pontificado. De ahí que cuestione el clericalismo, es decir, el eclesiocentrismo, y sobre todo el estilo burocrático y monárquico de muchos actores religiosos. Es evidente que Bergoglio no modificará la tradicional doctrina de la Iglesia ante temas como celibato, sacerdocio femenino, aborto. Pero ha dejado claro que el Papa no va absolutizar la agenda moral como obsesión. Y sí ha insistido en abrir otras agendas pastorales y sociales, como la opción por los pobres, la defensa de los derechos humanos y de los migrantes, la justicia social y la crítica a la idolatría del poder y del dinero.

La luna de miel del papa Francisco ha terminado justo al cumplir su primer año. Su manejo ante los cuestionamientos de la ONU sobre pederastia clerical y la supuesta renovación de los legionarios han sido decepcionantes e inerciales. Todo el encanto de un religioso bien intencionado ha quedado atrás. Los gestos y los símbolos con que inició son importantes en las sociedades mediáticas. Pero ni han resuelto la crisis de la curia romana, ni aún significan una nueva y soñada primavera eclesial. ¿Podrá Francisco cambiar la Iglesia desde arriba? ¿Hasta qué punto las iglesias locales seguirán al Papa en la renovación que propone? ¿Realmente tendrán gran calado las reformas estructurales de la Iglesia? ¿O será una renovación de saliva?

Francisco deberá ir más allá de los gestos. Puede estar en juego un grandísimo desencanto ante las expectativas que el propio Francisco ha levantado. La Iglesia necesita una nueva síntesis de fe y cultura, nuevas hipótesis pastorales que le permitan acompañar con riqueza los grandes cambios de nuestra civilización contemporánea. Retomar los pasos del Concilio Vaticano II, a 50 años, sin nostalgias. Aún hay demasiada soberbia en la Iglesia. Por ello es necesario escuchar y abrirse a las demandas del mundo. O de plano convocar un Concilio Vaticano III que replante los horizontes.